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Arte e ecologia

Novo paradigma da sustentabilidade



O professor espanhol Jose Albelda vê na crise ecológica global uma possibilidade de mudanças profundas para o planeta. A transição mundial deverá ser fundamentada, segundo ele, a partir da ética ecológica, do pensamento criativo e de novas formas culturais.  Essas e outras ideias foram apresentadas pelo pesquisador e artista na conferência “Arte e ecologia: contribuição ao novo paradigma da sustentabilidade”, ocorrida em setembro e organizada pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFSM.

 

Albelda, que atua no mestrado de Produção Artística na Escola de Belas Artes da Universidade Politécnica de Valência e é diretor do curso de sustentabilidade, ética, ecologia e educação ambiental, concedeu uma entrevista à Arco no final do evento.

 

 

Como o senhor percebe a situação ambiental em que nos encontramos?

Estamos em um momento de fim de ciclo, em que não podemos continuar com o crescimento do neoliberalismo, porque já não temos a base biofísica necessária. Ou seja, usamos os recursos naturais sem deixar tempo para reposição. O que gastamos em um ano deveria durar cinco anos, e isso leva a uma crise ambiental com acentuadas mudanças climáticas, o fim próximo do petróleo barato e extinção da biodiversidade. É uma crise de todo o sistema.

 

O que o senhor entende por “crise do sistema”?

É uma crise sistêmica porque é fruto do funcionamento normal do sistema, não de um desastre pontual. Os governos estão diretamente ligados à economia, em que o progresso é visto apenas como o aumento do PIB. O funcionamento normal nos está levando ao colapso. Deveríamos nos basear na natureza. Temos que mudar o modelo do crescimento linear, que pensa apenas em crescer, para um modelo metabólico circular, parecido com o que possui a natureza.

 

Essa mudança seria viável?

Ela é difícil, porque temos uma tendência a seguir igual, mas temos que conseguir fazer essa mudança em algum momento, visto que estamos causando nossa própria destruição. A história nos mostra que, para mudanças bruscas, são necessárias revoluções pacíficas. Então se trata de começar a mudar os planos, o pensamento da produção e o plano simbólico que seria o papel da arte.

 

Qual é o papel da arte nesse contexto?

A arte nos permite ver em detalhes que não se pode seguir com esse sistema. Além de mostrar os danos ambientais e humanos ela também pode representar outras formas de vivermos. A arte, com seu modo simbólico, pode se transformar em uma linguagem de alta empatia que nos ajude a chegar em uma solução.

 

Então podemos afirmar que a revolução pode nascer da arte?

Sim, como na modernidade. O papel da arte não é necessariamente secundário, mas também substancial, nuclear. A arte, como na modernidade, pode ter um papel muito importante na construção de um novo paradigma junto com a filosofia, com a ética, com os movimentos sociais.

 

As universidades podem colaborar na formação ambiental dos novos artistas visuais?

Sim, eu acredito que já se faz isso em uma dimensão de arte social, de arte pública, de arte comprometida com questões ecossociais que já existem na universidade. A prioridade agora é potenciá-las mais.

 

Reportagem: Sephanie Battisti
Fotografias: Rafael Happke

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