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Parceria Para Tecnologia Nacional

Exército e Universidade se unem para o desenvolvimento



A diversidade de cursos de graduação e pós-graduação e os diferentes assuntos pesquisados são sinônimos de oportunidades na UFSM. Seja na excelência das pesquisas desenvolvidas, no grande número de pessoas debruçadas sobre um projeto, ou nos possíveis avanços inovadores, a verdade é que muitos setores sociais têm visto na Universidade uma parceria com potencial. De um lado, o desenvolvimento profissional e pessoal de alunos e professores e a modernização de laboratórios; do outro, o interesse por um desenvolvimento de tecnologia 100% nacional e a possibilidade de ver o projeto ser desenvolvido de perto. Foi assim que o Exército Brasileiro chegou até a UFSM, procurando uma boa parceria e muita tecnologia.

astros 2020

 

A partir de contatos realizados no primeiro semestre de 2013,o  Centro de Tecnologia da UFSM foi procurado para integrar o Projeto Estratégico do Exército Brasileiro ASTROS 2020, que faz parte da Estratégia Nacional de Defesa. O ASTROS 2020 é um projeto de desenvolvimento e de aquisição de um míssil tático de cruzeiro, com alcance de até 300 quilômetros, de um foguete guiado com alcance de até 40 quilômetros, além da criação de um novo Grupo de Mísseis e Foguetes e a construção do Forte Santa Bárbara, em Formosa, Goiás, que englobará todas as unidades relacionadas ao emprego de mísseis e foguetes do exército brasileiro. Desde seu início, em 2012, cerca de 600 milhões de reais já foram investidos nele. Parte desse valor foi destinada à UFSM.

No projeto, o papel da UFSM é colaborar no desenvolvimento do Sistema Integrado de Simulação para o Sistema ASTROS, por meio do desenvolvimento do Simulador Virtual de Reconhecimento, Escolha e Ocupação de Posição (REOP), dos softwares para Treinamento Baseado em Computador (TBC) e da especificação dos Simuladores Virtuais Técnicos. O objetivo do sistema integrado de simulação é reproduzir uma situação real de combate em um computador, para que o militar tenha um primeiro contato e treinamento antes de ir para a prática real.

Com um projeto deste tamanho, a equipe foi formada para que conseguisse acompanhar a demanda. Atualmente, fazem parte da equipe do Projeto SIS-ASTROS 11 professores, dois mestres e 27 alunos, entre graduandos e mestrandos. Para facilitar o processo de desenvolvimento, a equipe foi dividida em duas, uma responsável pelo TBC, e a outra pelo Simulador Tático do REOP. As equipes são constituídas pela parceria entre os cursos de Ciência da Computação, Engenharia da Computação, Sistemas de Informação e Desenho Industrial. À frente das duas está a professora e coordenadora do projeto, Lisandra Manzoni Fontoura.

O simulador de REOP é o principal foco do projeto. Segundo a professora, o simulador visa instruir o comandante de uma Bateria de Mísseis e Foguetes, assim como seus integrantes, de como agir em uma situação de combate. “O Sistema ASTROS é bastante visado, porque ele tem um alto poder de fogo. Por isso, o Comandante de Bateria precisa estar treinado para seguir as doutrinas táticas de emprego corretamente,” afirma Lisandra.

A execução do projeto teve início em fevereiro de 2015. O Exército está investindo nove milhões de reais na Universidade. O valor é destinado para o pagamento das bolsas dos alunos, compras de equipamentos, licenciamentos de programas de computadores e viagens. Conforme a evolução no desenvolvimento, a equipe apresenta os protótipos ao Exército. Lisandra chama o processo de abordagem evolutiva, já que, a partir das considerações do Exército, novos requisitos são estabelecidos para uma apresentação seguinte. Os encontros ocorrem normalmente na UFSM, mas em algumas situações a equipe vai até Formosa, Goiás, a casa do Sistema ASTROS.

Além desses encontros de apresentação, a equipe ainda se reúne de dois em dois meses para apresentar os resultados de cada subequipe, definir os passos seguintes e planejar o investimento do valor.

No REOP, todo o sistema tático será treinado, simulando um possível combate. O objetivo é habilitar os militares em doutrinas táticas referentes ao uso de uma bateria de mísseis e foguete.

No software TBC, o militar irá treinar como utilizar uma viatura. Com uma sequência de informações animadas, esse será o primeiro contato do militar antes da simulação virtual completa e das aulas práticas. O objetivo principal é reduzir os riscos de acidentes ou danos às viaturas.

No Simulador Virtual Técnico, cada viatura tem um simulador específico para treinamento. O papel da UFSM é fornecer as especificações técnicas, já que o desenvolvimento ficará sob responsabilidade de outra instituição.

Temática de Defesa

Diferentemente do que o público geral possa pensar, Lisandra destaca que o trabalho não é feito sobre a temática de guerra. A professora considera de grande relevância trabalhar com a defesa nacional das fronteiras, diante dos recursos naturais de que o país dispõe. “Nós temos uma série de riquezas, e com o tempo esses recursos serão muito disputados. O Brasil precisa estar preparado para defender seu território e suas riquezas” afirma ela.

