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Entre desafios e adaptações: como os programas produzidos para as rádios universitárias seguiram durante a pandemia



Foto horizontal de dois letreiros, lado a lado, com a informação "No Ar", dentro do estúdio da Rádio Universitária da Universidade Federal de Santa Maria. Os letreiros, em caixa alta e cor vermelha, estão inseridos em dois suportes em formato de paralelepípedo, na cor branca. Esses letreiros, quando iluminados, sinalizam que o programa de rádio está ao vivo naquele momento. O letreiro da esquerda, mais distante na imagem, está ligado, bem iluminado. O letreiro da direita, em foco na imagem, está desligado. Ao fundo da imagem, há o vidro que divide o estúdio e o setor onde a parte técnica da rádio fica.
Durante a pandemia, as Rádios Universitárias tiveram que continuar encontrando formas de ir ao ar, mesmo com estúdios vazios, assim como os programas precisaram se reformular para continuar a transmitir conteúdo. Foto: Arquivo Pessoal Marcelo De Franceschi dos Santos.

Em março de 2020, assim como outras  atividades da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), as Rádios Universitárias foram atingidas em cheio com o anúncio de que a pandemia agora fazia parte do contexto nacional. Com isso, a necessidade de isolamento social e da paralisação das aulas, que mal haviam começado, era urgente. De forma apressada, as programações radiofônicas tiveram que ser repensadas, já que a presença nos estúdios acabava de se tornar uma realidade distante, e os alunos, responsáveis por muitas apresentações, seguiam com suas aulas de forma remota. Entretanto, mesmo em meio às dificuldades, muitos programas adaptaram-se para continuar indo ao ar, até mesmo reinventando sua forma de criar conteúdo sonoro.

Em um primeiro momento, todas as gravações presenciais da UNIFM 107.9 e da Universidade 800 AM, Rádios Universitárias da UFSM, do Campus Sede em Santa Maria, foram canceladas. Isso aconteceu para que houvesse tempo de adaptar as programações, que eram feitas ao vivo pelos servidores e pelos universitários. 

Nos estúdios, nenhum programa continuou ao vivo. O coordenador das rádios da UFSM, Marcelo de Franceschi dos Santos,  comenta que o único programa ao vivo é o Panorama CCR, apresentado pelo estudante de Comunicação Social – Jornalismo, Gian Noal, que já possuía conhecimento de operações sonoras.

Foto horizontal colorida do setor técnico de um estúdio de rádio. Sobre uma bancada, há uma mesa de som entre dois monitores de computador. Ao centro, a mesa de som na cor cinza, com botões vermelhos e luzes amarelas, e um pequeno painel com números e detalhes sobre o som que está sendo transmitido da mesa para o rádio. O monitor à esquerda da mesa está ligado em uma tela de cor azul escuro. O monitor à direita da mesa está desligado. Junto aos monitores há equipamentos, como teclados, mouse e caixas de som. Ao fundo, há um vidro que mostra o estúdio da rádio, com as estruturas de suporte de microfone, onde são feitas as programações ao vivo.
Nos estúdios, o vazio do trabalho remoto foi ainda maior em razão da mudança de prédio que a Coordenadoria das Rádios Universitárias está passando. Foto: Arquivo Pessoal Marcelo De Franceschi dos Santos.

No regime de trabalho remoto decretado pela Universidade, todos ficaram sem acesso aos equipamentos profissionais da rádio, o que tornou a produção um grande desafio. Contudo, alguns programas já analisavam a possibilidade de gravar em casa e, assim, terem seus programas veiculados na rádio. 

O coordenador das rádios da UFSM conta que alguns programas não conseguiram suprir um padrão de qualidade sem muitos ruídos, o que levou muitos quadros a deixarem de ser transmitidos: “Existe uma perda de qualidade considerável quando as gravações não são feitas com equipamentos sonoros e em estúdio com isolamento acústico.” Entretanto, ele comenta que quando esses áudios gravados em casa não possuem ruídos que dificultam o entendimento do som, eles podem ir ao ar.

