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O descobrir-se cientista: 36ª JAI encerra com incentivos do reitor e de alunos e premiação dos melhores trabalhos

Cerimônia virtual marcou a premiação dos 40 melhores trabalhos da edição anterior da Jornada Acadêmica Integrada



Na última sexta-feira (26), encerrou-se pela 36ª vez a Jornada Acadêmica Integrada, a JAI da Universidade Federal de Santa Maria, realizada, como no ano passado, remotamente. Na cerimônia, com transmissão no YouTube, 40 trabalhos da edição anterior (de 2020) foram premiados e, ao final, o reitor, Paulo Burmann, pela última vez presente no evento como autoridade máxima da UFSM, fez um discurso de apelo e incentivo à ciência. Alunos premiados também reafirmam a força da pesquisa.

Cada trabalho de iniciação científica e ensino recebe uma avaliação dos professores da área do tema apresentado, com diversos itens criteriosos. Aqueles com nota 10 em todos os quesitos são divididos por Centro de Ensino, o qual, quanto mais trabalhos possuir, mais premiações terá. Há, no mínimo, um prêmio para cada Centro, local onde também são feitos os desempates entre trabalhos de nota máxima, decididos pelas Comissões de Ensino e Pesquisa. Neste ano, dentre as 2.270 submissões aceitas, 1,76% foi premiada. O Centro de Ciências da Saúde (CCS) foi o mais contemplado, seguido do Centro de Ciências Rurais (CCR), com oito e sete prêmios, respectivamente.

Saiba mais sobre quatro dos 40 melhores trabalhos da JAI 2020:

Rodrigo Poletto

● Reescrever para escrever melhor

Rodrigo Poletto, graduado em Letras – Português, é um dos 40 premiados. Para ele, a JAI sempre foi uma experiência positiva. “É com ela que os graduandos têm, muitas vezes, o primeiro contato com a pesquisa e com a apresentação dos seus resultados para o público”, afirma. O acadêmico conta que começou cedo sua trajetória na JAI, já no segundo
semestre de graduação e, desde então, ela um teve papel fundamental na sua descoberta enquanto pesquisador e professor.

Seu trabalho condecorado chama-se “Bilhete Orientador e tecnologias em redes a serviço da produção textual do gênero redação do Enem” – demais participantes: professora Cândida Martins Pinto (orientadora) e Raquel Bevilaqua (docente). A pesquisa aborda a ferramenta do Bilhete Orientador, ou seja, uma correção dos textos que não considera apenas as questões ortográficas, mas, em especial, considera a escrita como um processo de “fazer e refazer”.

Rodrigo explica: “com ele, orientamos os estudantes para uma reescrita através de uma ‘conversa’ individual, fazendo as anotações e pontuando possibilidades de caminhos a serem seguidos, respeitando a autonomia do estudante na reescrita”. O fator pandemia fez com que o contato com os alunos fosse exclusivamente digital, dessa forma, foram necessárias adaptações de ferramentas de ensino. Mesmo assim, segundo Rodrigo, pode-se analisar o texto dos discentes com um olhar técnico e sensível.

● Controle de robôs

Igualmente, Laura Rossato, acadêmica de Direito e premiada da JAI, enxerga o evento como porta de entrada ao mundo da pesquisa. Para ela, tanto portas para diversas temáticas quanto para a extensão foram abertas. Em seu relato, conta que sempre que possível participou do evento e admira a inciativa de dar aos estudantes a oportunidade para que cada um, na sua singularidade, exponha suas descobertas e interesses, “podendo ir além dos conteúdos que vê no curso”. Sua pesquisa lembrada na cerimônia de premiação intitula-se “Disseminação de fake news por bots: a responsabilização almejada pelo projeto de lei 2.630” – Demais participantes: professor Rafael Santos de Oliveira (orientador), Ana Elisi Carbone Anversa (acadêmica), Luiza Berger Von Ende (acadêmica), Barbara Chiodini Axt Hoppe (mestre) e Luan Romero (mestrando).

