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Festas de fim de ano em tempos de pandemia



É preciso estar atento aos riscos e cuidados necessários sem perder o espírito festivo

As festas de fim de ano são eventos muito aguardados por várias pessoas. As tradicionais reuniões entre familiares e amigos, com grandes banquetes e troca de presentes, proporcionam um clima de celebração que é capaz de pôr um sorriso no rosto de qualquer um. Contudo, o ano de 2020 trouxe consigo grandes incertezas e adversidades. O mundo já vive a pandemia do novo coronavírus há cerca de nove meses e as implicações desse contexto afetaram o cotidiano de todos, além de influenciarem nas festividades deste ano. 

Com mais de 7 milhões de casos e 186 mil mortes decorrentes da Covid-19 no Brasil, as celebrações de Natal e Ano Novo terão que ser modificadas. Segundo a Universidade Imperial College de Londres,  a taxa de contágio do Brasil se encontrava alta no início deste mês, cerca de 1,14 – ou seja, 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 114. Diante disso, os grandes riscos que as aglomerações durante as datas podem apresentar para a propagação do vírus devem ser levados em consideração na hora de planejar as celebrações dos feriados. 

Portanto, a recomendação principal das entidades de saúde é evitar se aglomerar. A única maneira de se estar seguro e proteger os entes queridos é suspender as comemorações presenciais. Ainda assim, isso não significa que o espírito festivo deva acabar: existem muitas alternativas para comemorar as datas de uma maneira segura, respeitando o distanciamento social. Já para os que não abrem mão das festividades e irão se reunir, é preciso estar atento às medidas que podem ser tomadas para diminuir os riscos. 

Aglomerações e reuniões familiares nos feriados

A principal forma de contrair a Covid-19 é por meio do contato com pessoas contaminadas. O processo de contágio do vírus fica ainda mais complexo pela existência de pessoas assintomáticas. Para a coordenadora do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM/EBSERH), Soeli Teresinha Guerra, também doutora em Enfermagem, reunir-se nas festas de final de ano é expor as pessoas à doença e possivelmente transmiti-la para os seus entes queridos:

“A gente sabe que não tem data, momento ou situação que coíba a propagação do vírus. Basta fazer qualquer aglomeração, um churrasco, uma festa de aniversário, um encontro – e com as festas de fim de ano não é diferente. Essa é uma oportunidade muito crítica de termos um pico altíssimo de contágio. As pessoas precisam se conscientizar que o dia 24, 25 ou 1º é igual a qualquer outro em termos de chance de contaminação. As medidas de controle não podem ser ignoradas e a aglomeração vai favorecer, sim, a propagação do contágio”. 

O aumento no número de casos e mortes no país inteiro é preocupante, Soeli acredita que já vivemos na segunda onda de contaminação e que essa será ainda mais dramática. Ela atenta que as festas de fim de ano, juntamente com a falta de preocupação com as medidas de segurança e o descaso com o isolamento social, podem resultar em uma situação muito mais grave e crítica para a pandemia no Brasil:  

“As pessoas precisam se conscientizar a respeito das festas. Elas carecem profundamente de reflexão sobre até onde vai o limite da liberdade, essa reflexão gera respeito ao outro, o limite da minha liberdade é o de não contaminar o próximo” afirma Soeli.

Acostumada a passar o Natal cercada de familiares, a professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, Viviane Borelli, decidiu não realizar a reunião este ano. “A data era muito aguardada, representava a conversa, o abraço e a troca de carinhos, mas a decisão de não fazer a reunião familiar foi tomada em comum acordo, visto que meus pais são do grupo de risco. O amigo secreto foi prorrogado e o encontro familiar presencial também”. 

Saiba como diminuir os riscos de contaminação

Ainda que as recomendações sejam passar as festividades somente com quem convivemos diariamente, quem decidir realizar festas de Natal e Ano Novo terá que ter cautela. Os que forem reunir vários grupos da família devem estar atentos às medidas de segurança que podem diminuir os riscos de contágio, principalmente se pessoas de grupo de risco estiverem entre os convidados. 

A doutora em Enfermagem Soeli dá algumas sugestões de como se reunir de forma segura: Deixe todas as janelas e portas abertas, mesmo se for ficar em local com ar-condicionado. Também ligue ventiladores se houver, com a casa aberta, esse são cuidados mínimos. Existe a recomendação de fazer uma reunião de até 10 pessoas. Eu recomendo dar preferência para pessoas que moram na mesma cidade, evite receber convidados de outras cidades e Estados”.

