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Das salas tradicionais para os laboratórios

Experiências profissionais levam o professor Flavio De La Côrte a ensinar o valor humano da Medicina Veterinária



Através dos vidros transparentes que revelam a sala de cirurgia de equinos, os alunos do curso de Medicina Veterinária acompanham uma cirurgia estética em um potro no Hospital Veterinário da UFSM. As aulas deste curso, no entanto, não foram sempre assim. Em meados da década de 1980, quando Flávio de La Côrte fez sua graduação, as aulas ainda eram limitadas pelos espaços das salas tradicionais, com professor sendo visto como a única fonte de conhecimento. Anos depois, essa lógica já mudou um pouco. Quem pôde acompanhar a cirurgia, via o agora professor Flávio sendo auxiliado por seus orientandos no pequeno procedimento estético feito no equino.

Flávio se formou em 1986 no curso de Veterinária da UFSM. Um ano depois, voltou para a instituição para fazer mestrado. A certeza que tinha era que queria trabalhar com equinos, paixão que carregava desde o último ano da graduação. O trabalho defendido no início dos anos 1990, sobre o uso de ultrassonografia em ginecologia equina, foi pioneiro no Brasil. Parte do mestrado foi financiado pela iniciativa privada, já que os equipamentos eram caros e a Universidade não dispunha de recursos para adquiri-los.

Depois disso, De La Côrte entrou para o corpo docente do curso de Veterinária da Universidade e foi fazer doutorado nos Estados Unidos, onde estudou uma doença que afeta os músculos de equinos — a miopatia por armazenamento de polissacarídeos. Financiado por órgão de pesquisa brasileiro, a CAPES, o professor carregou consigo a dívida de trazer algo como retorno para o Brasil, principalmente para dentro da sala de aula. A volta foi difícil. Do trabalho em instituição privada nos EUA, “retornar para o sistema público no Brasil foi como estar em uma via expressa com quilometragem alta, e recair em uma via pública com velocidade baixa”, compara De La Côrte. O recurso para projetos era difícil de conseguir e, além disso, demorado.

“A Universidade não é concreto e aço, a Universidade são pessoas.

Se você não der força para as pessoas,  elas não vão crescer”

Foi, então, que o professor voltou a trabalhar com a parceria privada. Através de projetos de prestação de serviços oferecidos a donos de cavalos que não pertencem à UFSM, o professor conseguiu verbas para financiar bolsas de alunos e comprar material para a clínica. Durante a entrevista, Flávio apresentava os alunos que passavam por nós e, com orgulho, nomeava os diversos países nos quais os acadêmicos já fizeram intercâmbio. “A Universidade não é concreto e aço, a Universidade são pessoas. Se você não der força para as pessoas, elas não vão crescer”, afirma ele.

O que o tempo na Universidade ensinou a ele é que a Medicina Veterinária não é só lidar com cavalos. É fundamental formar recurso humano que saiba tratar com sensibilidade o dono do animal. É por isso que as heranças do tempo nas terras americanas ainda fazem parte das aulas do professor. Ele relembra que era chamado de “homem câmera” pelos colegas de trabalho, já que, em cada cirurgia, filmava todo o procedimento. Quando voltou para o Brasil, colocou tudo na mala. Agora, ele usa o material nas aulas para que a aprendizagem do aluno vá além da teoria. Sobre o reconhecimento do seu trabalho, ele afirma: “Alguma coisa eu faço certo. Não sei te dizer o quê, mas algo eu faço. E talvez seja isso de oferecer oportunidade para os alunos.”

Em 2016, Flávio foi convidado para compor a equipe de veterinários dos Jogos Olímpicos, que ocorreu no Brasil, da modalidade cross-country. Para ele, o convite foi resultado de sua trajetória e esforço na Medicina Veterinária. Quando pensa no futuro, no entanto, paira a incerteza. “Eu não pretendo ficar o resto da minha vida na Universidade. Pretendo formar pessoas e seguir outros planos. Essa é a ordem natural. Senão, qual é o propósito de formar gente?”, questiona Flávio.

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