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Ferramenta de Luta



Rodrigo Kuaray Mariano, 27 anos, Guarani Mbya, nascido e criado em tekoá (aldeia), menino de poucas perspectivas, mas de muitos sonhos. Inicialmente queria cursar Biologia, mas por um impulso – ou melhor, por vontade de Nhanderu – no momento da inscrição para o vestibular, optei por um curso diverso daquele
que sempre pensei.

Cursar Direito na Universidade Federal de Santa Maria foi uma das melhores coisas que pude vivenciar. Desde o ano de 2015, ano em que iniciei meus estudos na instituição, pude perceber muitas evoluções, tanto na minha formação profissional como pessoal, e umas das principais foi sobre novas percepções de mundo e também a possibilidade de um olhar mais crítico e politizado em relação a certos assuntos.

Ao longo da caminhada acadêmica, pude me afirmar, ainda mais, como uma pessoa comprometida na defesa de ideais e projeto de povo, de superação da segregação histórica que meu povo e os povos indígenas em geral sofrem.

A conquista da graduação em Direito me possibilitou muitos caminhos, mas sempre existiu um que era e é ainda o principal: a atuação por justiça social e defesa dos direitos dos povos indígenas. Então, a partir do exposto, é possível afirmar que a UFSM foi uma ponte que me possibilitou alcançar lugares diferentes daqueles que eram os mais próximos à minha realidade.

Ilustração horizontal e colorida de um homem indígena. Ele está na esquerda da Ilustração, tem pele marrom, cabelos pretos, lisos e curtos. O rosto é redondo, olhos escuros, nariz e boca em tamanho médio. Usa colares grandes de contas circulares. Um deles é bege e o outro preto. Veste camiseta azul marinho. Está em primeiro plano e segura nas maos uma folha de papel bege como linhas em azul. Atrás dele, desenho da estátua de Thêmis, símbolo do Direito. Ela está na cor laranja claro, usa vestido liso e uma venda nos olhos. Na mão direita, levantada, segura uma balança de pesos, e na esquerda, que está para baixo, uma espada. O fundo tem textura de pinceladas e é na cor rosa claro.

Nesta imagem, está ilustrado um momento que tem um significado muito grande na minha vida: ela marca o início de uma trajetória que não pretendo deixar. Logo nos primeiros dias após minha formatura, já em atuação pela Comissão Guarani Yvyrupa – CGY, organização indígena, representante do povo Guarani do Sul e Sudeste do Brasil, acompanhei uma comitiva de lideranças indígenas da região Sul em mobilização em Brasília-DF. No dia 11 de fevereiro de 2020, realizei visitas aos gabinetes dos ministros do Supremo Tribunal Federal e entreguei, simbolicamente, uma petição de habilitação da Comissão Guarani Yvyrupa em um Recurso Extraordinário que trata dos direitos dos povos indígenas aos seus territórios.

Para finalizar, sobre a UFSM, é importante destacar que é uma instituição pública de muita qualidade e que está preocupada na formação crítica dos e das estudantes, que me proporcionou novos horizontes e possibilidades e, o mais importante de tudo, considero que o Direito é, em minha vida, uma ferramenta de luta, e a UFSM me proporcionou conhecer, estudar, me apropriar, e agora me utilizar disso para a conquista de meus ideais e do
meu povo.

Expediente:

Texto: Rodrigo Kuaray Mariano, primeiro indígena do povo guarani a estudar no curso de Direito da Universidade Federal de Santa Maria.

Diagramação e ilustração: Noam Wurzel, acadêmico de Desenho Industrial.

Conteúdo produzido para a 12ª edição impressa da Revista Arco (Dezembro 2021)

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