Mesmo fora dos estúdios, os alunos envolvidos em conteúdos veiculados nas rádios, tiveram que ter iniciativa e criatividade para adaptar as suas produções. O Gritos do Silêncio, por exemplo, programa semanal da Rádio UNIFM – um projeto de extensão desenvolvido por alunos de Comunicação Social da UFSM, fez seu primeiro investimento nas redes sociais, com a utilização de ferramentas de foto e vídeo para retratar assuntos antes transmitidos ao vivo. Com a impossibilidade de inserção na rádio, o projeto seguiu suas atividades com o podcast, um formato que pode ser ouvido pela internet a qualquer hora, por meio do celular, computador ou outro aparelho digital. Assim, os acadêmicos tiveram que aprender a gravar seus áudios  em casa, entrar em contato com fontes e fazer entrevistas de forma online, editar as gravações para depois veicular. Com possíveis auxílios e instruções das rádios da Universidade, segue-se com o objetivo de aprimorar a qualidade de gravação, com avaliações e ajustes das produções. 

Outro exemplo de projeto que precisou se adaptar foi o Radar Esportivo. Se no passado as produções eram voltadas para programas e transmissões ao vivo para Rádio, agora passou a investir mais em multiplataformas. São desenvolvidos conteúdos para perfis no Instagram, Twitter, Facebook, e em  plataformas de Streaming, a partir da gravação de podcasts relacionados ao esporte nacional e internacional. A integrante do projeto e estudante do curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFSM, Flávia Morishita, conta que o projeto passou por momentos de incertezas no início da pandemia, quando os integrantes ainda não sabiam a forma como iriam adaptar suas criações. Nesse contexto, as conversas entre os  membros do Radar sobre as infinitas possibilidades para continuar com a produção foram recorrentes e fundamentais para o redirecionamento das atividades.

Apesar dos inúmeros desafios, são feitas coberturas e transmissões ao vivo, com aproveitamento de ferramentas como o Reels, IGTV e as Lives no Instagram, que passaram a ser ainda mais valorizadas nesse período de isolamento social. Entre as coberturas feitas pelo projeto por meio de seus perfis, estão os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, que ocorreram de 23 de julho a 08 de agosto de 2021, em Tóquio, no Japão. 

Entre essas adaptações, é possível ver uma das grandes ascensões desse período quando o assunto é produção sonora: o podcast. Para além do cotidiano universitário, a popularização dos podcasts durante a pandemia aconteceu de forma rápida, com muitas pessoas que passaram a acompanhar esse formato de conteúdo e novos projetos abraçando a ideia. As plataformas de streaming foram ágeis em reorganizar seus sites e aplicativos, facilitando a procura e o acesso à podcasts, fazendo indicações e valorizando o trabalho de quem cria esse tipo de material. Isso fez com que ainda mais indivíduos se interessassem pela área, e os mais diversos assuntos começassem a serem abordados, com diferentes durações: das mais curtas às mais longas, edições repletas de efeitos sonoros ou mais simples, além de publicações semanais, diárias ou mensais. Enfim, para todos os gostos.

Nesse sentido, o doutor em Comunicação e Informação e professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Artur Ferraretto, conta que mesmo antes do Covid-19 já havia uma tendência ao processo de crescimento dos podcasts: “Com a pandemia, em função das pessoas ficarem mais tempo em casa, e por causa de um desgaste, no caso brasileiro, da grande mídia.” Esse desgaste, segundo ele, seria causado por uma série de fatores: como a falta de adaptação da mídia, polemismo, propaganda explícita do Governo Federal exercida por profissionais dos jornais e um discurso totalmente negacionista sobre a pandemia. Tudo isso causa uma superficialidade aos conteúdos, que o podcast consegue suprir e aprofundar.

