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Seminário América Latina na Era Nuclear debate os próximos passos para a não-proliferação de armas nucleares

Representantes de instituições de diferentes países debateram o papel dos governos, universidades e sociedade civil.



Após três anos, a Universidade Federal de Santa Maria volta a sediar o Seminário América Latina na Era Nuclear. Sob o tema “Da Zona Livre ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares: próximos passos”, o seminário foi transmitido ao vivo pelo canal da UFSM no Youtube, com a participação de representantes e lideranças de diferentes universidades e instituições da América Latina. O evento foi uma organização da UFSM, Pugwash e NPSGlobal.

Se em 2018 o seminário debateu os riscos, desafios e perspectivas da América do Sul na era nuclear, em 2021 diferentes painéis debateram o papel dos governos, das universidades e da sociedade civil na construção de possíveis caminhos que incentivem as utilizações pacíficas da energia nuclear em benefício de toda a humanidade e que levem ao entendimento da necessidade de banimento total dos arsenais nucleares.

Para o professor Odilon Marcuzzo do Canto, engenheiro nuclear e ex-reitor da UFSM, é preciso discutir as aplicações em geral da energia nuclear, lançando luz sobre o potencial das aplicações pacíficas das tecnologias nucleares para o desenvolvimento e qualidade de vida dos povos, sem perder o debate crítico e informado sobre o potencial destrutivo do uso bélico e criminoso das tecnologias, capaz de aniquilar a vida na terra. O ex-reitor foi, durante nove anos, secretário brasileiro da ABACC – Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, que há 30 anos trabalha de forma cooperada no controle do uso pacífico de tecnologias nucleares entre os dois países sul-americanos.

Segundo o professor, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, as duas principais ameaças para o mundo contemporâneo são o aquecimento global e as armas nucleares. “As inúmeras aplicações pacíficas da energia nuclear representam um potencial enorme justamente para o encaminhamento das possíveis soluções para as duas ameaças apontadas. As inovações advindas de tecnologias nucleares apropriadas, quando inseridas nos processos produtivos e na saúde pública, tendem a melhorar a qualidade de vida das populações, atacando a fome endêmica, doenças, diminuindo assim as questões sociais e as probabilidades de conflitos entre as nações”, afirmou. Entretanto, o debate científico enfrenta a resistência de uma opinião pública formada por anos de conteúdo midiático difundido, tanto no jornalismo quanto no entretenimento, que tratam o tema de forma dissociada da realidade científica, criando mitos a respeito do tema.

Já o presidente honorário da Pugwash Brasil, Embaixador Sérgio de Queiroz Duarte, relembrou que os países da América Latina, apesar das dificuldades históricas, conseguiram construir uma região formada por países prósperos e pacíficos, estabelecendo mecanismos e organismos voltados  para a resolução de conflitos e cooperação. “América Latina e Caribe foram fundamentais na formação das Nações Unidas. Ao longo dos últimos 77 anos, nossos países se mantêm fiéis aos princípios e propósitos da carta da ONU, especialmente a igualdade soberana entre as nações, cumprimento de obrigações assumidas, soluções pacíficas de controvérsias, respeito à integridade territorial e não ingerência nos assuntos internos, assim como a abstenção do uso ou ameaça nuclear”. De acordo com Duarte, a América Latina faz parte dos principais instrumentos e tratados no campo da segurança internacional e da não-proliferação de armas de destruição em massa, com pioneirismo na criação da primeira zona livre de armas nucleares do mundo. Atualmente, 114 países compõem zonas livres em cinco continentes, seguindo o exemplo latino-americano.  

O Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Nuclear, embaixador  Rafael Mariano Grossi , reafirmou os compromissos da América Latina no compromisso da não-proliferação e de se manter como zona livre de armas nucleares. Grossi afirmou, porém, que a atividade nuclear no mundo, contrariando certas narrativas, estão aumentando a cada dia. Este crescimento pode ser visto no Brasil, Argentina, México e, em breve, outros países se somarão nos esforços de geração de energia nuclear, principalmente quando os reatores modulares se integrarem ao mercado atual. O crescimento exponencial da atividade nuclear do mundo pode ser percebido na Ásia, onde mais de 50 reatores estão sendo construídos, bem como na Rússia, na Europa e América do Norte. Para o diretor-geral, este crescimento pode ser fundamental e somar-se aos esforços de geração de energia limpa, conforme as tratativas da COP 26, em Gasglow (Escócia). Entretanto, é necessário que estas novas instalações passem pelo processo de inspeção com o objetivo de garantir os usos pacíficos da tecnologia nuclear e também a não- proliferação.

No primeiro painel, foi realizado o debate sobre o papel dos governos nas políticas e acordos de não-proliferação e usos pacíficos da tecnologia nuclear. Participaram da mesa o ministro Cláudio M. Leopoldino (Itamaraty, Chefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis, DDS), os embaixadores Gustavo Ainchil (Embaixador na Áustria e Representante Permanente da Argentina para as Organizações Internacionais em Viena), Alfredo Labbé (Membro do UNGGE on Nuclear Disarmament Verification) e Luiz Filipe Macedo Soares (ex-Secretário do OPANAL), além de Jorge Spitalnik (ex-Presidente da Federação Mundial das Organizações de Engenharia, WFEO). A mediação foi   da presidente da Fundação NPSGlobal, Irma Arguello.

O segundo painel debateu o papel das universidades e suas contribuições para o presente e o futuro dos estudos e políticas sobre o tema. Participaram da mesa Monica Herz ( diretora da PUGWASH Brasil), Emiliano J. Buis (diretor da Universidade de Buenos Aires), Javier Palacios (presidente da Latin American Section/American Nuclear Society (LAS/ANS)) e Álvaro Bermudez (National Director of Energy and Nuclear Technology, Uruguai). A mediação foi da pesquisadora Nelida Lucia Del Mastro (IPEN/CNEN-USP).

O último painel do seminário debateu o papel da sociedade civil, com a participação deRenata H. Dalaqua (UNIDIR, Líder de Programa), Melina Belinco (ARCAL/WiN, Lider), Graciela Tufani (NPSGlobal- Coordenadora Acadêmica) e Miguel Shiratori (BSGI Soka Gakkai – Presidente). A mediação foi do professor Cristian R. Wittmann – (UNIPAMPA).

Organizações participantes 

 Pugwash BrasilAssociação das Universidades Grupo Montevideo (AUGM), Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), Latin American Section/American Nuclear Society (LAS/ANS), Women In Nuclear Global (WiN Global), Fundation Non-Proliferation for Global Security (NPSGlobal), Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI), Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA). Destaca-se a presença de três organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz: Conferências Pugwash sobre Ciência e Negócios Mundiais (laureada em 1995), Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares – ICAN (laureada em 2017), Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear – IPPNW (laureada em 1985).

 

Texto original publicado em https://www.ufsm.br/2021/11/17/seminario-america-latina-na-era-nuclear-debate-os-proximos-passos-para-a-nao-proliferacao-de-armas-nucleares/

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