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“A desinformação só acaba com a produção de informações de qualidade”



            A afirmação é da jornalista Taiane Volcan, em entrevista coletiva organizada pelo programa de extensão Mão na Mídia.

 

 

Taiane é jornalista e trabalha com análise de redes sociais, discurso,política e desinformação. Imagem: Banner de divulgação do evento

 

Na última sexta-feira, dia 29 de outubro, o programa de extensão Mão na Mídia: educomunicação e cidadania realizou a sua primeira entrevista coletiva. A atividade intitulada ‘Diálogos Mão na Mídia’ foi criada para que os  alunos, bolsistas e voluntários dos cursos (principalmente os de Comunicação) pudessem entrevistar  um/a convidado/a especial.

 A estreante desta edição foi a jornalista Taiane de Oliveira Volcan, mestre em Letras pela Universidade Católica de Pelotas (PPGL) e doutora em Letras pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ela trabalha com análise de redes sociais, discurso, política, humor e desinformação.

Durante a conversa, conforme iam surgindo as questões dos estudantes, Taiane explicou que a desinformação não começa de uma forma totalizante e exagerada, como muitas vezes vemos nos nossos grupos de Whatsapp e afins. Muito pelo contrário, ela diz que a propagação de notícias falsas inicia-se lentamente e de forma ‘inocente’. Para exemplificar essa afirmação, a jornalista relembrou algumas das informações falsas disseminadas no início da pandemia, quando era comum a divulgação de formas de ‘prevenção’ ao vírus, com dicas que iam desde dietas balanceadas até a realização de gargarejos com água fervente.

A onda de desinformação foi se expandindo até chegar em medidas mais drásticas, como a recusa da vacinação. Assim, a jornalista chega a  comparar a desinformação com uma espécie de seita. Muitas vezes, as pessoas envolvidas não percebem que estão em um ambiente tão extremo. E isso acontece, segundo Taiane, porque, em momentos de crise, as pessoas buscam um ‘conforto’ em outros indivíduos que pensem da mesma forma, como uma estratégia de segurança e negação da gravidade de um acontecimento (nesse caso, a mortalidade do vírus). 

A jornalista ainda ressalta que a apropriação da desinformação é estratégica, pois muitos grupos se beneficiam financeiramente com isso. Exemplificando essa afirmação, ela diz que é lucrativo existir uma gravação em vídeo onde uma pessoa afirma ter conhecimento sobre a cura da Covid-19, em um momento em que ainda não existiam vacinas contra o vírus. As visualizações e likes acabam sendo lucrativos para grupos de interesse.

Hoje, após quase dois anos de pandemia e milhares de mortes causadas pelo negacionismo, Taiane acredita que as pessoas chegaram no momento em que conseguem perceber o quão prejudicial e perigosa é a desinformação. Segundo ela, a CPI da Covid-19 foi muito eficaz para alcançarmos essa realidade. O público passou a acompanhar avidamente os desdobramentos das reuniões, em que houve vários relatos de pessoas que sofreram com a morte de familiares e amigos em decorrência da doença. A jornalista destaca também que o programa Roda Viva e o ativismo de pessoas como o biólogo Átila Iamarino foram essenciais na difusão de informações verdadeiras que denunciavam a problemática das notícias falsas.

Taiane também compartilhou com os alunos e participantes da conversa algumas características dos conteúdos que desinformam: sempre possuem um senso de urgência, normalmente vêm carregados de uma suposta autoridade de quem falou e/ou descobriu algo, e também estão presentes apenas em um meio ou veículo. Assim, a jornalista lembra da necessidade de pesquisar toda e qualquer notícia em outros veículos de comunicação, pois uma informação verdadeira não circula em um só meio.

 Além das perguntas sobre a desinformação, os alunos compartilharam com Taiane algumas das suas inquietações em relação ao jornalismo e a mídia. A sua resposta foi taxativa e muito necessária: “o jornalismo não pode ser declaratório”, ele tem a função social de falar muito e abertamente sobre a desinformação. Ela também alerta para o fato de que muitos veículos de comunicação acabam repassando notícias falsas, por terem sido ditas em discursos feitos por autoridades. Taiane diz que esses discursos devem sim ser passados, porém sempre alertando  em relação ao que não é verdade.

No final da conversa, ela enfatizou que a população em massa tem diversas outras demandas mais importantes para lidar, uma delas é sobreviver a uma das maiores crises econômicas e sanitárias já vistas, o que muitas vezes faz com que essas pessoas não consigam se preocupar em ser seletivas com o modo com que se informam. Então, cabe à mídia ser incisiva nesse aspecto e não deixar de denunciar e verificar a desinformação diariamente. “A desinformação só acaba com a produção de informações de qualidade”, afirma Volcan.




                                                                                                                                                             Reportagem: Júlia de Sá e Maria Mariana 

                                                                                                                                                                    Edição: Luciana Carvalho

           

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