Além disso, o investimento do Exército na Universidade traz diversos benefícios, principalmente quanto à estrutura e equipamentos para os cursos, e o crescimento profissional dos envolvidos. Mas o principal ganho é a possibilidade de fazer pesquisa aplicada, ou seja, ir além das pesquisas teóricas e vê-las funcionando na prática. “Em projetos como esse, você consegue, principalmente, preparar os alunos para o mercado de trabalho, para áreas nas quais existe uma demanda de profissionais”, ressalta Lisandra.

Os mestrandos de Informática Alex Frasson e Tiago Engel estão envolvidos desde o início no desenvolvimento dos simuladores. Ambos destacam a experiência que a participação está lhes proporcionando, tanto pessoal quanto profissionalmente. Quanto ao crescimento pessoal, Frasson diz que seu maior desafio tem sido aprender a trabalhar em equipe e dividir as tarefas, já que durante a graduação grande parte dos trabalhos eram feitos individualmente. Já em relação aos avanços em termos profissionais, a oportunidade de trabalhar em uma proposta dessa dimensão é nova para eles, que lembram o fato de este tipo de projeto não ser comum na Universidade. Para Engel, é importante ver o trabalho sendo aplicado no futuro. “Ao invés de desenvolvermos trabalhos a partir de problemas que inventamos, estamos trabalhando em um projeto real, desenvolvendo tecnologia nacional”.

Começar um projeto do zero, no entanto, é se dispor a ir atrás de toda informação, o que, às vezes, pode ser difícil de conseguir. Frasson explica que as empresas de simulação são ambientes fechados, que não investem na publicação de seus resultados. Por isso, é preciso muita pesquisa. “Estamos aprendendo muito nesse caminho, pesquisando e indo atrás. São coisas que não iríamos aprender no curso e na sala de aula” ele afirma. Frasson e Engel são responsáveis pela parte de visualização gráfica do projeto, apesar de que, por estarem desde o início e conhecerem bem todos os passos dados até aqui, eles se dedicam a ajudar os outros membros da equipe. O trabalho deles é transformar a informação passada pelo Exército em um cenário virtual, com base em coordenadas geográficas e imagens de satélite. “Embora alguns de nós já possuíssem experiência com desenvolvimento de jogos, a simulação é diferente. Tem características específicas que não estávamos habituados” conta Frasson.

Exército

O Coronel André Luis Maciel de Oliveira, supervisor do programa ASTROS 2020 e da parceria com a UFSM, explica que a aproximação com a UFSM aconteceu devido à excelência em pesquisa da instituição. A parceria é baseada no modelo Tríplice Hélice: envolve o governo (representado pelo Exército Brasileiro), que participa como incentivador à inovação; a Universidade assume o papel de geradora desta inovação; e, por fim, o processo altera a missão tradicional da Universidade (ensino e pesquisa básica) para focar no fomento às empresas e ao desenvolvimento tecnológico.

Entre as competências necessárias para o desenvolvimento do projeto, o Coronel Oliveira destaca a Computação Gráfica, Programação de Jogos 3D e Inteligência Artificial, por exemplo. Segundo ele, a parceria entre Exército Brasileiro e Universidades “é de fundamental importância para a soberania nacional, na medida em que insere o meio acadêmico em assuntos de defesa, incrementa a pesquisa de novos produtos e coopera na produção técnico-científica”. Na UFSM, o prazo para finalização dos simuladores é fevereiro de 2019, mas o Projeto Estratégico ASTROS tem prazo final para 2023.

O Modelo Tríplice Hélice foi desenvolvido por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff. No modelo, a universidade incorpora a terceira missão de inovação, somada ao ensino e à pesquisa

Modernização dos DSET’s

No Centro de Tecnologia, desde 2013, outro simulador também está sendo desenvolvido em parceria com o Exército. O Dispositivo de Simulação e Engajamento Tático (DSET) simula a trajetória do lançamento de uma munição real através de um laser. O equipamento, doado pela Alemanha nos anos 1980, está sendo modernizado pela equipe da UFSM. No início, os dados da simulação eram impressos em língua alemã, os comprovantes eram

reunidos e, manualmente, analisados. A proposta da equipe do DSET na UFSM foi, além de traduzir as informações para português, digitalizá-las e obtê-las em tempo real, quando os blindados fossem atingidos. Assim, o comandante da cavalaria pode, também em tempo real, analisar os resultados e passar uma nova sequência de comandos aos blindados.

A equipe envolvida no projeto conta com seis professores e, durante as fases de desenvolvimento, alguns alunos de graduação. O investimento do Exército foi de dois milhões de reais. Já em fase final, o projeto deve ser apresentado ao Exército em breve. O professor Andrei Legg comenta que, desde o início, tudo foi um desafio, principalmente por trabalhar com uma tecnologia antiga, fechada e desconhecida pela equipe da UFSM, pensando na modernização do equipamento e na utilidade dele para o Exército.

O professor Renato Machado afirma que, apesar da formação básica e teórica que a Universidade oferece, quando você vai para a prática e para implementação real de um projeto, muita coisa se altera. “O que desenvolvemos nesse projeto não temos dentro da sala de aula. O laboratório já é um experimento pré-concebido, onde o professor tem o domínio. A experiência que os alunos tiveram foi fantástica”, afirma ele. Além disso, mesmo após a conclusão do DSET, os contatos permanecem para que outros projetos sejam pensados em parceria.

Repórter: Andressa Foggiato

Fotografia: Divulgação Exército Brasileiro

Fotografia DSET: Lenon de Paula, revista TXT, n.19

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