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Expectativas e ansiedades: psicóloga conversa com alunos sobre a volta às aulas presenciais na UFSM

Atividade promovida pela CAEd alertou sobre a importância de cuidar da saúde mental para ter um bom retorno à vida no campus



Imagem colorida horizontal mostra um print de tela de computador com um slide apresentado durante a atividade, onde se lê em branco sobre fundo vermelho "saúde mental", e ao lado, sobre fundo branco, algumas dicas, como atividade física, tempo e qualidade de sono e lazer
A atenção à saúde mental foi um dos tópicos abordados pela psicóloga

Na quinta-feira (3), a Coordenadoria de Ações Educacionais (CAEd) da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da UFSM, por meio da Subdivisão de Apoio à Aprendizagem, promoveu a roda de conversa “O retorno às atividades acadêmicas presenciais: expectativas e ansiedades”, via Google Meet, com a psicóloga Bianca Zanchi Machado. O evento foi aberto a estudantes, servidores da UFSM e comunidade externa por meio de inscrições, que se esgotaram rapidamente.

A necessidade surgiu das demandas percebidas nos atendimentos psicológicos dos estudantes na CAEd. Com formação em Psicologia, especialização em Educação e Direitos Humanos e mestrado e doutorado em andamento pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSM, Bianca conhece a realidade dos estudantes universitários desde 2017, quando começou a atuar como bolsista de pós-graduação no atendimento psicológico da CAEd, o que atualmente é realizado de forma online. 

Em sua fala na roda de conversa, ela ponderou sobre os dois lados dos quase dois anos de aulas remotas. Por uma perspectiva, há a parte negativa, com os alunos que não conheceram seus professores e colegas, sem terem experienciado o campus também. Por outra, há a parte positiva, com aqueles que moram longe de Santa Maria, em outra cidade ou até em outro estado, e puderam estudar sem estar presente na cidade e, assim, sem gastos financeiros. 

Durante a conversa, alguns alunos manifestaram suas expectativas pela volta às aulas, enquanto outra manifestou sua insegurança em retornar devido à Covid-19. Diante disso, a psicóloga recomendou o respeito às opiniões divergentes de cada um, para não permitir que elas separem as pessoas.

Sair do casulo

A psicóloga contou que, no início da pandemia, quando as pessoas precisaram se isolar, houve o sentimento de frustração, pelos planos interrompidos, e o sentimento de ansiedade, pela incerteza do futuro. Agora, é o mesmo sentimento, mas direcionado ao exterior. Em relação aos estudantes que perderam tempo de convívio social durante esse tempo, Bianca acredita que eles estão momentaneamente frustrados, mas não permanentemente.

“É bem compreensível que se sintam assim. Mas acredito que ninguém saiu ileso, sem perdas, desta pandemia, e ainda há tempo para conhecer e curtir esse período tão importante da vida”, diz. Ela acrescenta que, mesmo bem depois do esperado, os universitários poderão viver suas próprias experiências, como conhecer as bibliotecas, os professores e colegas, dentre outras. Segundo ela, isso não deixa de ser uma oportunidade. Além do mais, os alunos irão se reconhecer entre si nesse sentimento de frustração e, assim, conseguirão ressignificá-lo com seus grupos de colegas ou, caso entendam necessário, poderão recorrer à assistência estudantil.

Quanto à questão da substituição de experiências, isto é, se a casa substituiu a universidade por inteiro na vida do estudante, Bianca acha que os processos apenas foram adaptados. “O acadêmico aprendeu junto dos seus professores a se relacionar, a se comunicar e a se desenvolver através do ensino remoto. Ainda que nem todos os alunos tenham se adaptado totalmente, não vejo com apenas perdas.”

Ela exemplifica com seu trabalho cotidiano de atendimentos psicológicos, onde observou que boa parte das atividades (disciplinas, projetos, pesquisas e até a extensão) foram reinventadas e possibilitadas como experiência formativa. “Penso que foi possível descobrir e se desenvolver em muitos aspectos – atendo-se ao fato de que nem todos tiveram as mesmas condições dentro deste contexto”, complementa.

Rotina para ter rotina

Na roda de conversa, Bianca deixou claro no que os estudantes precisam se ater para estarem bem mentalmente, já que, durante a pandemia, pessoas que já tinham tendência a desencadearem transtornos o fizeram. Primeiro, é necessário ter uma rotina organizada, de acordo com a realidade de cada um e o quanto se sente confortável desenvolvendo tantas tarefas por dia. Segundo a psicóloga, ao visualizar seus afazeres, o aluno sabe quais são suas prioridades e irá focar nelas. No entanto, ele deve respeitar seus limites e deixar um tempo livre para descanso.

Outra situação citada por Bianca é na hora da rematrícula do semestre, quando recomenda-se a não sobrecarga de disciplinas, porque existem outras atividades que demandam tempo do universitário.

Bianca enumera recomendações para a saúde mental: a qualidade do sono, pois quantidade de tempo para dormir não é sinônimo de qualidade; a atividade física, quando o estudante pode escolher uma modalidade de esporte ou ginástica de sua preferência; e o lazer. Para tudo isso acontecer, a psicóloga reafirmou o poder da rotina. Ter uma rotina organizada pode auxiliar na criação de bons hábitos, na potencialização do desempenho acadêmico/profissional, no aumento da produtividade, em manter o foco nas prioridades e também na diminuição dos níveis de ansiedade e estresse.