Esse processo de crescimento do podcast traz à tona o lado positivo, da profundidade de conteúdo, mas tem um perigo também. Nesse sentido, o professor alerta para um detalhe importante: entre esse avanço acelerado, pode se perder muito da profundidade dos assuntos, até mesmo para podcasts que têm – ou deviam ter – caráter jornalístico. “Há  muito diletantismo nisso. Vivemos em lógicas de bolhas, em função das redes sociais. Daqui a pouco, alguns podcasts não são produzidos profissionalmente, mas sim com base em influência propagandista, e de tudo que não gosta de contradições, e isso faz com que se corra o risco do público não sair da sua bolha.” explica Ferraretto, que acrescenta que o processo dos indivíduos buscarem ouvir apenas conteúdos que concordam com o que eles já pensam, pode ser muito perigoso para a sociedade como um todo. 

Para além de Santa Maria

Outras formas de adaptação foram adotadas durante esse período, e é possível acompanhá-las em mais universidades do estado gaúcho. Na Universidade Federal de Rio Grande (FURG), o mais tradicional programa jornalístico de rádio, o FMCafé, acontecia de segunda à sexta, de dentro do estúdio, mas com a vinda do coronavírus, se adaptou para o formato de lives, transmitidas, primeiramente, uma vez por semana. A partir de junho de 2020, os programas começaram a ser apresentados em todas as terças e quintas, na página da Universidade no Facebook.

A responsável pelo programa FMCafé, Tammie Faria, da Secom/FURG, conta que o conteúdo se tornou multiplataforma, já que a live, depois da transmissão, fica no canal da instituição no YouTube, o FURGOficial. Além disso, já existe o projeto de utilizar os áudios da live para podcast no site da FURG e no Spotify, criando o FM Café Podcast. Mesmo no cenário pós-pandemia, em que as atividades presenciais poderão retornar, Tammie aponta que “é bem possível que o trabalho multiplataforma continue”.

O FMCafé, que é feito por um jornalista da FURG, em conjunto com um bolsista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), voltará a ser transmitido via rádio ainda neste ano. Isso acontecerá com a inserção do áudio do FMCafé Live, em reprise, no novo estúdio do campus Carreiros da FURG. 

Já na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a programação da Rádio da Universidade é conhecida pelo forte aspecto musical, especialmente com música clássica. parte dos programas radiofônicos que abrangem cultura, jornalismo geral e assuntos da Universidade, sofreram reduções e modificações por causa do trabalho remoto. Segundo André Grassi, jornalista da ‘Rádio da Universidade’, desde o início do trabalho remoto, essa programação musical é apresentada pelas locutoras com dificuldade, pois elas não podem ainda utilizar o estúdio presencialmente. 

Essa é uma parte difícil da necessidade de adaptações das programações nesse momento. “Realizamos entrevistas, edição de som e apresentação de nossas casas e existem dificuldades para agilizar a entrega dos programas, por falta de estrutura.” expressa André sobre essa situação. O jornalista também conta que, no ano passado, os problemas eram maiores, pois havia restrição até mesmo para a ida dos operadores à rádio, que precisava ficar no automático por ainda mais tempo. 

O retorno aos estúdios

Na UFSM, a previsão de retorno para as produções dos estudantes depende da vacinação geral da população e do retorno às atividades presenciais, que ainda deve ser autorizado pelos conselhos superiores. O retorno tanto para o campus, para a continuidade das aulas, quanto para os estúdios, ainda é arriscado, e a segurança dos alunos e servidores é uma prioridade para que tudo possa voltar ao normal em breve.

 Por enquanto, os trabalhos seguem de casa. Mesmo com os obstáculos técnicos, a saudade do ao vivo diretamente da rádio, os desafios implantados pelo ensino à distância, e as inseguranças causadas pela pandemia, o esforço e dedicação têm sido imensos para continuar a transmissão de conteúdo para a comunidade – por qualquer que seja a plataforma.

 

Reportagem: Giovana Zago

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