Em seu trabalho, Laura buscou identificar como um dos principais projetos de lei pretendia controlar as fake news. Para isso, ela investigou a definição do termo, os meios pelos quais elas se reproduzem e como os bots (espécie de robôs) ajudam a divulgá-las.

Matemática + moderna

Outra contemplada no evento é Luísi Emanuelly Silveira, do curso de Matemática – Licenciatura. Ela acredita que a JAI é enriquecedora porque não é somente um ambiente para desenvolver habilidades de comunicação e explicação de forma concisa da pesquisa, mas também um lugar para descobrir outros diversos trabalhos relevantes, interessantes e com potencial de contribuir para a vida acadêmica e pessoal dos alunos. “A JAI é um evento maravilhoso e de muita troca”, elogia Luísi.

Seu trabalho premiado, “Sobre as variações de parâmetros das funções trigonométricas: uma aplicação”, orientado pela professora Carmen Vieira Mathias, é uma atualização de uma atividade proposta por Caren Saccol Berleze em sua dissertação de mestrado, na qual é mostrado como os professores podem ensinar uma determinada função matemática (a função seno) a partir de uma contextualização com a geografia. “Ela utiliza um aplicativo de matemática dinâmica com a turma, onde os alunos podem descobrir o que acontece com o gráfico da função simplesmente alterando alguns valores no computador”, ensina Luísi.

Assim, ela contribui com sua pesquisa ao adicionar nessas atividades o software GeoGebra, um aplicativo gratuito e simples de manipular. Dessa forma, a acadêmica pretende diversificar e interdisciplinar as aulas tradicionais da matemática.

Alessandra Pigatto

Cuidado com os animais

A JAI também é uma forma de compartilhar experiências, projetos e assuntos vivenciados em estágios, a fim de agregar conhecimento. É assim que pensa Alessandra Pigatto, graduanda de Medicina Veterinária e mais uma dos 40 melhores da JAI. Na sua apresentação “Fentanil transdérmico ou metadona na analgesia pós-operatória de cães submetidos à hemilaminectomia toracolombar”, ela discute a dor pós-operatória de cirurgias na coluna vertebral de cães, a qual é severa e exige analgesia mais elevada. Assim sendo, o manejo inadequado desses animais para a realização de medicações convencionais influencia negativamente no tempo de recuperação e qualidade de vida dos mesmos.

Alessandra acrescenta: “o objetivo do trabalho foi avaliar a eficácia do adesivo de fentanil transdérmico em comparação ao tratamento convencional (metadona subcutânea) em cães submetidos a determinada cirurgia na coluna vertebral”. Os demais participantes do trabalho premiado são o professor A. Mazzanti, Angel Ripplinger, Marcelo L. Schwab, Denis A. Ferrarin, Mathias R. Wrzesinski e Julia da S. Rauber.

O reitor e os avanços

Na solenidade de premiação do dia 26, o reitor agradeceu aos organizadores do evento, aos professores, servidores e acadêmicos, por todo empenho e dedicação depositados na JAI. Ele espera que a próxima edição do evento seja presencial, mas sem deixar de lado a tecnologia do Centro de Processamento de Dados (CPD), a qual esteve presente até este momento e que servirá para amenizar prejuízos. Ele também almeja o retorno da JAI Jovem, quando alunos de escolas públicas ou privadas da região podem participar, pois ela é o “elo da Universidade com a educação básica”, afirma.

Reitor enfatizou a importância da JAI

Burmann não deixa de expressar sua felicidade pelos oito anos em que acompanhou a cerimônia como reitor e destaca um significativo desenvolvimento, devido aos esforços dos membros da comunidade acadêmica: “a UFSM não é mais a mesma, ela se coloca em destaque nacional e internacional.” Muito disso passa pela JAI, um evento em crescimento a cada ano, onde há a integração entre ensino, pesquisa e extensão, os quais, juntos, constroem uma realidade de evidência na qual a Universidade está se inserindo, segundo o reitor.

