Ir para o conteúdo .TXT Ir para o menu .TXT Ir para a busca no site .TXT Ir para o rodapé .TXT
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

DESAFIOS DO TRANSPORTE COLETIVO NO RETORNO PRESENCIAL



 Foto horizontal colorida de um ponto de ônibus com várias pessoas e um ônibus em tons de laranja e branco. A imagem está em um plano geral fechado e o ônibus está levemente na diagonal direita. A parte frontal do ônibus é branca, e tem um letreiro luminoso com o texto “T. Neves” e o número “1961” ao lado; o parabrisa tem um ícone de acessibilidade para pessoas usuárias de cadeira de rodas nas cores azul e branca, e o parachoque é da cor laranja. A lateral é dividida horizontalmente na cor laranja e branca por uma linha ondulada, em que a parte branca ocupa o espaço inferior. No lado esquerdo, há várias pessoas paradas embaixo de uma estrutura metálica na cor preta, em formato de toldo. A maioria está de costas ou de perfil, algumas seguram mochilas e bolsas. As pessoas que se encontram de lado ou de frente usam máscara. O fundo tem  árvores altas e com copa com poucas folhas, o céu na cor azul claro, sem nuvens, e a fachada de um prédio.

Em 2020, todos foram surpreendidos com a pandemia da Covid-19 e obrigados a encarar uma nova realidade: a quarentena. Nesse cenário, a comunidade acadêmica teve de se adaptar para seguir com as atividades na segurança de casa, por meio do ensino remoto. Após dois anos de isolamento social, os estudantes retornam à universidade e a mobilidade voltou a ser uma preocupação. As principais reclamações dos acadêmicos são a limitação de horários ofertados e a superlotação.

O Secretário de Mobilidade Urbana, José Orion Ponsi da Silveira, explica que em razão de uma queda de aproximadamente 85% no número de passageiros transportados no início da pandemia, algumas medidas foram adotadas a fim de reduzir os custos com a estrutura do transporte e de manter uma tarifa equilibrada para os usuários. “Foi feita uma redução de 100 veículos, de 50% dos salários dos diretores das empresas transportadoras e de 50% dos cobradores, o que resultou numa economia estimada em 15 milhões de reais”, disse o Secretário.

A baixa demanda também acarretou na supressão de horários e de seis linhas, que passaram a ser atendidas pelas demais, além da união de cinco setores. Mais tarde, um novo corte no número de cobradores manteve apenas 25% dos funcionários, e o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) – taxa presente na passagem que é recolhida pelas empresas responsáveis e entregue à prefeitura – foi convertido. 

Tabela informativa horizontal com o título: “Dados do período pandêmico”. A tabela é formada por cinco colunas e quatro linhas. A primeira coluna e a primeira linha são da cor laranja, e o restante da tabela tem a cor cinza. A primeira linha faz referência à quantidade de ônibus em operação durante os anos de pandemia. Em  2019: 235; em 2020 e 2021: 117; e em 2022: 190. A segunda linha refere-se ao número de passageiros por dia.Em 2019: 100 mil; em 2020 e 2021: 12 mil; e em 2022: 50 mil. A terceira linha do número de estudantes. Em 2019: 1,721 milhão; em 2020: 510 mil; em 2021: 167 mil; e em 2022: 735 mil.
Média fornecida pela Secretaria de Mobilidade Urbana

O dilema entre a economia e o corte de servidores

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários de Santa Maria e Região (Sitracover), Rogério dos Santos Costa, conta que antes da pandemia havia cerca de 1000 trabalhadores no setor, porém atualmente existe apenas metade desse número. De acordo com ele, o principal fator dessa queda foi o fim parcial do ofício do  cobrador por meio de um decreto não informado pela prefeitura à Sitracover, e ressalta que não foram apenas 500 cobradores demitidos, mas quinhentas famílias que, de repente, se viram desempregadas. “Foi o fim de um posto de trabalho, esses cobradores podem fazer um curso e se tornarem motoristas, mas então quinhentos motoristas serão demitidos. É uma perspectiva triste, mas infelizmente é inevitável, cada vez mais cidades estão cortando essa função”, afirmou.

Os motoristas, segundo Rogério, se sentem insatisfeitos porque seus serviços dobraram, e não estão recebendo a mais por isso. Além de receber os pagamentos, o condutor precisa ficar atento à catraca, que está distante, e isso torna ainda mais lento o embarque dos passageiros. As negociações salariais estão em andamento e já foi  sinalizada  a questão desses trabalhadores ganharem um aumento por exercer a função de cobrador. No entanto, não há previsão para o ajuste, apenas foi oferecida uma comissão de 3%, a princípio.  Mas, de acordo com o presidente, essa porcentagem pode ser cortada a qualquer momento: “Nós não queremos comissão, nós queremos incorporação ao salário” disse. 

