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Desenvolvimento através do cooperativismo

As cooperativas de trabalhadores rurais aparecem como uma alternativa para diminuir o ciclo especulativo entre intermediários e favorecer a margem de lucro para os produtores



Uma situação facilmente imaginável: você vai ao mercado e vê uma oferta. Tomate, R$ 3,50 o quilo! Preço de comum à barato para os consumidores e justo para os produtores, segundo dados da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (CEASA/RS). Isso seria uma afirmação possível se o valor que pagamos pelo produto fosse integralmente para a mão do agricultor que o produziu. No entanto, isso não acontece porque, nesse preço final de venda, está incluída a margem de lucro do mercado, de dois ou três atravessadores, os chamados “ceaseiros”, e por último o do produtor. Nesse cenário nacional, o Cooperativismo aparece como uma alternativa para a necessidade de desenvolvimento rural e de progresso comunitário.

 

A maioria dos alimentos que chegam na mesa das pessoas hoje vêm através das CEASA, sociedades por ações de economia mista que centralizam o abastecimento do setor hortifrutigranjeiro dos estados e estão situadas nos grandes centros de consumo. O chamado “ceaseiro” seria o primeiro sujeito que atravessa os produtos; ele, que pode ser um agricultor ou não, compra mercadorias de outros agricultores e os leva para a central. Nesse momento, o produto é armazenado ou negociado com o terceiro atravessador, que o leva para o mercado de varejo (restaurantes, feiras, supermercados, etc.). Em geral, é esse o trajeto do tomate de oferta no mercado, por exemplo.

 

Esse movimento possibilita uma certa especulação em relação aos preços, como afirma o agrônomo Alcione Claro, da Cooperativa de Produção e Desenvolvimento Rural dos Agricultores Familiares de Santa Maria-RS (Coopercedro): “Há uma bolsa de valores, só que de alimentos e, assim, a produção local é desestimulada; as CEASAs não necessariamente aumentam o custo para o consumidor, mas achatam o pagamento para o produtor, que não recebe quase nada”.

 

Em meio a isso, as cooperativas de trabalhadores rurais aparecem como uma alternativa para diminuir este ciclo especulativo entre intermediários e favorecer a margem de lucro para os produtores. O cooperativismo é, basicamente, um modelo de associação capaz de otimizar determinadas atividades desenvolvidas em sociedade. Por exemplo, produtores de tomate que separadamente plantam e vendem seus produtos disputam consumidores; ao se criar uma cooperativa, esses sujeitos com interesses comuns compartilham voluntariamente direitos e deveres em nome de resultados mais satisfatórios.

 

 

 

Segundo a Cartilha de Cooperativismo no Brasil, as cooperativas são organizações que “devem trabalhar para o desenvolvimento sustentável de suas comunidades através de políticas aprovadas por seus associados, de forma a organizar as forças de produção, de distribuição, de educação e desenvolver a administração democrática e autogestionária do empreendimento”. Por meio das cooperativas, as potencialidades locais são aproveitadas na superação de crises econômicas ou de problemas climáticos. Conforme afirma Claro “O cooperativismo é um instrumento assegurado juridicamente para juntar os pequenos produtores em torno de uma causa maior, que é fortalecer a parte econômica e viabilizar a parte social da localidade”.

 

As colocações do agrônomo foram feitas no seminário sobre Cooperativismo e Mercados Institucionais na Agricultura Familiar, promovido pelo Programa de Educação Socioambiental Multicentros, em agosto na UFSM. Também esteve direcionando a discussão o administrador Charles Lima, da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt).

 

Segundo Lima, o modelo cooperativista funciona como uma aliança social, já que o compartilhamento de objetivos faz com que a partilha de meios de produção tenha mais sentido. “O cooperativismo traz uma outra visão de desenvolvimento econômico, uma visão mais coletiva de sociedade. As pessoas passam a agir de modo menos individualista e mais comunitário.” diz.

 

Existem vários ramos de mercado que se beneficiam com o modelo cooperativista. Essa lógica é mais recorrente no meio rural e no financeiro. O Brasil é bastante diverso em vários sentidos, e nesse cenário não é diferente. Segundo dados do e-book Introdução ao cooperativismo, elaborado pelo Colégio Politécnico da UFSM em 2014, existem 7.062 cooperativas distribuídas pelo território brasileiro.

Número de cooperativas distribuídas por estado brasileiros

Além disso, o modelo cooperativista fomenta a geração de empregos e movimenta a economia local. Alcione comenta que “o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios onde há cooperativas é maior em relação a lugares onde elas não existem. Por mais que a cooperativa seja grande e de caráter empresarial, de uma forma ou de outra, o município está progredindo economicamente. Mesmo que haja alguém enriquecendo, está enriquecendo ali”.

 

Repórter: Vitor Rodrigues

Arte e ilustração: Giana Bonilla

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