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Por que as informações científicas sobre a Covid-19 mudam com tanta frequência?



Na checagem desta semana, procuramos entender como se dão as informações científicas divulgadas sobre o novo coronavírus e por que elas mudam tanto.

Fonte: Banco de Imagens do Google.

Com a pandemia da doença Covid-19 que surgiu neste ano de 2020, as vidas ao redor do mundo sofreram diversas mudanças. Muitos quesitos do cotidiano se ressignificaram e a disseminação da informação não foi diferente. É possível perceber que as notícias sobre o novo coronavírus são constantes nos meios de comunicação e na conversa informal.

Além das fake news incessantes acerca do assunto, que tornam difícil se manter a par das novidades, também existe a frequente mudança das informações sobre o vírus e as condutas de prevenção. Para entender por que os esclarecimentos científicos sobre a Covid-19 mudam com tanta frequência, conversamos com profissionais da área da saúde.

Ana Paula Christ, farmacêutica e professora que trabalha na produção de medicamentos, explica que as notícias mudam muito pois os estudos ainda estão sendo feitos e a ciência continua trabalhando nisso todos os dias. “Conforme novos estudos são divulgados, novas informações surgem e não são iguais em todos os locais. Isso vai sendo compartilhado e vai modificando informações. Por exemplo, a questão do vírus: quanto tempo ele sobrevive em cada superfície, a necessidade de usar a máscara…  Por que essa informação muda? Depende de um estudo que chegou a um resultado e, depois, um outro estudo chegou a um resultado um pouco diferente. Então, conforme vão sendo realizadas as pesquisas, chega-se a novas conclusões. Até então, não se conhecia o vírus, portanto se sabia pouco sobre ele. Agora, com o passar dos estudos, vai ficando mais fácil conhecer um pouco mais e vão mudando as orientações”, ela comenta.

Outra entrevistada, Fernanda Hernandes Figueira, doutora em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, lembra que os dados científicos estão constantemente sendo retestados, e essas novas abordagens podem mudar conclusões anteriormente publicadas, e essa é uma premissa da ciência que não é exclusividade da Covid-19. Ela afirma: “Com a Covid-19 existe maior interesse da população, pois é uma doença que está prejudicando e atrasando a vida das pessoas. Por ser de interesse da população, a mídia divulga mais os dados científicos que têm sido publicados recentemente, e as pessoas estão tendo acesso a estudos que chegam a resultados que não são ainda inteiramente conclusivos”.

A ciência tem seu tempo, mas também existe a necessidade de informar o público  sobre o que estamos enfrentando neste momento. Como uma tentativa de atingir essa demanda, os meios científicos liberam dados preliminares que muitas vezes não são entendidos como preliminares pela sociedade. Então, se depois aqueles dados são retificados, dá a entender que a ciência se contradisse. Entretanto, os métodos usados cientificamente são propostos de forma com que exista baixa possibilidade de erros. As análises são feitas a partir de hipóteses que só são comprovadas quando existem evidências da veracidade.

Como esse é um vírus novo, as perguntas estão surgindo agora, e as pesquisas estão sendo realizadas recentemente também. Em termos de ciência, tudo ainda é novidade e depende dos protocolos científicos a serem seguidos para uma nova análise e pesquisa. A farmacêutica Ana Paula Christ aponta que, por exemplo, a elaboração de um medicamento tem uma série de etapas a serem seguidas. Em geral, desde a primeira, que seria conhecer uma molécula de um composto, até a fase final, que seria a comercialização do produto, podem levar de 10 a 12 anos.

As pesquisas para a criação de um novo medicamento são divididas em duas etapas: a de pesquisas pré-clínicas e a de pesquisas clínicas. A etapa pré-clínica tem como objetivo avaliar se a substância candidata a medicamento é eficaz no tratamento da doença e se ela é segura. Em geral, os testes começam in vitro, ou seja, em uma cultura de células sem o uso de animais. Depois, os testes passam a ser realizados em modelos experimentais. São animais usados para mimetizar a doença e compreender os mecanismos de ação das substâncias em um organismo. De cada mil substâncias testadas na etapa de pesquisa pré-clínica, somente 10 passam para a segunda etapa.

Fernanda Hernandes Figueira acrescenta: “Existem protocolos que devem ser seguidos para a realização de pesquisas clínicas para o desenvolvimento de novos medicamentos. Primeiro, é preciso que a escolha dos participantes seja aleatória. Além disso, existe a necessidade de um esquema de administração da droga em que o pesquisador e o participante não podem saber se a droga que está sendo administrada é a droga de fato ou é um placebo. Esses critérios impedem que as crenças pré-concebidas do pesquisador e dos participantes interfiram no resultado da pesquisa. Existe também um tempo necessário para aprovação e registro das substâncias nas agências reguladoras, como a Anvisa, aqui no Brasil”.

Compreende-se, então, que as informações sobre a Covid-19 e os métodos de prevenção da doença durante essa pandemia não mudam, mas, sim, são atualizados. Todos os cientistas que trabalham na procura de medicamentos e no entendimento do vírus estão em constante estudo e análise do novo coronavírus.

 

Texto: Isabela Vanzin da Rocha

Apuração: Igor Mussolin e Taiane Centenaro Borges

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