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Embriões de arte

Susane Kochhann busca na vida e na natureza as inspirações para seu trabalho em cerâmica



Influenciada pelo poder da natureza, Susane Kochhann, 42 anos, passou por um complexo processo de transformação pessoal, quando resolveu colocar de lado sua carreira na área de Ciências Contábeis e trazer para o centro de seu cotidiano a sua relação com o mundo das Artes. Susane já tinha uma forte relação com a agroecologia e a sustentabilidade, e atuou durante muito tempo com a contabilidade ambiental. Recém formada em Artes Visuais, ela atua na composição de peças de cerâmica, e desde maio é presidente da Associação de Artistas Plásticos de Santa Maria (AAPSM).

 

Foi no Ateliê de Cerâmica do Curso de Artes Visuais da UFSM que as inspirações começaram a desabrochar: “As coisas marcantes na minha vida estavam relacionadas à minha última imersão, no mestrado. Então, por que não trabalhar sobre lavoura? Essa coisa toda da agricultura, que tivesse a ver também com etanol. Eu estava envolvida naquilo”, conta.

 

Formada em Ciências Contábeis pela UFSM em 2007, Susana atuou na área de contabilidade durante a sua graduação. No mestrado, pesquisou a produção de etanol a partir do sorgo, atrelada à questão da sustentabilidade e redução de impactos ambientais. “O mestrado foi uma imersão total na questão ambiental. As disciplinas que eu fazia tinham a ver com gestão ambiental, com gestão de qualidade, com auditoria ambiental, tudo girava em torno disso”, afirma.

 

Seu interesse pela terra também influenciou os seus trabalhos artísticos: nas caminhadas que fazia pela região da Quarta Colônia [região rural correspondente ao quarto centro de colonização italiana no estado do RS] Susana percebeu uma variedade muito grande de texturas e cores.  “Eu pensava em como colocar todas aquelas cores no meu trabalho. Coletava amostras de argila e via terra de vários tons de ocre, de vermelho, de marrons, de cinza, de preto. Até terra verde, de tanto musgo. Eu achava aquilo fascinante”, ressalta.

 

Seu projeto de conclusão de curso foi inspirado em Gaia, deusa da mitologia grega que representa a Mãe-Terra. Susane inseriu em sua expressão artistica detalhes que lhe conduziam a uma forma única de superar perdas pessoais e reunir forças para seguir em frente. O trabalho em cerâmica durante a faculdade foi acompanhado pelas tentativas frustradas de engravidar.

 

“Estava fazendo uma peça de cerâmica e brotou uma semente. A peça tinha o formato de porongo, e faz todo o sentido! O formato de um útero, e aquela semente plantada na base da cerâmica que começou a brotar, o embrião que se fixa  e se desenvolve, então ele cai. Tinha a ver com a minha história também. Tudo tinha uma conexão, da terra que é fértil, da terra que brota vida e da terra que recebe depois aquela vida que já acabou. As peças são altas e todas marcadas pelas rachaduras, é como se a planta deixasse o seu rastro na vida. São várias vidas no útero, várias sementes que já passaram pelo ciclo de vida e não existem mais, mas ainda deixam marcas”, explica Susane.

 

 

 

 

Reportagem: Julia Nadine Schapowal e Lenon Martins de Paula
Fotografias: Rafael Happke

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