O comprometimento de alunos e professores em elevar o nível da UFSM no mapa acadêmico deve romper mais uma barreira: para 2022, está previsto o recebimento, por parte do Ministério da Educação, do conceito 5 de excelência, isto é, a nota máxima que o órgão concede às instituições de ensino avaliadas.

O caminho da ciência

Além disso, o reitor reafirmou seu orgulho dos autores e orientadores de cada trabalho apresentado. Para ele, essa premiação deve servir de estímulo e incentivo a todos, porque é disso que o Brasil depende, cientistas, “os quais vocês tornar-se-ão”, ressaltou. Burmann enfatizou em sua fala que a iniciação científica na Universidade dá saltos de qualidade e participação: “isso é muito importante, é estratégico, principalmente, para o país”. Aliado a isso, ele aconselha os acadêmicos a continuarem no caminho da ciência, a qual, unida à educação, é fundamental para o Brasil. Dessa forma, Burmann aponta os alunos como futuras lideranças, como professores na UFSM, no país e no mundo, com todo o apoio institucional. “Obrigado. Uma Universidade se faz assim, com a participação de todos”, finalizou.

O descobrimento do ser pesquisador

Dentre todas as suas características, a JAI consagra-se com o despertar do jovem cientista. Rodrigo Poletto, um dos premiados pelos 40 melhores da JAI, conta que o evento teve um papel fundamental em sua vida, quando possibilitou um espaço para apresentar resultados e ser reconhecido enquanto professor-pesquisador, algo que ele não achava possível no início da graduação. “A área de Letras e de ensino é vista como não-científica, ou seja, sem possibilidades de pesquisas. Essa era minha visão”, diz. Hoje, é nesse universo científico das Letras e da educação que ele se encontrou como profissional, pois compreende a amplitude do mundo da linguagem e do ensino.

De forma similar ocorreu com Laura Rossato. Com a pesquisa, ela mudou a forma de ver a graduação, ao transformar os cinco anos de seu curso em uma visão crítica. “Além de aprender sobre o Direito, eu poderia buscar problemas e soluções não explorados”, relata. Fora isso, ela partilha que a pesquisa a fez descobrir-se como acadêmica e futura profissional, porque com ela descobriu suas afinidades e inquietações. Sua trajetória na ciência começou desde o primeiro semestre, com a disciplina de metodologia. A partir disso, entrou num grupo de pesquisa de um tema de sua atenção. A primeira oportunidade de expor sua própria pesquisa foi a JAI. Apesar de ser um desafio apresentar, também foi confortável saber que estava em um ambiente de aprendizado e troca de conhecimentos, segundo Laura.

Em paralelo, Alessandra Pigatto foi incentivada a participar de pesquisas e projetos acadêmicos desde seu primeiro estágio no Hospital Veterinário Universitário, quando surgiu seu interesse em participar da JAI continuadamente. Alessandra concluiu: “A pesquisa, sem dúvidas, agrega muito mais conhecimento do que somente realizar as atividades rotineiras e práticas do curso”.

Já para Luísi Emanuelly Silveira, é difícil se enxergar como pesquisadora, como aquelas dos filmes e da TV, que contribuem para o mundo todo. “Eu só espero contribuir com meu trabalho em algum aspecto na vida dos professores ou dos alunos que lerem o meu artigo, no que tange ao processo de ensino e aprendizagem de matemática”, confessa a estudante.

Luísi gosta dessa ideia de poder auxiliar uma sala de aula a ser mais dinâmica e interativa, para desmistificar a matemática. Nesse contexto, ela destaca a JAI como a principal incentivadora da pesquisa na Universidade, onde Luísi se sente importante ao apresentar, porque acredita no investimento feito em projetos, bolsas, pesquisas, dentre outros. Agora, com sua pesquisa reconhecida e podendo compartilhar-la com outras pessoas, ela começa a se entender como pesquisadora da UFSM.

Texto: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

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