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O impacto das águas

Projeto do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial viaja anualmente para a Antártica a fim de estudar como a relação entre o oceano e a atmosfera impacta o clima global



Você já deve ter ouvido falar que setenta e cinco por cento da superfície da Terra é coberta por água. Mas você sabia que muitas propriedades das águas dos oceanos estão fortemente associadas às mudanças que ocorrem na atmosfera, como a ocorrência do El Niño? Esse fenômeno, que se caracteriza pelo aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, pode comprometer o clima regional e global (e também as suas férias).São vários os fatores que afetam a variação climática global, entre eles o processo de troca de calor entre a superfície do mar e a atmosfera e a influência do dióxido de carbono nesse processo. Com uma costa de mais de 8.000 km² banhada pelas águas do Oceano Atlântico Sul, o Brasil, até pouco tempo, dispunha de poucos recursos para estudar o impacto que essas águas dos oceanos têm sobre o clima do país e do continente sul-americano. A partir de 2004, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desenvolveu um projeto voltado para o estudo direto dos processos de interação oceano-atmosfera.
 

O Projeto Interação Oceano-Atmosfera na região da Confluência Brasil-Malvinas (Interconf) é coordenado pelo pesquisador Ronald Buss de Souza, do INPE, e atualmente é o único grupo da América Latina que realiza pesquisas na área. Responsável por inúmeros trabalhos de pesquisa, o projeto conta com alunos de graduação, mestrado e doutorado de diversas instituições, como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG).O Projeto Interconf atua em parceria com o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), um projeto do governo brasileiro que, desde 1982, através da Marinha do Brasil, oferece o suporte para levar pesquisadores até o continente antártico, com todo o equipamento necessário para coleta de dados para pesquisas.Três navios são disponibilizados pela Marinha: Navio Hidro-oceanográfico Cruzeiro do Sul (H38), Navio Polar Almirante Maximiano (H41) e Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rangel (H44).As embarcações transportam uma tripulação de mais ou menos 80 pessoas, entre pesquisadores e integrantes da Marinha.Os dados são coletados em parceria com o Centro de Hidrografia Marinha (CHM) e possuem grande relevância para os trabalhos realizados pelo INPE, sendo aplicados nas mais diversas áreas da Oceanografia e Meteorologia. Estes dados auxiliam na compreensão de processos físicos e biológicos do ciclo do dióxido de carbono (CO2) e seu papel nas mudanças climáticas globais. “Essas medidas são consideradas importantes para os estados da região Sul do Brasil, pois a passagem de frentes frias sobre o estado do Rio Grande do Sul é afetada diretamente pelas variações de temperatura na superfície do mar’’, explica Ronald.

 

A BORDO

O Projeto Interconf utiliza os navios – quando eles passam pela região oceânica da Confluência Brasil-Malvinas – para realizar medidas que ainda não haviam sido feitas, nem mesmo pelos navios do Proantar. A equipe do professor Ronald vai ao mar com instrumentos específicos para medir variáveis oceânicas e atmosféricas, como: temperatura da água do mar, temperatura do ar, umidade relativa do ar, intensidade de direção dos ventos e intensidade de direção das correntes marinhas. Esses parâmetros físicos servem de apoio para calcular a troca de calor entre o oceano e a atmosfera.

Em outubro de 2014, Ronald Buss e sua equipe participaram da Operação Antártica de número 33, que partiu do porto do Rio de Janeiro, com escala nos portos de Rio Grande (RS) e Ushuaia (Argentina), a bordo do Navio Polar Almirante Maximiano (H41).Segundo Ronald, a operação começa muito antes do embarque, com a preparação dos instrumentos utilizados na coleta de dados, que devem ser montados e passam por um período de testes. Depois de preparados, os equipamentos são embarcados no navio e devidamente instalados. São utilizados, ao longo do percurso entre o Brasil e a Antártica, radiossondas atmosféricas, equipamentos oceanográficos e uma torre micro-meteorológica de fluxos, que tem a capacidade de medir as transferências de calor e de dióxido de carbono (CO2), entre outras variáveis.

A radiossonda é lançada do navio por meio de um balão atmosférico, chegando a altitudes acima de 25.000 metros. Dentro do navio existe um receptor que capta, via rádio, as informações do aparelho. A torre micro-meteorológica é instalada na proa do navio para coletar dados atmosféricos próximo à superfície do mar.

 

PARA ENTENDER MELHOR

As variáveis físicas na interface oceano-atmosfera são estudadas a partir da variação de temperatura entre a corrente marítima do Brasil, que vem do Norte, caracterizada por águas quentes e salinas, e a corrente das Malvinas, que vem do Sul, caracterizada por águas frias e menos salinas. O encontro dessas duas massas d’água representa uma diferença de temperatura que, em poucos quilômetros, pode variar em mais de 10ºC.

 

Repórter: Diossana da Costa
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