Em respostas às queixas do sindicato o secretário afirma que, em um primeiro momento, não aconteceu  uma conversa inicial com a Sitracover sobre o corte dos cobradores, devido a necessidade de fazer isso o mais rápido possível. Entretanto, no segundo corte de 25%, realizou-se a discussão para atualizá-los dos fatores que motivaram essa redução. Ele revelou que, em virtude da queda no volume de usuários,  o custo mensal para manter os ônibus em funcionamento ultrapassou um milhão de reais por mês e o impacto financeiro no município chegou a dois milhões. Conforme Orion Ponsi, para economizar precisavam ser feitos cortes urgentes sob o risco de um colapso do sistema. Caso naquele momento não houvesse o corte dos cobradores, todo o grupo de funcionários e passageiros sairia prejudicado.

Licitação e a problemática na UFSM

Diante desse contexto, o acadêmico do 6º semestre de Engenharia Acústica, Wellington Bertagnolli Veiga, diz estar insatisfeito com o transporte coletivo, sobretudo no  que se refere à organização dos horários, a superlotação e o prolongado tempo de viagem devido a união das linhas. O aluno conta que, para se deslocar até o campus utiliza a linha Tancredo Neves Via Santa Marta e, muitas vezes, tem de chegar na universidade uma hora antes do planejado, por causa dos grandes espaços entre os horários ofertados e da incompatibilidade com o início do período das aulas.  

De acordo com o secretário, tanto o retorno de veículos que haviam sido suspensos durante a pandemia, quanto a divisão dos setores unidos está acontecendo gradativamente, conforme as  necessidades dos usuários. Contudo, em relação ao atendimento dos alunos da UFSM, revela ter dificuldades para adequar a distribuição de horários e a quantidade da frota devido à perda do padrão de referência por causa da quarentena. Além disso, relatou que a gestão do sistema de transporte de Santa Maria sempre foi feita pelas empresas transportadoras e que ao município cabia apenas a fiscalização do serviço. Ressalta, no entanto, que existe uma movimentação para tornar a gestão compartilhada com a administração municipal, a fim de garantir que esteja cada vez mais próxima da demanda da população. 

Em relação à redução do valor da passagem, um subsídio de R$6,24 milhões que prevê o reajuste tarifário de R$4,85 para R$4,50 até o final do ano para aqueles que utilizam o cartão cidadão e vale-transporte, foi sancionado pelo prefeito Jorge Pozzobom, no dia 14 de junho. O preço, para quem paga em dinheiro ou utiliza o cartão de estudante, se manteve em R$5 e R$2,50, respectivamente. Para o secretário Ponsi, o subsídio é a forma mais democrática do pagamento da tarifa, visto que toda a sociedade se beneficia  do uso do serviço, na medida em que este reduz o volume de carros nas vias, o congestionamento, a poluição e o tempo de resposta de atividades essenciais como a de emergência e o policial.

De acordo com ele, pela primeira vez em 50 anos será realizada a licitação do sistema de transporte de Santa Maria, por se tratar de uma exigência legal. Tal procedimento prevê uma reorganização em todo o conjunto e faz exigências como: a modernização dos ônibus, o aporte de veículos elétricos ou de outras tecnologias limpas e a implementação de tecnologias no processo de bilhetagem. 

Esta licitação permitiria que o pagamento da passagem também fosse realizado com cartão de crédito e débito de todas as bandeiras e bancos. Ademais, Ponsi afirma que será contratada uma empresa transportadora, e que a licitação possibilita uma adição contratual na casa dos 25%, para garantir a prestação dos serviços, caso haja aumento no número de passageiros. A proposta seria apresentada ao mercado no dia 30 de junho, mas a pedido do Conselho Municipal de Transportes (CMT) a apresentação foi prorrogada para janeiro de 2023. 

No entanto, tais melhorias permanecem sendo apenas promessas. Enquanto isso, os estudantes continuam reféns das antigas e novas dificuldades. Veiga relata que antes da pandemia o serviço já não era satisfatório, mas os cortes no orçamento do setor intensificaram os problemas e a precariedade dos veículos. “Os ônibus precisam ser trocados, estão muito velhos. Um dia, o ônibus em que eu estava, simplesmente, apagou no meio de uma curva no final da Faixa Nova. Chegou a um ponto onde a nossa segurança também está ameaçada pela má qualidade e pelo desgaste da estrutura.” disse. Diante de tantos problemas, a comunidade vai aguardar e cobrar pelo cumprimento das medidas prometidas.

Reportagem: Adriana Ossuna e Camilly dos Santos Barros

Foto: Júlia Petenon

Contato:

adriana.ossuna@acad.ufsm.br

camilly.barros@acad.ufsm.br

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-714-3637

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes