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Educação ambiental para crianças: ferramenta de transformação

Projeto de extensão EducaFloresta desenvolve ações com crianças sobre preservação e sustentabilidade



Em 2019, Emergência Climática (Climate Emergency) foi eleita a “Palavra do Ano” pelo dicionário Oxford. A expressão significa, segundo o texto britânico, “uma situação em que uma ação imediata é necessária para reduzir ou parar as mudanças climáticas e prevenir danos graves e permanentes ao meio ambiente”. A escolha do termo se divide em dois processos: inicialmente, os lexicógrafos do dicionário observam milhões de palavras em inglês para identificar as mais utilizadas e pesquisadas na internet a cada ano. Os vocábulos selecionados são, então, debatidos por um júri, que analisa o impacto cultural para, finalmente, definir aquele(s) que represente(m) o ano. De acordo com a equipe do Oxford, o uso da palavra escolhida para o ano de 2019 aumentou cerca de cem vezes desde o ano anterior. 

Anualmente, a Global Footprint Network realiza uma projeção para comparar a capacidade do planeta de gerar recursos ecológicos em doze meses com o consumo que a humanidade faz desses no mesmo período. A data que marca o momento em que os seres humanos utilizam mais recursos naturais do que o planeta é capaz de renovar em um ano é chamada de Dia da Sobrecarga da Terra. Em 2021, esse dia chegou em 29 de julho, o que significa que, nos cinco últimos meses, o planeta estará em déficit ecológico.

A emergência climática perpassa ações e comportamentos individuais e coletivos que potencializam as emissões de poluentes na Terra e a degradação do ecossistema. Os altos números de exploração de recursos naturais – como o aumento do desmatamento -, a poluição de mares e rios, o baixo índice de reciclagem – que no Brasil é de apenas 2.1%, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) – são algumas das ações que afetam diretamente a preservação ambiental.

EducaFloresta: preservação e Ensino Fundamental

Incluir a preservação ambiental no dia a dia das pessoas significa desenvolver iniciativas teóricas e práticas que aproximem as pessoas da natureza. A lei Nº 9.795, criada em 1999, prevê que a educação ambiental “é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. Porém, mesmo havendo esforços legais para a integração da sociedade com o meio ambiente, ainda se observa um distanciamento entre o discurso e a prática. 

Ao analisar as relações entre a natureza e os seres humanos, o jornalista André Trigueiro observou, em seu livro Meio ambiente no século 21, que grande parte da população brasileira não se considera parte integrante do meio ambiente. Diante de tal cenário, o autor destaca a necessidade de desenvolver a consciência de que o meio ambiente e os seres humanos vivem em constante interação, de forma interdependente.

A partir dessa problemática, a professora Damáris Gonçalves Padilha, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), reflete sobre a necessidade de incorporar a sensibilização ambiental e o uso racional dos recursos naturais na vida das pessoas desde cedo. Junto a docentes dos departamentos de Ciências Florestais e de Engenharia Rural da UFSM, Damáris coordena o projeto de extensão EducaFloresta. Com início em 2019, o projeto trabalha a educação ambiental com estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Nóbrega, localizada no bairro Nossa Senhora das Dores, em Santa Maria/RS.

Damáris explica a importância de aprender sobre a problemática ambiental e entender que qualquer consequência para o meio ambiente, positiva ou negativa, é influenciada pelo ser humano: “Se tu não se entende como parte daquele meio, daquela sociedade, tu dificilmente vai prezar para mantê-lo”. Pensando nisso, o EducaFloresta desenvolve atividades e aborda temas relacionados à preservação da biodiversidade com estudantes do Ensino Fundamental. De acordo com Damáris, por não ser comumente abordada na formação escolar, a educação ambiental é uma questão que demora a amadurecer nas pessoas. 

Assim, a fim de facilitar a compreensão dos conceitos relacionados ao meio ambiente pelas crianças, os integrantes do projeto priorizam a ludicidade na abordagem dos conteúdos – ensinando a importância e os benefícios das árvores, do solo e da água através de atividades teóricas e práticas. “O projeto preza mostrar para as crianças que nós podemos usar os recursos ambientais de uma forma sustentável e racional, que a legislação nos permite, que têm populações que vivem do uso da floresta”, explica Damáris. 

O projeto desenvolve atividades com turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, e um dos desafios iniciais foi adaptar os conteúdos para cada faixa etária. Por isso, além do constante estudo sobre a abordagem da questão ambiental com crianças, a participação dos professores da escola Padre Nóbrega foi essencial para a compreensão das diferentes necessidades de cada turma. Damáris ressalta que a educação ambiental é um processo lento e que, principalmente para as crianças, é preciso dar exemplos positivos para que desenvolvam hábitos saudáveis.

Alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Nóbrega participando do EducaFloresta durante o período presencial, em 2019 (primeira e segunda fotos), e também no período remoto (da terceira à sexta foto).

Desafios da educação ambiental na pandemia

O projeto foi realizado durante um ano de forma presencial. Nesse período, os integrantes do EducaFloresta desenvolveram e distribuíram uma cartilha didática sobre a importância das florestas. Também foram realizadas atividades práticas como observação da vegetação da escola, medição e avaliação de árvores, além de relatórios nos quais os alunos podiam expressar o que pensaram de cada atividade e qual a importância do que aprenderam. No entanto, novos desafios surgiram quando o projeto teve de se adaptar ao ensino remoto, implementado em março de 2020 devido à pandemia do vírus Covid-19.

Para se ajustar ao ensino virtual, o EducaFloresta desenvolveu novos materiais em formato digital e as atividades passaram a ser enviadas via e-mail. A reformulação das propostas teve de ser planejada para possibilitar a realização dos exercícios no ambiente doméstico dos estudantes. Com o auxílio dos pais e/ou responsáveis, os alunos realizaram atividades práticas como a fabricação de papel reciclado. O projeto também passou a compartilhar o seu conteúdo nas redes sociais, transformando a página no Facebook e o perfil no Instagram em um caderno didático digital. 

Além da reorganização do projeto, também se observou que o alcance dos conteúdos diminuiu no período remoto, já que alguns alunos não possuem acesso à internet. O aumento das desigualdades sociais se intensificou durante a pandemia, período de grande aumento do desemprego e elevação dos preços de produtos de alimentação e outros serviços básicos. 

Diante do cenário de retomada gradual de alguns setores da sociedade ao modo presencial, Damáris Padilha explica que a prioridade do projeto é garantir a sua adaptação a qualquer formato de ensino: presencial, híbrido ou remoto; oferecendo aos alunos diferentes possibilidades para aprender sobre o meio ambiente. O EducaFloresta também está expandindo a sua atuação e inicia as suas atividades em mais uma instituição de ensino. A Escola Marista da Nova Santa Marta, localizada no bairro Nova Santa Marta, em Santa Maria – RS, é a nova parceira do projeto e a faixa etária foi expandida, agora contemplando estudantes dos seis aos 15 anos.

Expediente

Repórter: Nathália Brum, acadêmica de Jornalismo e estagiária

Ilustrador: Noam Wurzel, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista

Mídia Social: Samara Wobeto e Eloíze Moraes, acadêmicas de Jornalismo e bolsistas

Edição de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas

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