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Além de ineficaz, o uso da Ivermectina para o tratamento da Covid-19 pode causar complicações para a saúde

Medicamento do Kit-Covid ainda é estratégia em campanhas de desinformação



Mesmo após dois anos de pandemia, ainda permanece viva a discussão sobre o uso de medicamentos para tratar ou prevenir a Covid-19, os chamados “Tratamento precoce” e “Kit Covid”. Para muitos, pode parecer um assunto já resolvido, mas uma breve pesquisa em sites de agências de checagem mostra que o uso da Ivermectina ainda é alvo de desinformação, o que segue gerando dúvidas nas pessoas. 

Colagem horizontal e em preto e branco de várias manchetes de jornais digitais. No centro da imagem, mão de pele branca segura uma caixa de ivermectina: ela é vertical, nas cores vermelha, amarela e branca. o nome "ivermectina medicamento genérico lei n° 9.787, de 1999". No fundo, em preto e branco, colagem de cinco manchetes de sites de notícias. As manchetes são do Yahoo notícias, fato ou fake, lupa e boatos.org. Manchetes: "Checamos: é falso que ivermectina reduziu casos de covid-19"; "É #FAKE que Japão abandonou as vacinas contra covid-19 e as substituiu por ivermectina"; "Verificamos: estudo realizado em Itajaí (SC) não prova que ivermectina reduziu número de mortes por covid-19"; "Paxlovid, da Pfizer, é um remédio similar à ivermectina #Boato"; e "Posts distorcem fatos ao alegar que ivermectina reduz 97% da carga viral da covid-19 em 48 horas"

Mesmo com a ineficácia comprovada, a Ivermectina segue presente em campanhas de desinformação como uma possível solução para a Covid-19. O médico infectologista e docente na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alexandre Vargas Schwarzbold, explica que, normalmente, os boatos distorcem os resultados de estudos preliminares (ou seja, pesquisas sem a revisão de outros cientistas). “Não há dados em revistas médicas de qualidade e avaliada por pares. Não há nenhuma publicação que evidencie o uso da Ivermectina para tratamento da Covid-19. É por isso que nenhuma sociedade médica e científica das áreas no mundo recomendam o medicamento”, afirma.

Em julho de 2021, foi publicada uma revisão de 14 estudos sobre o efeito do remédio para tratar a Covid-19. A conclusão foi que nenhum deles comprovava que a Ivermectina tem efeito antiviral contra a doença. O fármaco é um antiparasitário utilizado para combater verminoses e parasitas, como piolhos, pulgas e carrapatos, em animais e seres humanos. Ele atua no sistema nervoso central dos vermes e parasitas, provocando paralisia, e costuma ser usado em dose única.

Além da ausência de benefícios clínicos comprovados, o uso indevido da droga pode refletir em danos para a saúde dos pacientes. A Food and Drug Administration (FDA) – agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos – alertou para o risco de a Ivermectina interagir com outros medicamentos, como anticoagulantes, o que pode acarretar em efeitos inesperados em pessoas que a utilizam sem prescrição médica e de forma excessiva. Também pode haver reações alérgicas, convulsões e até morte.

O uso do medicamento por tempo prolongado tem refletido no aumento dos diagnósticos de problemas de hepatite medicamentosa, uma grave inflamação do fígado causada pelo consumo excessivo de certos tipos de remédios e que agridem o órgão. Alexandre chama a atenção para o perigo do uso preventivo da Ivermectina: “Nós estamos vendo pessoas morrerem de toxicidade hepática porque estão tomando remédio que não tem dose cumulativa, são extremamente tóxicos”. O professor lembra que, em 2021, o Hospital das Clínicas da USP registrou que, após uso do ‘Kit-Covid’, pacientes foram para a fila de transplantes e pelo menos três morreram. 

Um estudo desenvolvido em 2021 pela Universidade Federal do Amazonas e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Amazônia aborda o colapso na saúde em Manaus e  mostrou que pessoas que afirmaram terem ingerido remédios como a Ivermectina, Hidroxicloroquina e Azitromicina como “tratamento preventivo” para evitar a Covid-19 tiveram maiores taxas de infecção do que aquelas que não tomaram nada. O uso dos fármacos trouxe a falsa ideia de proteção, o que fez com que as pessoas deixassem de seguir as medidas de prevenção comprovadamente eficazes.

Ao longo da pandemia, o uso da Ivermectina, assim como outros medicamentos sem comprovação científica, foi incentivado por autoridades públicas e médicas no país. Em artigo publicado em outubro do ano passado, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostraram que, ao mesmo tempo em que houve incentivo para o uso do Kit-Covid, ocorreu o desestímulo do uso de máscaras e distanciamento social. Segundo o estudo, a disseminação do “tratamento precoce” foi difundida em redes sociais, mas também por órgãos como o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina do Brasil.

Medidas comprovadamente eficazes para combater a Covid-19

A vacinação é fundamental para reduzir a possibilidade de infecção e os efeitos em quem for contaminado pelo coronavírus. Os imunizantes são altamente eficazes na prevenção de doenças graves, hospitalizações e morte. Aliado a isso, é necessário seguir cumprindo medidas de prevenção relacionadas a higiene e distanciamento social. As principais orientações são utilizar máscaras, preferencialmente do tipo PFF2, evitar espaços mal ventilados e multidões e seguir as regras de isolamento caso for infectado.

Expediente:
Reportagem: Caroline de Souza e Luis Gustavo Santos, acadêmicos de Jornalismo e voluntários;
Design Gráfico: Renata Costa, acadêmica de Produção Editorial e bolsista;
Mídia Social: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Alice dos Santos, acadêmica de Jornalismo e voluntária; Gustavo Salin Nuh, acadêmico de Jornalismo e voluntário;
Edição de Produção: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista;
Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas.
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