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Exercícios físicos e depressão

Pesquisa aborda o uso de exercícios físicos como aliado no tratamento da depressão



O professor Felipe Barreto Schuch é graduado em Educação Física e possui mestrado e doutorado em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele estuda, desde 2011, os efeitos terapêuticos dos exercícios físicos no tratamento da depressão, doença que,  até 2020, será a segunda maior causa de invalidez e morte prematura em países desenvolvidos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Atualmente, os principais métodos de tratamento para depressão são remédios, tratamento com psicólogo ou psiquiatra, e eletroconvulsoterapia –  técnica para produzir estímulos elétricos no cérebro. Em sua pesquisa de doutorado, Schuch propôs uma alternativa aos tratamentos convencionais, utilizando o exercício físico na rotina dos pacientes atendidos na internação psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

 

O pesquisador, que é professor no Centro Universitário La Salle – Canoas, esteve na UFSM para ministrar uma palestra na aula inaugural de mestrado em Educação Física, e a equipe da Revista Arco conversou com ele sobre a relação entre depressão e exercícios físicos.

 

Como convencer uma pessoa em estado grave de depressão a fazer exercícios?

Esta questão é bastante comum, pensamos que pacientes deprimidos não têm motivação nem vontade de nada. Dentro da internação psiquiátrica, a realidade é um pouco diferente, pois o paciente fica o dia inteiro no quarto ou na cama, então quando chega alguma intervenção que pode ajudá-lo a melhorar, ele aceita. Isso acontece com frequência e pode explicar o motivo pelo qual tivemos uma taxa de aceitação relativamente boa para nossa pesquisa em uma internação psiquiátrica. Para os pacientes depressivos que não estão internados, os familiares e amigos têm papel importante. Eles podem começar tentando convencer a fazer pequenas atividades físicas, como dar uma volta com o cachorro, por exemplo, e ir aumentando a distância. O primeiro passo é tirar a pessoa de casa para uma atividade física, mesmo sem ser para um exercício físico estruturado.

 

Como foi o desenvolvimento da sua pesquisa de doutorado?

A partir de um convite aos pacientes, aqueles que aceitaram participar foram divididos em dois grupos: um que, além do tratamento usual, fazia exercício físico, e o outro que só recebia o tratamento usual da unidade. O “grupo exercício” realizava exercícios físicos três vezes por semana, monitorados por um profissional de educação física e dentro da internação psiquiátrica. Os exercícios poderiam ser feitos nos equipamentos de bicicleta ergométrica, esteira ou ergométrico, até que cada paciente atingisse um determinado gasto calórico.

 

Por que foram escolhidos pacientes em estado grave?

Já existe um grande número de estudos em pessoas com casos leve ou moderado de depressão, mas esse não foi o principal fator. Escolhemos por uma questão de logística, a unidade psiquiátrica já possuía todos os equipamentos e ter os pacientes ali dentro facilitava muito, tanto na intervenção, quanto na adesão ao programa.

 

Quais os resultados da pesquisa?

Encontramos uma melhora um pouco maior no “grupo exercício”, comparado com o “grupo controle”, considerando que este segundo também recebia uma intervenção bastante forte. Os pacientes do “grupo exercício” melhoraram um pouco na avaliação de qualidade de vida, uma avaliação um pouco mais global que a de sintomas depressivos. Também diminuíram os níveis de stress oxidativo, porém não encontramos melhoras nos níveis de Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro, que é o marcador de regeneração neuronal. Neurônios nascem e morrem o tempo todo e pacientes deprimidos têm a taxa de regeneração neuronal diminuída. O exercício tem a capacidade de aumentar a regeneração neuronal, mas isso não aconteceu com os nossos pacientes.

 

Qual o rumo das suas próximas pesquisas?

Temos um ensaio clínico em andamento com pacientes ambulatoriais. A intenção é ver se a atividade física nesses pacientes traz melhoras na depressão. Utilizamos pulseiras que contam os passos que a pessoa dá por dia, na intenção de estimulá-la a dar mais passos. A outra intenção é identificar quais pacientes são mais ou menos sensíveis à intervenção com exercício e descobrir quais são os possíveis mediadores do efeito antidepressivo do exercício, o que pode levar à melhora da depressão.

Reportagem: Stephanie Rosa Battisti
Fotografias: Rafael Happke

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