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Mulheres na Tecnologia, Ciência e Computação



Olá pessoal, como vão? O PET-SI preparou para você mais uma redação, desta vez abordando um tema super atual e importante: Mulheres na Tecnologia. Confira!

Vamos começar pensando em um panorama mais geral: quando a informática passou a estar presente como um curso de graduação em algumas instituições. Veja por exemplo, você sabia que a primeira turma do bacharelado em Ciências da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade de São Paulo (USP), em 1974, possuía 20 alunos, dos quais 14 eram mulheres? Isso mesmo, 70% da turma deste ano era formada por mulheres. Agora veja a turma de 2016, que possuía 41 alunos, porém, apenas 6 eram mulheres, cerca 14,6% apenas. Mas o que mudou ao longo desses anos? Vamos descobrir!

Fonte: Carolina Marins Santos, jornal da USP. Disponível em: https://jornal.usp.br/universidade/por-que-as-mulheres-desapareceram-dos-cursos-de-computacao/

A turma presente na foto exibida anteriormente provém da migração de alunos da Licenciatura em Matemática, que na época, era formado em grande parte por mulheres. Conforme a ex-aluna da turma, Maria Elisabete Bruno Vivian comenta, a licenciatura é um curso com o intuito de formar professores, e, desde tempos antigos até a atualidade, é uma carreira bastante associada a mulheres e é majoritariamente feminina. Assim, na época, muitas das alunas do curso de Matemática mostraram interesse na informática e, com a abertura do curso, elas migraram para o curso de computação. No caso da Maria, o curso ainda não existia quando se matriculou na licenciatura, então não perdeu a oportunidade. Segundo ela, a área ainda era novidade e, portanto, não se tinha ideia da atratividade da mesma. Com o número grande de vagas e os salários atraentes que foram surgindo, começou a atrair o público masculino, alterando o cenário daquele momento. 

Segundo Renata Wassermann – professora Dr. associada ao departamento de Ciência da Computação do IME –, entre 1970 e 1980, com a chegada dos computadores pessoais, o computador ganhou a “marca” de masculino que o acompanha até hoje.

Voltando um pouco mais na história da informática, um trabalho bem interessante para leitura, é “Mulheres na informática: quais foram as pioneiras?”, desenvolvido por Juliana Schwartz, Lindamir Salete Casagrande, Sonia Ana Charchut Leszczynski e Marília Gomes de Carvalho. Conforme é comentado no trabalho, ciência, matemática, informática e tecnologia andam lado a lado, pois a informática provém da ciência: os primeiros computadores eram as calculadoras antigas, que serviam para realizar cálculos repetitivos de acordo com instruções oferecidas a elas. Considerando esses aspectos, muitas mulheres contribuíram para a ciência ao longo da história, assim como para a informática. Infelizmente, porém, elas foram ocultadas da nossa história, apesar de suas importantes contribuições. Ao longo desta redação, iremos lhe apresentar algumas dessas grandes mulheres.

A grande questão que surge ao analisarmos esse contexto é: por que isso ocorreu? De acordo com o trabalho citado anteriormente, alguns estudiosos pensavam na mulher como se não tivessem capacidade de produzir mudanças, de pensar logicamente e com clareza, mas outros em oposição, argumentam que, na verdade, elas podem significar uma ameaça, pois no momento em que contribuírem para a ciência, poderão mostrar sua capacidade e que estão no mesmo nível. Com o trabalho, é possível notar alguns pontos que estudiosos antigamente possuíam sobre a mulher, como o caso dela ser incapaz de contribuir para a ciência, e, por sua vez, informática. Infelizmente, isso ainda está presente na nossa sociedade, desde os tempos antigos, onde muitos parecem manter esses pensamentos e se recusando a pensar racionalmente, apesar de as mulheres serem tão capazes quanto os homens. 

O trabalho também relata que para alguns estudiosos, algumas características assumidas como femininas – como a cooperação e empatia, por exemplo – atrapalham nos estudos científicos por deixá-los menos objetivos e “científicos”. Esse tipo de pensamento equivocado e incorreto é o que prevaleceu, em boa parte, até os dias atuais. Desde tempos antigos até o presente, o papel da mulher é, em grande parte, atribuído a cuidados com a casa, família, etc., enquanto o dos homens, associado ao trabalho exterior – o que é incorreto. Assim, a mulher já enfrenta dificuldades no próprio trabalho fora do lar, em razão desses preconceitos, o que somente se acentua quando estamos falando de tecnologia e ciência.

No mundo científico, mesmo com o aumento da participação de mulheres na área, o trabalho “Mulheres na informática: quais foram as pioneiras?” fala da ainda predominância de homens nas áreas das ciências exatas, enquanto que a maior participação das mulheres se dá nas áreas consideradas, por alguns, como mais voltadas ao feminino – que é o caso da educação e saúde. Isso ocorre por uma série de fatores: desde a falta de estimulação para as mulheres em seguir nessas áreas – vindo desde a escola –, enquanto que os homens tendem a ser estimulados em casa, por professores, etc.; o preconceito quanto à presença feminina nas áreas das ciências exatas; a constante necessidade de provação que as mulheres enfrentam, tendo que provar seguidamente que são capazes de ocupar aquela posição; até a falta de representatividade, pois, ao observarem o pequeno número de mulheres na área, não se sentem representadas suficientemente para entrar em tal ambiente competitivo.