Soeli também alerta sobre a necessidade do uso da máscara – a recomendação é que só a retire na hora das refeições, que devem ser feitas de modo disperso, com um distanciamento de no mínimo 1,5 m entre os convidados, e que se evite conversas durante o momento. Outra dica dada pela enfermeira é que se eleja um “vigilante da festa”, alguém responsável por não deixar os convidados relaxarem nas medidas de segurança.

“Recomendo que o anfitrião da confraternização assuma o compromisso de se atentar. Ele pode colocar um grande cartaz com as medidas de segurança que devem ser seguidas, alertar os convidados para não compartilharem utensílios, copos e talheres, enfatizar que se deve lavar frequentemente as mãos, não somente na hora da refeição. Pode também disponibilizar vários recipientes com álcool em gel, ter máscaras extras e exigir seu uso caso desejem abraçar e ter contato próximo. Também é importante que essa pessoa evite ingerir bebidas alcoólicas para se manter atenta e cuidar de seus convidados. Não é preciso muita neurose, mas manter os cuidados é imprescindível”, complementa.

Porém, nenhuma medida é 100% segura para evitar a transmissão do vírus. Seguir as orientações é apenas um modo de reduzir os riscos. Com isso em mente, é interessante conferir a cartilha preparada pela Fiocruz com instruções detalhadas de cuidados necessários que devem ser seguidos em confraternizações nestes feriados e orientações para o fim do ano. 

Criatividade: como celebrar de uma forma segura 

Sem prazo para acabar, a pandemia do novo coronavírus não significa necessariamente deixar de celebrar datas importantes. Na verdade, a importância de comemorar festas tradicionais como o Natal apenas se reafirma nesse período.

Pedro Henrique Silva dos Santos, estudante de Relações Públicas na UFSM, irá passar as festas de fim de ano na Casa do Estudante (CEU). Pedro decidiu não retornar para o Rio de Janeiro este ano, por lá morar com seus avós. Contudo, mesmo longe da família, o estudante não deixará as datas passarem em branco.

“Tive alguns amigos que optaram em ficar aqui pelos mesmos motivos, cada um colaborou um pouquinho para podermos fazer a nossa ceia de natal e também de ano novo. Mesmo que a gente passe essas datas longe da família e sinta saudades, vamos comemorar aqui, tentar distrair a cabeça, fazer alguns jogos, conversar sobre o ano, dar boas risadas e não deixar passar em branco essa data tão importante. Não vai ser igual, em casa é bem diferente, mas vamos tentar trazer um pouquinho dessa emoção”.

A chave para boas festas de fim de ano em 2020 é a criatividade. Pode-se fazer vídeo-chamadas com amigos e familiares, enviar presentes comprados online para o endereço de pessoas queridas ou até fazer um amigo secreto à distância, com presentes significativos, como uma música, um desenho, um vídeo especial. Também é possível animar a criançada com uma conversa virtual com o Papai Noel – muitos shoppings e companhias de teatro disponibilizam essa opção. Além disso, vale apostar em uma ceia caprichada e decorações para ajudar a elevar o espírito festivo.

“Veja bons filmes. Filmes e séries natalinas são um modo divertido de se entreter e celebrar a data. No dia seguinte faça um almoço especial, festeje, tire o dia para descansar, faça planos para o futuro, planeje suas metas para o próximo ano, faça uma caminhada. Mesmo que você more só, não deixe de celebrar, nem que seja somente fazendo algo que te dê prazer, não devemos deixar de aproveitar os feriados”, sugere Soeli.

Pedro também destaca a importância de comemorar a data. De acordo com ele, é o momento de pensar em nossos familiares, de compartilhar o amor, de deixar o ambiente feliz e de aproveitar, depois de tantas incertezas. Para a professora Viviane, o feriado representa a renovação da esperança, a renovação das energias para um novo tempo.

Já para Soeli, as festas deste ano vêm carregadas de reflexão e revelam o verdadeiro motivo pelo qual comemoramos: a importância da família. Em um ano de tantas perdas e desafios, é preciso usar esse momento para lembrar dos que se foram e, principalmente, valorizar quem ainda está aqui.

Expediente

Repórter: Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e voluntária

Ilustradora: Yasmin Faccin, acadêmica de Desenho Industrial e estagiária

Mídia social: Nathalia Pitol, acadêmica de Relações Públicas e bolsista

Editora de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo

Editor Geral: Maurício Dias, jornalista

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