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Crianças e adolescentes com HIV

Pesquisa da UFSM propõe modelo de atendimento na rede de atenção à saúde de Santa Maria



O primeiro caso de AIDS no Brasil ocorreu na década de 1980, em São Paulo. De lá para cá, o número de doentes cresceu exponencialmente e até junho de 2015 já foram registrados 798.366 casos no país, sendo que 20% ocorreram nos estados da região sul. No ano passado, Santa Maria ficou em 10º lugar entre as cidades com maior número de casos registrados.

As formas mais comuns de transmissão do vírus são a relação sexual desprotegida e o contato com sangue infectado – pelo compartilhamento de seringas no uso de drogas injetáveis, por exemplo. Mas a infecção também pode ocorrer da mãe para o filho durante a gestação, trabalho de parto ou aleitamento. Essa forma de contágio – chamada de transmissão vertical – pode ser evitada nos cuidados de pré-natal, em que a mãe toma uma injeção para impedir que o vírus passe para o bebê.

 

A enfermeira Daniela Kinalski estudou a temática em sua dissertação de mestrado, defendida no começo deste ano pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFSM. Daniela queria compreender como é realizado o atendimento de crianças e adolescentes que vivem com HIV no sistema de atenção básica à saúde no município.

 

Ela conversou com médicos e enfermeiros do Hospital Universitário de Santa Maria, Unidades Básicas de Saúde e de Saúde da Família do município, e com os responsáveis pelos atendimentos no centro de testagem e aconselhamento “Casa Treze de Maio”. Através de conversas com grupos de profissionais, a pesquisadora realizou um levantamento sobre os serviços que já são realizados no atendimento de crianças e adolescentes portadores do vírus, e construiu um modelo de colaboração entre as diferentes esferas do sistema de saúde, buscando apontar o que poderia ser melhorado.

 

 

 

 

Acompanhamento constante e compartilhado durante a infância e a adolescência

O acompanhamento da criança com HIV é necessário por questões médicas devido à necessidade de monitoramento da carga viral – quantidade de HIV circulante no sangue – através do uso de medicamentos. A vulnerabilidade de crianças com HIV se dá pela imaturidade imunológica, o que faz com que elas apresentem maior facilidade de adquirir infecções como pneumonias bacterianas, candidíase oral, vírus da varicela, herpes, entre outras. Segundo Daniela, testes laboratoriais devem ser feitos mensalmente, nos primeiros seis meses de vida, e, a partir daí, no mínimo a cada dois meses.

 

Os atendimentos também são necessários, quando se trata do acolhimento das crianças, ajudando os pequenos a lidar com o medo e o estigma social. Isso porque o cotidiano de crianças portadoras de HIV pode ser marcado por pouca ou nenhuma compreensão em relação a doença – há casos em que os pais nem mesmo contam aos filhos que eles possuem HIV. Além disso, aqueles que sabem de sua condição de saúde precisam conviver, na maioria dos casos, com o tratamento contínuo e o preconceito social.

 

Quando a contaminação acontece na adolescência, o acolhimento também é fundamental. Ao receber o resultado positivo do teste, muitos jovens têm dificuldade de lidar com a sua nova condição e seguir o tratamento. Isso em função dos efeitos colaterais dos remédios e da rigidez dos horários de tratamento.

 

Se o atendimento continuado pode se tornar garantia de qualidade de vida para crianças e adolescentes portadores de HIV, as redes de atenção à saúde precisam estar preparadas para receber e encaminhar cada caso. Mas o sistema brasileiro de saúde básica no Brasil é fragmentado: dá destaque a ações de cura e reabilitação em unidades de saúde isoladas, e que não se comunicam.

 

 

Ao conversar com os médicos e enfermeiros de Santa Maria, Daniela identificou de que forma os problemas relacionados ao atendimento aos pacientes infantis e jovens de HIV começaram a aparecer.

 

 

Ao longo das conversas, Daniela foi construindo soluções conjuntamente com os profissionais de saúde de Santa Maria para tornar o atendimento mais eficiente. Entre as soluções apresentadas, está a compreensão de que o atendimento das crianças e adolescentes que vivem com HIV deve ser compartilhado. Enquanto as Unidades Básicas de Saúde deveriam se responsabilizar pelo atendimento por motivos relacionados a saúde geral da criança ou do adolescente, o acompanhamento dos níveis de carga viral deveria ser feito diretamente pelo HUSM – no caso de crianças e adolescentes até 15 anos – e pela Casa Treze de Maio –  no caso daqueles com mais de 15 anos.

 

Os profissionais que participaram da pesquisa concluíram que essa transição – do acompanhamento feito no HUSM para a Casa Treze de Maio – deve ser feita gradualmente para que o paciente se sinta confortável. Além disso, a comunicação entre os pontos de atendimento também deve melhorar. Além disso, ficou claro que é preciso investir mais em ações conjuntas, para lidar com o preconceito e com a estigmatização.

 

Reportagem: Luan Romero e Nathalie Martins
Infográficos: Nicolle Sartor
Foto de capa: Rafael Happke

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