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Faculdade Interamericana de Educação: a história do mundo refletida na UFSM



Foi no Encontro dos Chefes de Estado Americanos, realizado no ano de 1967, em Punta Del Este, que pela primeira vez se falou na ideia de um projeto de integração educacional entre os países latino-americanos, que futuramente daria origem à Faculdade Interamericana de Educação. A união firmada especialmente entre EUA e URSS em função da Segunda Guerra Mundial mostrara-se frágil e as evidentes divergências geraram consequências – a maior delas a Guerra Fria, e também muita preocupação, especialmente para os norte-americanos.

Cuba foi a nação americana que mais rápida e claramente demonstrou afinidade com os princípios da União Soviética, declarando adesão ao sistema comunista em 1959. O Brasil, através de demonstrações de amizade com as nações socialistas (Cuba, URSS e China), também contribuiu com o temor norte-americano de possivel deslocamento da guerra fria do cenário europeu e asiático para a América Latina. As universidades eram o ambiente ideal para a fermentação dessa ideia.

Assim, a Organização dos Estados Americanos (OEA), na V  Reunião do Conselho Interamericano Cultural, realizada em Maracay, Venezuela, em 1968 foram aprovadas 33 resoluções, o regime orgânico do Conselho e seus programas. Para o Programa regional de educação foi atribuida a tarefa de promover a integração latino-americana por meio da educação com o propósito de elevar o nível econômico e social da região. Segundo o professor Clóvis Renan Jacques Guterrez, do Departamento de Fundamentos de Educação do Centro de Educação da UFSM, essa era uma forma de os EUA manterem controle sobre as demais nações americanas.

 

A conquista de Mariano

Na reunião do conselho, representando o Brasil, estavam o então Ministro da Educação, Tarso Dutra, o representante do Itamaraty, Dambrósio Donatelo Grieco e o reitor fundador da Universidade Federal de Santa Maria, professor José Mariano da Rocha Filho.

Professor Mariano da Rocha via na oportunidade de sediar este projeto mais uma via de afirmação da UFSM no cenário do ensino superior público nacional. Na reunião defendeu a ideia como meio de formar técnicos para servir a todos os países americanos e instrumento de progresso e obtenção de bem-estar e integração entre os países da América.

Além disso, tal projeto traria ao processo de interiorização do ensino superior, proposto pelo professor Mariano da Rocha, credibilidade e prestígio. Com a UFSM aceita como sede do projeto multinacional de aperfeiçoamento do pessoal especializado em educação a comitiva brasileira retornou ao país e tratou de dar início às atividades que permitiriam o funcionamento da Faculdade Interamericana de Educação.

 

 

A implementação e o funcionamento

Ainda em 1968 foi confeccionado o Regimento Interno da faculdade que determinava como objetivo a formação de técnicos de educação e administradores escolares em nível de pós-graduação, fornecendo-lhes possibilidades teóricas e práticas de estudo concentrado de ciências e técnicas pedagógicas. Além disso, o curso pretendia estimular pesquisas educacionais, treinar pesquisadores, fomentar múltiplos níveis da educação e difundir nesse campo uma mentalidade experimental.

Dessa forma em 26 de janeiro de 1970 foram iniciadas as atividades na Faculdade Interamericana de Educação. A solenidade da abertura foi feita pela diretora do curso, professora Carmen Silveira Netto, a Irmã Consuelo. A aula inaugural foi ministrada mais tarde, em quatro de fevereiro do mesmo ano, pelo professor Francisco Céspedes, então diretor do Departamento de Assuntos Educativos da OEA.

 

 

No curso, que tinha a duração de dez meses, eram oferecidas 30 bolsas a cada ano. As 30 vagas ofertadas formavam 15 brasileiros e 15 estrangeiros. Os que concluiam os créditos recebiam o título de especialistas e os que concluiam a dissertação recebiam também o título de mestre. As aulas aconteciam no prédio do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da Universidade e, segundo o professor Clóvis, o prédio foi equipado para receber os alunos.

Segundo relatório anual da direção da Faculdade Interamericana, em 1970 a turma foi composta por 24 estudantes que vinham das mais diferentes nações do continente: Colômbia, Guatemala, Uruguai, Paraguai, Panamá, República Dominicana, Bolívia, Honduras, Peru, Chile e Brasil. Os recursos que mantinham o curso funcionando provinham do OEA, da CAPES e do Ministério da Educação e da Cultura brasileiro.

As atividades, pela curta duração do curso, eram intensas. As aulas iniciavam às 8h30min e se encerravam às 18h todos os dias. Além disso, eram realizadas com as turmas muitas viagens para participação em seminários e congressos. A diretriz curricular era centrada em teoria e técnica do currículo escolar e uma das principais características do curso era seu direcionamento para a mudança da realidade em que o pós-graduando estivesse inserido.

 

Da integração à transformação

A primeira turma formada pela Faculdade Interamericana de Educação graduou-se em 25 de novembro de 1970. E durante todo o período de funcionamento – entre os anos de 1970 e 1977, tendo sido renovado o convênio em 1973 – o curso foi muito bem quisto pela comunidade santa-mariense e também pela comunidade de toda a região central do Rio Grande do Sul, que foi beneficiada pela realização do projeto de dimensão internacional.

 

 

A aprovação da comunidade confirmava o sucesso do novo modelo de universidade, proposto pelo professor Mariano da Rocha. A universidade integrada à sua comunidade – nas palavras do professor, “vinculada à realidade concreta do homem”, poderia contribuir efetivamente no desenvolvimento e no progresso de sua realidade social.

O Convênio inaugurou a pós-graduação na UFSM sendo hoje conhecida como a primeira fase do atual Programa de Pós-Graduação em Educação, iniciado em 1970. Que até os dias de hoje continua formando profissionais capacitados para transformar a realidade da educação brasileira. 

Para conhecer alguns dos principais momentos da história da Faculdade Interamericana de Educação, veja o vídeo aqui:

Repórter:

Fernanda Arispe – Acadêmica de Jornalismo.

Edição:

Lucas Durr Missau.

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