Exposição às mídias

Outro ponto levantado é a exposição às mídias, o contato excessivo das pessoas com celular e computador. Segundo Bianca, isso se torna nocivo quando há o bombardeamento de notícias e notificações, difíceis de serem absorvidas de uma só vez por uma só pessoa. Com isso, há quem desenvolveu receio ao ouvir áudios de Whatsapp, por exemplo, por medo de escutar algo negativo. Mesmo nesse cenário, foram as próprias mídias que possibilitaram o funcionamento de atividades durante o isolamento, é o que aproximou os distantes. Por isso, entende como é difícil desligar-se delas. “Nossa vida gira em torno disso”, acrescentou. De sugestão, Bianca pediu que haja o distanciamento desses aparelhos em alguns momentos, como antes de dormir. 

Durante o bate-papo com os alunos, um deles lembrou da falta de etiqueta digital de alguns colegas, professores, dentre outros. Isto é, quando enviam demandas em finais de semana ou em horários impróprios, o que gera ansiedade em quem recebe. Como solução, a psicóloga recomendou, se há a possibilidade, programar uma mensagem automática que alerte o remetente que ele só receberá sua resposta em outro momento.

A psicóloga também sugeriu a criação de um email exclusivamente para fins de trabalho e para ser acessado no computador. Assim, a pessoa não será importunada facilmente. A seguir, outra aluna concordou e contribuiu ao debate afirmando que o maior problema das atividades remotas se dá por não haver um “fim de expediente” e as pessoas emendarem o trabalho até altas horas, já que ele é feito em casa e não em um lugar separado. Com isso, Bianca acredita que quando as aulas presenciais voltarem o cenário mudará, o envolvimento com as atividades e as relações com os colegas e amigos irá ocupar boa parte do tempo e a atenção dos estudante.

Ansiedade não deve ser vilã

No decorrer da conversa, Bianca explicou aos alunos sobre a ansiedade, a qual possui um lado positivo, porque previne as pessoas de coisas inesperadas, tornando-as atentas e prontas para reagir caso precisem. Normalmente, ela surge em situações diferentes do cotidiano. Quando ela é um transtorno, é porque surge em situações corriqueiras demais, sem necessidade, e, portanto, impede o indivíduo de fazer coisas normais. Segundo a psicóloga, essa constatação não inclui especificidades, como pessoas com fobia social.

No caso da volta às aulas presenciais, estar ansioso é esperado. Para amenizar os níveis de ansiedade, ela indica: planejar este retorno; conversar com os colegas; fortalecer os laços; buscar apoio dos professores e dos serviços disponíveis na UFSM; dentre outros. Já para aqueles com atividades estritamente remotas e com pouco convívio social, ela aconselha iniciar por conta própria e desempenhar pequenas atividades na rua, como ir ao mercado ou à casa de algum amigo.

Serviços oferecidos pela CAEd

A CAEd/UFSM oferece atendimento psicológico para estudantes. Para saber se uma consulta se faz urgente, Bianca elencou fatores alarmantes, como a falta de disposição contínua, quando se perde a vontade de fazer algo que se gosta; a irritabilidade, quando coisas simples causam irritação, ofende-se por qualquer motivo; a negatividade, quando há muitos pensamentos no estilo “isso vai dar errado” ou “não está bom o suficiente”; a ansiedade, citada anteriormente, e a angústia, quando há um sentimento ruim, o qual não faz bem à pessoa e às suas relações. A psicóloga afirmou que o atendimento não resolve sozinho o problema do paciente, ele precisa ter comprometimento, disponibilidade e desejo em sua melhora.

Os atendimentos da CAEd são diversos, podendo ser individuais e grupais. Os grupos são divididos em formandos e graduandos, sobre ansiedade e de diversidade. Há também acompanhamento psicopedagógico, que não é voltado apenas para quem tem alguma dificuldade no aprendizado, mas também avalia a rotina e a organização, além de auxiliar na criação de hábitos. “Às vezes temos dificuldades e organizamos uma rotina que não funciona e aqui é explicado o porquê”, explica. Outra categoria de atendimento são as monitorias de apoio de estudos, as quais também são oferecidas em alguns cursos de graduação.

Na CAEd há grupos tira-dúvidas das disciplinas de física, química, português e matemática. A psicóloga recomenda esses serviços, pois imagina que no retorno ao presencial muitas dificuldades podem aparecer aos alunos, inclusive defasagens no aprendizado.

Para inscrições e mais informações, pode-se procurar o site da CAEd e sua página no Facebook. Também há os emails caed@ufsm.br e suportepsicologicocaedufsm@gmail.com. 

Respeito e empatia no retorno

Em sua mensagem final, a psicóloga afirmou que será necessário fortalecer o exercício do respeito e da empatia neste retorno. Com consideração ao espaço do outro e consciência do impacto que a atitude de um indivíduo tem na vida de todos. “Precisa-se respeitar as opiniões diversas sobre esse contexto, divergir sem ofender – sempre lembrando que a Universidade é espaço de conhecimento, de pensamento crítico e é onde devemos aprender e perpetuar a capacidade de refletir sobre nosso contexto de vida”, conclui.

Texto: Gabrielle Pillon, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias da UFSM
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

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