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Estresse hídrico na cultura da soja no RS — atenuantes naturais



A safra de 2019/20 da cultura da soja ressaltou o dano que a falta de água em momentos críticos do desenvolvimento da lavoura pode causar. Nessa safra, enormes perdas por déficit hídrico foram constatadas no estado do Rio Grande do Sul, cenário que parece se repetir com intensidade variável na safra 2020/21. Até o dia 20 de maio de 2020, data em que se estava praticamente encerrada a colheita de soja, foram relatadas 10.099 vistorias de Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) por técnicos da Emater/RS-Ascar, todos por perdas decorrentes da estiagem. (JUNIOR et al., 2020).

O cenário para a safra atual é ainda mais preocupante: de acordo com a Organização das Nações Unidas (2020) há probabilidade de 90% das características de La Niña se manterem até o final do ano e existe a possibilidade (55%) de que esse quadro se estenda durante o primeiro trimestre de 2021.

Na imagem abaixo (Figura 1), podemos notar uma linha central com plantas de soja melhores desenvolvidas, apresentando maior porte, coloração verde mais intensa e aspecto mais saudável. Isso acontece pelo fato dessa linha estar posicionada no centro de um canal que conduz o desague da calha da sede da propriedade, fazendo com que esse solo fique mais úmido, demonstrando o quanto a cultura da soja responde à água disponível.

 

Figura 1 — Linha de soja mais desenvolvida. Fonte: Arquivo pessoal

No atual contexto, a busca pela utilização de manejos que reduzam as perdas por falta d’água torna-se quase que o caminho único que o produtor rural deve tomar, pelo fato da necessidade que as cultivares atuais apresentam e a falta de regularidade na precipitação nos últimos anos. A utilização de consórcios bacterianos inoculados à semente de soja é uma alternativa ecológica, rentável e que apresenta bons resultados na diminuição dos danos provenientes do déficit hídrico.

Bárbaro et al. (2009) já demonstrava que a utilização de Bradyrhizobium japonicum inoculado na semente de soja mais coinoculação de Azospirillum brasilense obtiveram o melhor resultado em peso de mil grãos e também na produtividade final de grãos, por mais que o último não diferisse estatisticamente dos demais tratamentos.

Entretanto, o enfoque atual é na mitigação do estresse hídrico, e a utilização de Bradyrhizobium japonicumAzospirillum brasilenseBacillus aryabhattaiPaenibacillus sp. e Bacillus sp. denotaram mecanismos que tendem auxiliar na tolerância ao déficit hídrico como a formação de biofilmes nas raízes da soja e a síntese do fito-hormônio ácido indol-acético. Também o B. japonicumB. aryabhattai Paenibacillus sp., apresentaram influência na formação de halo de fosfato em placa através da solubilização do nutriente, o que indica maior facilidade de a planta acessar essa nutriente. Já o consórcio de todas essas, menos o A. brasilense, foi o tratamento que apresentou maior valor de massa seca do sistema radicular e teor de clorofila. (MORAIS et al., 2017)

Vale destacar, que a Equipe Mais Soja (2019) já mencionou que o A. brasilense possui características quando associado a cultura da soja que auxiliam no desenvolvimento radicular, reduzindo perdas em situações de estresse hídrico.

Através dos relatos apresentados, é possível concluir que a utilização de inoculação e coinoculação representam, além de todos os outros benefícios que trazem, que a figura 2 nos mostrará, onde há aumento no desenvolvimento de raízes, acarretando em maior área para simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio, aumentando a disponibilidade desse nutriente para o desenvolvimento da cultura. Mostra-se também como um excelente manejo para anos em que se projeta baixas precipitações durante o decorrer da safra. Fazendo valer o investimento, que varia de 8 a 15 reais por hectare, na utilização dessa prática e de que tomem os cuidados específicos que ela necessita, como a semeadura em períodos de menor intensidade solar e também as práticas que visam uniformizar o espalhamento do inoculante nas sementes, para que possam obter melhores resultados sobre essa adversidade.

Figura 2 — Planta de soja com raízes muito bem desenvolvidas

Referências bibliográficas

JUNIOR, Luiz Fernando Rodriguez; SANDRI, Geraldo; FRANTZ, Guinter. CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS OCORRIDAS NO RIO GRANDE DO SUL — 14 A 20 DE MAIO DE 2020. RELATÓRIO OFICIAL Nº 19/2020-SEAPDR, [S. l.], p. 01–11, 21 maio 2020. Disponível em: https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/202005/21175104-relatorio-19-estiagem-seapdr.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.

BÁRBARO, Ivana Marino; MACHADO, Paula Cristiane; JUNIOR, Laerte Souza Bárbaro; TICELLI, Marcelo; MIGUEL, Fernando Bergantini; SILVA, José Antonio Alberto da. PRODUTIVIDADE DA SOJA EM RESPOSTA Á INOCULAÇÃO PADRÃO E CO-INOCULAÇÃO. Coloquium Agrarine, [S.I.], v. 5, n. 1, p. 01–07, Jan-Jun. 2009. DOI: 10.5747/ca.2009.v05.n1.a0040. Disponível em: http://revistas.unoeste.br/index.php/ca/article/viewFile/372/510. Acesso em: 30 nov. 2020.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. La Niña entra em ação e deve perdurar até 2021, segundo agência da ONU. ONU News, [S. l.], p. 1–1, 29 out. 2020. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/10/1731062. Acesso em: 30 nov. 2020.

MORAIS, J. F. A. et al. Avaliação de consórcios bacterianos para mitigar os efeitos do estresse hídrico em cultura de soja. InSIMPÓSIO CIENTÍFICO DOS PÓS-GRADUANDOS NO CENA NOVOS TEMPOS NA PESQUISA: TRANSFORMAÇÃO, LIDERANÇA E INOVAÇÃO, X., 2017, CENA/USP — Av. Centenário, 303 — São Dimas, Piracicaba — SP, 13400–970. [S. l.s. n.], 2017.

Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/172407/1/RA-MeloIS-X-SCPG-Cena-2017.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.

EQUIPE MAIS SOJA. Inoculação reduz custos com fertilizantes na soja. MaisSoja, [S. l.], p. 1–1, 23 set. 2019. Disponível em: https://maissoja.com.br/inoculacao-reduz-custos-com-fertilizantes-na-soja/#:~:text=Elas%20captam%20nitrog%C3%AAnio%20do%20ar,que%20a%20planta%20consegue%20absorver.&text=O%20avan%C3%A7o%20no%20conhecimento%20dos,em%20situa%C3%A7%C3%B5es%20de%20estresse%20h%C3%ADdrico. Acesso em: 30 dez. 2020.

Autor:

Alexandre Castro Reis, acadêmico do 8º semestre curso de Agronomia e bolsista do PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria.

Texto publicado em:

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