Ir para o conteúdo UFSM Ir para o menu UFSM Ir para a busca no portal Ir para o rodapé UFSM
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Uma reorganização para a UFSM



 

Com o Plano de Desenvolvimento Institucional focado em melhorias para a UFSM, surgiram discussões sobre uma reorganização administrativa na instituição. Em entrevista, o reitor Felipe Martins Müller esclarece alguns pontos deste planejamento.

Myrella Allgayer: De onde se identificou a necessidade de pensar em uma reorganização administrativa na UFSM?

Felipe Müller: Quando chegou, em outubro de 2010, a proposta [de estatuinte] das entidades representativas de classe, ela vinha das unidades, e já em uma situação pronta de como se criar uma assembleia estatuinte. Nós entendemos que naquele momento, se estava discutindo o Plano de Desenvolvimento institucional (PDI), e estávamos prestes a aprovar o estatuto e regimento da universidade que tinha que ser adequado à legislação nova vigente. Então, colocamos que remeteríamos ao PDI, para que isso fosse alvo de discussão e que a comunidade se manifestasse sobre a necessidade ou não de uma estatuinte.

Na nossa compreensão, uma estatuinte urge quando se tem uma crise institucional, ou seja, quando a estrutura atual não funciona, que gera dúvidas, discussões. Então, faz-se com que haja uma estatuinte, no sentido de retomar a ordem dentro de uma estrutura administrativa. Não é o caso que estamos passando na Universidade. Podemos fazer isso com toda a calma e segurança que isso necessita. São decisões que mudam muitas vezes com estruturas que vêm desde o início da universidade, tanto estruturas acadêmico-administrativas, quanto estruturas de poder, composição de colegiados, composição de órgãos representativos etc.

M.A.: Como o processo de construção da proposta se iniciou?

F.M.: Quando essa proposta chegou, nós remetemos ao PDI, e ele não refletiu se a comunidade queria uma estatuinte. Tirando essa manifestação dos órgãos representativos de classe, não houve direcionamento de toda a participação da comunidade, que foi aberta ao PDI, para uma estatuinte. O que houve no PDI foi o item de estimular e assessorar as discussões acerca das mudanças nas estruturas administrativas e acadêmicas. Isso, quem deveria gerar era a Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN).

A partir disso, e antes mesmo dessa chamada das entidades [na segunda-feira, dia 19 de junho] para nos pronunciarmos sobre isso, o alvo da reunião dos pró-reitores, onde tinha sido acordado os eixos temáticos e os temas estruturantes ainda no início do ano letivo, tínhamos definido que a reunião do dia 19 de junho seria a do tema estruturante, de estimular e assessorar as discussões acerca das mudanças. Como estávamos planejando essa discussão, em primeiro lugar, nós colocaremos em apreciação para o Conselho Universitário, que deveria se apropriar desse processo, pois não pode ser da reitoria. E, o início seria uma pesquisa ou uma consulta à comunidade. Ela deve dizer se quer ou não essa reforma acadêmica e administrativa, e qual a amplitude que ela quer nessa reestruturação.

M.A.: Se a reorganização for aprovada, como procederá?

F.M.: Se o conselho decidir que fará, tira-se uma comissão técnica dele, que tenha uma representatividade de todos os segmentos da universidade, mas também das pró-reitorias, que tratam dessas questões legais. Principalmente, a representatividade da procuradoria jurídica para que se faça o processo de discussão, resguardando os aspectos que não venham a ferir a legislação.

M.A.: A reorganização, como foi tratada em reuniões, seria dividida em quais fases?

F.M.: Não podemos queimar etapas. Se o conselho decidir que quer fazer, na primeira fase, ele terá que montar uma comissão técnica e, então, discutir como fazer, em que amplitude, e como as decisões serão tomadas e encaminhadas. Uma vez a decisão tomada, passa a ser revogada, como um jogo de xadrez. Se, por exemplo, decidir por plebiscito em acabar com os departamentos da universidade, é o que está decidido, ela deve se adequar a isso. Se o conselho quiser, ele vai definir equipe responsável e vai se apropriar da forma que o trabalho será conduzido. Para todas as decisões, podemos contribuir e vamos contribuir, mas não temos a fórmula puramente correta, assim como entendemos que, nenhuma das entidades representativas de classe e nenhum dos outros centros têm a fórmula certa para isso. Tem que ser uma discussão que venha primeiro da base, e seja sobre o formato, sobre como vai ser a metodologia. O que também vai ser alvo de aprovação do Conselho Universitário, se ele entender que assim vai proceder. Não se propõe uma metodologia, e em seguida aprovação e aplicação. É um processo demorado, que muda uma estrutura de mais de 50 anos.

M.A.: De que forma seria feita a consulta?

F.M.: O conselho vai definir. Vai estabelecer seu comitê, que definirá o público que vai participar, de que forma, que perguntas serão respondidas. Também, a forma como a pesquisa deve ser feita, a quantidade de itens que devem ser questionados, a abrangência dessa pesquisa, e como isso se encaminhará.

M.A.: Como o processo com o PDI estava sendo tratado com a Proplan e a Pró-Reitoria de Extensão?

F.M.: No momento em que se tem uma possibilidade de assessorar e estimular as discussões, a única coisa que foi feita pela Proplan e pela Pró-Reitoria de Extensão foi buscar nas universidades que já fizeram o processo de reforma acadêmica e administrativa subsídios para ver como elas haviam procedido. Para que, no momento em que iniciam as discussões se tenham argumentos para propor em discussão de que forma isso pode ser feito.

M.A.: Como as possíveis mudanças são avaliadas pela administração?

F.M.: Desde o nosso plano de campanha, nosso plano de gestão, queremos que isso seja discutido. Muito se fala em inovação acadêmica, novas metodologias, novas formas de estudo, transdisciplinariedade, multidisciplinariedade, cursos que extrapolem os centros, que serão interdisciplinares, mas pouco se vê na hora de propor um projeto pedagógico de curso. Pelo contrário, os cursos ainda são conteudistas, são baseados em disciplinas, em crédito. Parece que as pessoas têm medo de discutir isso. Quando se fala em um curso multicentro, como é o programa especial de graduação, ele acaba lotado em um centro apenas, podendo usar disciplinas de departamentos, mas hoje se tem uma situação em que as pessoas não se abriram para essa discussão. Temos que averiguar se elas querem levar essa discussão. A nós, cabe fazer cumprir o que o PDI determinou, que é estimular as discussões. Pois, ao nosso modo de ver, não existe a crise institucional que leva à necessidade urgente de se instalar imediatamente uma estatuinte na universidade. Deve haver sim, uma grande consulta à comunidade, de forma representativa, e não simplesmente que órgãos ou entidades digam o que deve ser feito. Isso deve ser muito bem colocado para a comunidade, deve ter uma ampla participação para que a universidade não possa dizer depois que não foi consultada, que não obteve a oportunidade de se manifestar. Nossa avaliação é que a discussão deve existir, mas deve ser ampla, democrática, e participativa. No momento de greve, não é possível.

M.A.: As discussões iniciariam logo após o período da greve?

F.M.: As discussões nunca deixaram de existir. O encaminhamento, a organização e a assessoria das discussões, ocorreriam logo após a greve, e teria a possibilidade de as unidades de ensino dar conta daquilo que o conselho universitário definir. Hoje se diz, precisamos fazer reuniões ou precisamos organizar um plebiscito, mas os servidores, os estudantes e os professores estão em greve. Quem organizaria o plebiscito? Será que as pessoas em greve se obrigariam a participar dele? É uma situação que deve ser definida com a instituição funcionando de forma normal.

Em um período como esse, em que principalmente a comunidade estudantil deixa de vir à universidade, ela estaria privada de participar dessas discussões. Então, o Conselho deve se apropriar e definir as formas, e estaremos levando isso para um momento pós-greve. Abrindo uma discussão como essa agora, estará sujeito a não ter a participação, a democracia e o conhecimento que se poderia ter. Isso veio dos diretores de centro, eles disseram que é uma discussão talvez interessante para se fazer nas unidades, mas nesse momento não há condições de escutar a totalidade das subunidades para tomar uma decisão dessa amplitude, e que o ideal seria remeter isso para um momento pós-greve.

Repórter:

Myrella Allgayer – Acadêmica de Jornalismo.

Edição:

Lucas Durr Missau.

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-1-6094

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes