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A segunda onda de covid-19 no mundo: qual o quadro no Brasil?



  1. A pandemia de Covid-19 teve queda e voltou a subir em diversos países do mundo, que estão novamente enfrentando o isolamento rígido.

 

Diversos países que conseguiram controlar a pandemia e diminuir os impactos da covid-19 rapidamente, devido a suas medidas de contenção contra o coronavírus, enfrentam novamente um aumento nos casos da doença. A China, primeiro epicentro da covid-19, adotou medidas rígidas de quarentena, o que contribuiu para o controle da doença; entretanto, após um período sem registrar novos casos, parte da capital Pequim entrou em lockdown novamente, devido ao novo surto de contaminados da covid-19, no mês de junho. Autoridades chinesas confirmaram que a situação estaria controlada.

A Organização Mundial da Saúde tem declarado preocupação sobre uma segunda onda em várias partes do mundo, como na Europa, que enfrentou um forte surto de contaminação pelo coronavírus inicialmente e possui cerca de 20% do total de casos de covid-19 no mundo, conforme dados dispostos pela própria OMS.. E, além disso, países do continente como a Espanha e a República Tcheca  registraram novo surto de casos, no mês de julho, o que fez com que tivessem que retornar às medidas de contenção do coronavírus. A República Tcheca, que comemorou o fim da quarentena no final do mês de junho, retomou medidas como a obrigatoriedade de máscara e o distanciamento social. E em Barcelona, na Espanha, a orientação é permanecer em casa e sair apenas para atividades essenciais.

Países como Austrália, Japão, partes da China e Estados Unidos também tiveram aumento nos números de contaminados pelo coronavírus nas últimas semanas, após a flexibilização da quarentena e abertura de setores do comércio.

 

O que caracteriza uma segunda onda epidemiológica

 

O surgimento de uma segunda onda está associado ao controle da doença em sua primeira onda. Os países citados acima conseguiram atingir o achatamento da curva dos números de infectados pela covid-19. Entretanto, de acordo com especialistas a flexibilização da quarentena e medidas menos restritivas para a contenção da circulação do coronavírus refletem no surgimento de novo surtos da doença. 

A professora adjunta do Departamento de Alimentos e Nutrição da UFSM, campus Palmeira das Missões, em que  ministra disciplinas de epidemiologia, Vanessa Kirsten, afirma que “uma segunda onda epidemiológica é quando, depois do pico da doença, houve uma diminuição bastante importante, e acaba havendo um relaxamento das medidas tanto de isolamento, quanto de higiene”, o que propicia condição favorável ao surgimento de novos casos da doença. 

Um dos fatores que também contribuem para a segunda onda é a abertura das fronteiras. “Muitos desses países não possuíam novos casos da doença e a entrada de pessoas infectadas possibilita o contágio desses novos casos”, explica Vanessa.

 

O quadro no Brasil

 

A pandemia de covid-19 no Brasil tem registrado números alarmantes. Até a data de produção desta matéria, o país atingia a marca de mais de 90 mil mortos devido à doença causada pelo coronavírus, e 2.555.518 de casos confirmados. Entretanto, esse número aumenta drasticamente dia após dia. Desde o início do mês de julho, o país estabilizou o registro de novos casos em números muito altos, cerca de mil mortes diárias.

 A especificidade dramática da crise sanitária no país, gerada por um vírus desconhecido, é potencializada pela falta de uma liderança governamental, em nível federal, à frente da situação, gerando total descontrole para lidar com a pandemia que se instaurou no país. Ou seja, pode-se dizer que ainda enfrenta-se a primeira onda de casos da covid-19 no Brasil. A professora Vanessa declara que “ainda não entramos na segunda onda, porque ainda estamos no pico, nós ainda não baixamos, ainda estamos na primeira onda muito alta”.

Apesar do crescimento dos números de óbitos diários por covid-19 em onze estados, após aparente estabilidade, não há consenso entre os especialistas de que pode se considerar um novo surto de casos de covid-19 no país. Não houve uma baixa significativa nos números de óbitos e novos casos que pudessem representar um controle da pandemia.

A situação pode ser associada com a flexibilização das medidas contra a disseminação do vírus, como reabertura do comércio, com trabalhadores deixando o modo de trabalho home office para o modo convencional, e a falta de uma gestão federal no enfrentamento da pandemia. Segundo Vanessa, “o aumento de casos é por má gestão de orientações e de definições de isolamento e restrição dos espaços públicos e dos próprios municípios”. 

 

A quarentena brasileira

 

O isolamento social se mostrou uma das melhores medidas contra a disseminação do coronavírus. É uma das principais orientações da OMS de enfrentamento à covid-19, desde o início da pandemia. Mas, no Brasil, a orientação científica divide opiniões entre a população e até mesmo entre as autoridades do país, e não possui uma adesão expressiva da população de fato. 

A Inloco, empresa de tecnologia da informação, desenvolve um monitoramento do isolamento social no Brasil, por meio da geolocalização através de cerca de 60 milhões de dispositivos móveis. Desde meados do mês de maio, observa-se uma queda no isolamento social, que segundo dados do Índice de Desenvolvimento Social, desenvolvido pela Inloco, teve maior índice no dia 22 de março, atingindo a marca de 62,2% , tendo a menor baixa no dia 19 de junho, com cerca de 34,7%. 

Desde o mês de junho, o índice de isolamento social em todo país varia entre 38% e 48%. No mesmo mês, os estados e municípios passaram a flexibilizar as medidas de distanciamento social, reabrindo setores da indústria e comércio, mesmo com os números de casos e óbitos pela covid-19 em alta crescente. Por isso, o aumento de casos não significa uma resposta apenas pelo comportamento individual, mas pela coletividade de uma população que está exposta no trabalho, no transporte público, por necessidades essenciais, devido a essa liberação nos setores pelos gestores públicos, muitas vezes pressionados por questões econômicas.

 

As pessoas flexibilizam a quarentena por conta própria? 

 

Os números referentes ao isolamento social vêm caindo, tanto no Brasil como no mundo. Essa queda se dá através da flexibilização do comércio, lojas e shoppings, que têm  aberto o seu espaço físico para acesso ao público com todos os cuidados necessários. Entretanto, com a queda nos números de isolamento, a curva de contágio vem subindo a cada dia. Este fator se dá por conta também da flexibilização que cada pessoa tem feito em sua rotina. Seja por falta de dinheiro, que leva as pessoas a procurarem trabalho, ou por problemas com a saúde mental. 

Juliana Ceolin Braun, estudante de Agronomia na Universidade de Cruz Alta, diz: “Confesso que não estou respeitando a quarentena. No início da pandemia, em março, estava morrendo de medo, mas o tempo foi passando e de certa forma aprendemos a conviver com a pandemia, e hoje, por conta do meu trabalho, levo uma vida consideravelmente normal”, conta a estudante. 

A questão do isolamento social ser ou não necessário diverge de pessoa para pessoa, pelo fato de que algumas nunca pararam de sair por conta de seu trabalho, bem como aquelas que saem somente para o necessário. 

Alessandra Della Nina, Técnica em Enfermagem, 21 anos, recém aprovada em uma seleção na cidade de São José, Santa Catarina, atuará na linha de frente de combate a covid-19 para saúde indígena, a técnica em enfermagem conta que no início da pandemia as pessoas estavam com mais medo, e hoje, vendo alto índice de recuperação, as pessoas começaram a afrouxar as medidas de isolamento e a sair para coisas supérfluas. “Hoje em dia, você começa a ver as lojas mais cheias e pessoas saindo para coisas menos necessárias”, afirma Alessandra.

Opinião que diverge de Brenda Daniella da Silva, 20 anos, estudante de Jornalismo na UFSM-FW, que conta que “desde março eu fico em casa e saio só para o essencial. Mesmo trabalhando, me cuido ao máximo. Tenho até sapatos diferentes para usar dentro e fora de casa”. Brenda ainda conta que, sempre que sai para qualquer coisa, faz o uso de máscara, passa álcool em gel e, quando vai a lugares em que há muita gente, procura fazer uso de par de luvas para sua proteção. 

Dessa forma, é visto que o isolamento social é cada vez menos cumprido pelos brasileiros; entretanto, o que cientistas alertam é que o vírus ainda está no país e segue contagiando muitas pessoas. A retomada das atividades traz uma sensação de normalidade na rotina dos brasileiros, mesmo em meio à crescente onda de contaminados pelo coronavírus, refletindo em cada vez menos adeptos do isolamento social como proteção individual e coletiva contra um vírus contra o qual ainda não existe vacina ou medicamento específico.



Apuração: Igor Mussolin, Francelen Soares e Yasmin Vilanova

Texto: Francelen Soares e Igor Mussolin 

Edição: Luis Fernando Rabello Borges 

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