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SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS DURANTE A ENTRESSAFRA DE SOJA



Segundo o Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas (HRAC) no Brasil, somente na cultura da soja (Glycine max), já são, pelo menos, 30 casos registrados de espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Os casos mais recentes são Amaranthus hybridus (syn: quitensis), Conyza sumatrensis e Eleusine indica, os três com resistência múltipla. Essa informação salienta a necessidade de utilizar estratégias de controle, como o manejo cultural, aliadas ao manejo químico, dadas as suas limitações.

As medidas culturais consistem de diversas práticas agrícolas que poderão ser adotadas para suprimir as invasoras, mas destaca-se o manejo destas na entressafra. O objetivo é impedir que durante a entressafra as plantas daninhas se desenvolvam e se multipliquem, para que durante o ciclo da cultura principal não haja interferência destas espécies. A supressão das plantas indesejadas pode ser realizada com a utilização de espécies de inverno que servirão de cobertura do solo, competindo por água, luz e nutrientes, além de algumas espécies possuírem efeito alelopático sobre as invasoras, impedindo a sua emergência. Desse modo, contribuindo estrategicamente para o objetivo central do manejo de plantas daninhas, que busca a redução do banco de sementes presente no solo.

No sul do país, especialmente no estado do Rio Grande do Sul, destaca-se o cultivo de algumas espécies de inverno como nabo forrageiro, aveia-preta, centeio, azevém e diversos consórcios que consistem da misturas de duas ou mais espécies a serem semeadas em uma área. Em estudo realizado por Balbinot Jr. et al. (2007) todas as espécies supracitadas apresentaram potencial de suprimir a emergência, assim como o acúmulo de massa seca das plantas daninhas, exceto o nabo forrageiro, que isoladamente não apresentou potencial de supressão.

Neste sentido, nota-se a importância da utilização de espécies em consórcio, pois os efeitos são somados e contribuem simultaneamente com o sistema. Doneda et al. (2012), ao avaliar a produção de fitomassa de culturas puras e em consórcio, observou que o consórcio entre leguminosas, brássicas e gramíneas possuiu maior aporte de fitomassa que plantas de coberturas isoladas, sendo que esse resultado corrobora com a supressão de invasoras, isto é: quanto maior a produção de fitomassa das plantas de cobertura, maior a supressão das plantas daninhas.

 

Deve-se considerar também a época de semeadura das espécies de cobertura. Atualmente, alguns produtores de soja têm adotado a técnica de sobressemeadura, que consiste em semear a cultura anual de inverno sobre aquela que já está estabelecida, neste caso, a soja, sendo a semeadura no estádio R7 da cultura. Essa estratégia permite que as espécies de inverno se estabeleçam cedo na área, evitando o estabelecimento de plantas daninhas, além de aproveitar os nutrientes advindos da queda das folhas da soja, servindo como um fertilizante que auxilia no estabelecimento inicial da cultura, além de ciclar os nutrientes.

Outro efeito adicional ao introduzir plantas de cobertura durante a entressafra é o efeito alelopático das espécies de inverno. Essas plantas possuem a capacidade de produzir substâncias químicas que são liberadas no ambiente, dificultando o desenvolvimento de outras espécies. Em estudos realizados por Tokura e Nóbrega (2006), ao avaliar plantas de cobertura que apresentaram maior potencial alelopático sobre plantas invasoras, as que se sobressaíram foram: aveia preta, canola, nabo forrageiro e milheto. Além disso, na área desse experimento foram identificadas: 15 famílias botânicas e 28 espécies de plantas infestantes. A família mais expressiva foi Asteraceae com nove espécies de plantas infestantes, seguida pela Brassicaceae, com três espécies.

Por fim, cabe salientar que a utilização de plantas de cobertura durante a entressafra contribui com a supressão de plantas daninhas, mas também contribui com a melhoria de diversas características do solo, tais como: o incremento da matéria orgânica no solo, pode auxiliar na descompactação do solo, na manutenção da umidade do solo, atenua as variações de temperatura, aumentam a atividade biológica do solo, melhoram a estrutura, dentre outros benefícios diretos e indiretos.

REFERÊNCIAS:

BALBINOT JR., A.A. et al. Efeito de coberturas de inverno e sua época de manejo sobre a infestação de plantas daninhas na cultura de milho. Planta daninha vol.25 no.3 Viçosa July/Sept. 2007

DONEDA, A. et al. Fitomassa e decomposição de resíduos de plantas de cobertura puras e consorciadas. Rev. Bras. Ciênc. Solo. 2012, vol.36, n.6, pp.1714–1723.

HRAC-BR. Associação Brasileira de Ação a Risistência de Plantas Daninhas e Herbicidas. Risistant Weeks in Brazil. Disponível em: http://www.weedscience.com/Summary/Country.aspx?CountryID=5. Acessado em: 12 de julho de 2020.

TOKURA K. L. E NÓBREGA P.H.L. Alelopatia de cultivos de cobertura vegetal sobre plantas infestantes. Acta Sci. Agron. Maringá, v. 28, n. 3, p. 379–384, July/Sept., 2006.

Autora:

Mariana Miranda Wruck, acadêmica do 6º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.

E-mail:marianamwruck@gmail.com

Telefone: (55) 9 9676–3285

Texto publicado em: https://maissoja.com.br/supressao-de-plantas-daninhas-durante-a-entressafra-de-soja/

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