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Anna Barros: uma artista que deixa legado inestimável



O Brasil perdeu há poucos dias uma de suas mais inovadoras artistas plásticas. Anna Barros faleceu no dia 26 de setembro, em São Paulo, aos 81 anos. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a perda gerou grande comoção. Anna integrava o grupo de pesquisa Arte e Tecnologia do Centro de Artes e Letras (CAL). Deixou, mais do que admiradores de seu trabalho, amigos. E levou o reconhecimento da instituição.

Em agosto, Anna foi condecorada com a medalha de honra ao mérito universitário em reconhecimento a sua trajetória acadêmica e artística. A entrega ocorreu na Unesp, em São Paulo – com a saúde debilitada, Anna não teve como vir a Santa Maria para a homenagem. Representaram a UFSM o reitor, Felipe Müller; o diretor do CAL, Pedro Brum Santos; a professora do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais (PPGART) e proponente da homenagem, Nara Cristina Santos; e a coordenadora do PPGART, Darci Raquel Fonseca. Foi um momento especial para a homenageada. “Ela estava bem emocionada e feliz entre amigos”, recorda Nara.

Artista multimídia, curadora, autora, professora, pesquisadora, Anna Barros dedicou boa parte de sua vida a investigar, de forma competente e sensível, o campo da arte-ciência-tecnologia. Doutora pela San Francisco Art Institute e pós-doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, ela foi incansável em sua busca pelo novo. Tanto que é considerada a pioneira no país em nanoarte, que se refere ao patamar nano, algo só visível com o auxílio da tecnologia.

Por seu trabalho nessa área, recebeu premiações nacionais e internacionais, e deixou inestimável legado. “Anna foi a primeira artista a tratar de nanotecnologia com pesquisa consistente, sensível e inovadora”, destaca Nara, que na UFSM desenvolve pesquisas na área de História e Teoria da Arte Contemporânea, com ênfase em Arte e Tecnologia.

Anna Barros veio a Santa Maria pela primeira em 2009 para participar do 4º Simpósio de Arte Contemporânea: curadoria e crítica. Antes de chegar à cidade, fez questão de conhecer Mata, “a cidade de pedra que já foi madeira”.

O município da região inspirou a artista, que voltaria nos anos seguintes para uma exitosa parceria. Em 2010, ela apresentou no mesmo simpósio o resultado de suas pesquisas em nanoarte com a instalação “200 Milhões de Anos: Árvore Pedra”, na Exposição ArtePoética-Digital. No ano seguinte, participou como artista convidada da exposição Museu Interativo Arte, Ciência, Tecnologia e Patrimônio Cultural: Mata – 200 milhões de anos, pela sua investigação no campo da arte, ciência tecnologia, com as instalações multimídia interativas “Tecendo o Tempo ou Sendo Tecida pelo Espaço” e “200 Milhões de Anos: Árvore Pedra” – esta última a artista doou neste ano para a UFSM/CAL/PPGART.

As duas instalações – que foram expostas no Museu de Arte de Santa Maria (Masm) – resultaram de pesquisas da artista a partir de fragmentos de madeira fossilizada de Mata, cujas imagens foram obtidas através da nanotecnologia. “O trabalho realizado pela artista é exaustivo na busca in loco da madeira petrificada, da procura por laboratórios e equipamentos que pudessem colaborar com sua pesquisa para capturar imagens em escala nano a partir dos fragmentos fósseis, para posteriormente elaborar uma poética nano, que envolvesse imagem, cor e som em uma animação, cujo resultado surpreende como nanoarte, na proposta de exibir uma poética nano nas suas instalações”, relatou Nara no artigo “Arte Contemporânea: a experiência da presença nas instalações interativas de Anna Barros”, publicado como capítulo no livro Arte e Cultura, da UFRGS, em 2012.

No artigo, a avaliação é de que instalações como estas, decorrentes de uma investigação consistente de Anna Barros, que dialogam com a nanotecnologia, aliadas ao conjunto de pesquisas interdisciplinares, demonstram que a tecnologia pode mostrar-se eficiente como parte constituinte de uma produção artística, científica, tecnológica e cultural.

As obras realizadas na região estão devidamente catalogadas no site da artista (www.annabarros.art.br), ao lado de outros importantes trabalhos espalhados pelo país – e agora eternizados. “Anna foi uma artista apaixonada pelo que fez, sensível, mas ao mesmo tempo pragmática. Em 2012, finalizou o que disse ser a sua última obra, publicou em 2013 o que disse ser o seu último livro. Estava em paz com sua vida e trajetória e tinha consciência, em função da previsão de poucos meses de vida, que teve uma vida plena de realizações”, comenta Nara. Para os colegas e amigos da UFSM, fica a saudade, o exemplo de sensibilidade e determinação de quem deu sentido à vida através da arte.

Fotos: Acervo pessoal Nara Cristina Santos.

Repórter: Ricardo Bonfanti.

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