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O comunitarismo como força social no Brasil pandêmico foi tema de conferência na JAI

A palestra foi ministrada pela professora Raquel Paiva, do Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária da UFRJ



Raquel observa a existência de dois tipos de coletivos: os que já existiam e os criados durante o período da pandemia

Na tarde desta quarta feira (24), foi apresentada a palestra temática intitulada “O comunitarismo como força social no Brasil pandêmico”, conduzida pela professora Liliane Dutra Brignol, do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, e ministrada pela professora Raquel Paiva, do Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O objetivo foi apresentar o comunitarismo como estrutura social e a comunicação comunitária com sua atuação nos espaços periféricos. Tudo isso diante da inação das instituições governamentais desde março de 2020, quando a pandemia da Covid-19 era a responsável por 15 mil desempregados e 27 mil pessoas abaixo da linha da pobreza.

Objeto de estudo e trabalho da professora desde 1992, grande parte da apresentação foi direcionada às comunidades, citando inicialmente o teórico fundador da temática, o sociólogo alemão Ferdinand Tönnies, que traça um paralelo entre gemeinschaft (comunidade) e gesellschaft (sociedade) e explora três formas de comunidades: consanguínea, territorial e de espírito. Outro autor abordado foi o italiano Roberto Esposito, que trabalha com a origem da palavra comunitas, reforçando a pertinência desse conceito.

Cidadania, solidariedade e inclusão social foram conceitos abordados por Raquel, que definem a comunicação comunitária. “A questão da comunidade é tão antiga porque ela traz consigo a própria relação dos seres humanos com os outros e, consequentemente, a natureza dessa relação”, explica. No Brasil, com a chegada da Covid-19 no ano de 2020, foi registrado o surgimento de inúmeros coletivos através do impacto global causado pela pandemia, principalmente em ambientes com disparidade social e econômica e descaso governamental.

Esses coletivos – adaptados no contexto de cada cidade – realizaram campanhas educativas e levaram informações científicas através de parceria com universidades e a Fundação Oswaldo Cruz. Raquel ainda destaca o descaso do governo, que durante o período pandêmico foi responsável pelo compartilhamento de diversas fake news para a população. E ela ainda salienta a importância da mídia durante esse processo, que foi responsável por mostrar números de mortos e infectados diariamente no país, o que não seria feito pelo Governo Federal.

Muito além da informação e educação, os coletivos foram responsáveis pela distribuição de máscaras, álcool em gel, sabão e água. Em alguns casos, até a instalação de pias coletivas em espaços empobrecidos. Com o agravamento da crise sanitária, econômica e a tímida ação pública, foi iniciado o procedimento de oferecer dinheiro para o pagamento de contas de água, luz e gás. Eles ainda foram os responsáveis por fornecer cestas básicas para aqueles sem condições de comprar alimentos.

Raquel conta sobre a pesquisa que está sendo desenvolvida na cidade do Rio de Janeiro, onde os coletivos estão sendo mapeados, entrevistas estão sendo realizadas e as atividades estão sendo acompanhadas. Apesar de estar em andamento, alguns elementos já podem ser observados. Foram observados dois tipos de coletivos: os que já existiam e os criados durante o período da pandemia. Todos eles estão conectados a um território específico na cidade. Em favelas maiores, existe mais de um coletivo atuando na região.

Por fim, ela ainda acrescenta que é importante destacar que esses grupos são formados por voluntários das próprias localidades onde atuam, e também reforça que as redes sociais assumem um grande papel ao conectar os coletivos, estejam eles em qualquer parte do mundo. Esses movimentos têm conseguido atuar não só em questão da pandemia, mas também em questões como violência policial, violência de gênero e defesa da infância.

Esses e outros diversos tópicos foram apresentados durante a palestra, que na sua parte final foi direcionada para a realização de perguntas e leitura de comentários dos espectadores. A transmissão foi feita pelo canal da JAI no Youtube, onde a gravação na íntegra está disponível.

Texto: Vitória Faria Parise, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Edição: Lucas Casali

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