Passado mais de um ano do início da pandemia no Brasil, ainda vivemos uma situação muito crítica e lamentamos profundamente as inúmeras perdas decorrentes dela. Manifestamos nossos sentimentos e solidariedade à comunidade do PPGP, especialmente àqueles e àquelas que perderam seus familiares e pessoas queridas.
Na crença de que as palavras agem e nos transformam, compartilhamos aqui o nosso acolhimento e reflexão por meio da fala de Eliane Brum (2010).
Quando sofremos uma grande perda ou somos abalroados por uma catástrofe pessoal de outro gênero, as pessoas dizem, para nos consolar e com as melhores intenções, que tudo passa. Acho que, na verdade, nada passa. A frase mais precisa seria que tudo muda. Também nós, que aqui estamos como matéria, um dia seremos eco. Tanto pelas nossas células, que alimentam e se agregam a outros seres vivos, a partir da decomposição do nosso corpo, quanto pelas histórias, que transmitimos e permanecem além de nós. Aquela que fui ontem já mudou, a ruga que há um ano não existia agora é visível na pálpebra direita, minha percepção do mundo não é mais exatamente a mesma do mês passado, alterada por novas experiências que me alargaram. De certo modo, nascemos e morremos muitas vezes até o fim da vida. E é este o movimento que importa (Brum 2010).
Com atenção,
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Maria