Constantemente mulheres são desmotivadas a seguirem na carreira da tecnologia, ouvindo falas como “Lugar de mulher é…”, “Mulheres são melhores para humanas que exatas”, “Isso é coisa de homem…” e muitas outras. Isso torna difícil para mulheres irem para a área, com o desestímulo na família, escola e até na mídia. 

Veja por exemplo, quando dizemos a palavra “programador” o que pensamos? Em um “nerd” – outro termo geralmente mal utilizado – de óculos, com cabelo comprido, usando aparelho dental, bebendo café e que não sai da frente de um computador. De fato, pode existir algum programador com essas características, mas é uma profissão extremamente estereotipada nesse sentido, pois todos são seres humanos com características distintas e não necessariamente por estarem em uma área de estudo ou pesquisa apresentaram comportamentos e aparências iguais ao preconcebido. 

Em relação ao preconceito enfrentado por algumas mulheres, está não somente o ambiente desrespeitoso e tóxico em alguns casos, mas também a discriminação, o constante julgamento e desigualdade de tratamento, além dos salários. No trabalho de Larissa M. da F. Galeno, Maria Eduarda H. Lucena, Tainá da S. Lima e Maria Luiza M., “Minerv@s Digitais: encorajando e acolhendo mulheres na computação”, por exemplo, as autoras comentam que ainda que as mulheres se concentrem na função de analista de sistema – cerca de 47% dos profissionais – elas conseguem alcançar um teto salarial menor que os dos homens.

Já quanto à necessidade de provação e ao constante julgamento sofrido, há grandes desistências de prosseguimento das carreiras na área da computação e muitas mulheres sofrem com o sentimento de inadequação provocados nelas, bem com a Síndrome do Impostor, quando muitas mulheres sentem que não são capazes de estar na posição que ocupam e que seus esforços não foram tão significativos. Segundo as autoras do trabalho, “No Brasil, 17% dos programadores eram mulheres (Frasbasile, 2018) e no mundo, 41% das mulheres que atuavam na área desistiram de suas carreiras (Hewlett, 2008).”.

Com todas as dificuldades apresentadas, muitas mulheres das áreas de informática e computação vêm buscando formas de incentivar outras mulheres a se juntarem e decidirem seguir carreira nessas áreas. É o caso de alguns programas que iremos apresentar para você.

Programas e Grupos de Mulheres da Computação

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi criado o grupo BIT Marias, que tem “o objetivo de dar apoio e visibilidade à participação feminina na computação, ciência e tecnologia”, também proporcionando um espaço de acolhimento para as mulheres estudantes. No site da UFSM você pode conferir algumas informações sobre o grupo: https://www.ufsm.br/unidades-universitarias/ct/2019/12/18/grupo-da-ufsm-fomenta-a-participacao-feminina-na-computacao/, assim como no seu instagram: https://www.instagram.com/bitmarias/.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as mulheres se uniram para criar o grupo program.ada: mulheres da computação. O nome do grupo foi uma homenagem a Ada Augusta King – condessa de Lovelace, conhecida também como Adas Lovelace –, considerada a primeira programadora da história, que ainda irá ser apresentada nesta redação.  O objetivo do grupo é “criar um ambiente mais acolhedor e seguro para todas as alunas, professoras e funcionárias da comunidade do Instituto de Informática da UFRGS, além de encorajar novas mulheres a ingressarem na tecnologia.” – confira mais informações em http://www.inf.ufrgs.br/programada/.

Já na Universidade Federal de Goiás (UFG), por exemplo, mulheres dos cursos de informática se uniram para criar um projeto, chamado ADAs, para incentivar as mulheres, proporcionar um ambiente amigável e acolhedor para “promover o empoderamento feminino no âmbito das áreas da Computação” – você pode conferir mais informações no Jornal da UFG em https://jornal.ufg.br/n/140947-projeto-adas-incentiva-mulheres-nos-cursos-de-informatica. O nome do projeto também foi escolhido em homenagem à primeira programadora.

A Sociedade Brasileira da Computação também possui um programa, chamado de Meninas Digitais, que tem como objetivo “despertar o interesse de meninas para seguirem carreira em Tecnologia da Informação e Comunicação”. Você pode conferir mais informações em: https://meninas.sbc.org.br/sobre/. 

Outras universidades, grupos e empresas vêm criando iniciativas para trazer mais mulheres para a área da tecnologia e existem vários deles. Esperamos assim, conseguir facilitar o acesso para as mulheres, à tecnologia, e criar um ambiente acolhedor para as mulheres que estão na área ou que pretendem ingressar.

Mulheres na Ciência e Tecnologia

Agora que aprendemos um breve histórico sobre as mulheres na ciência e tecnologia, sobre os desafios que elas enfrentavam e ainda enfrentam e sobre os grupos de apoio existentes, vamos conferir algumas mulheres que contribuíram para o desenvolvimento da ciência e tecnologia!

Ada Lovelace

Ada Lovelace, que serviu de inspiração para o nome de vários grupos de mulheres da computação apresentados, é considerada a primeira programadora – não somente a primeira mulher programadora, mas a primeira programadora da história. Ela escreveu o primeiro algoritmo de computador para ser processado por uma máquina. A máquina era a Máquina Analítica, de Charles Babbage, a precursora dos computadores que encontramos na atualidade.

Fonte da imagem: https://www.ufrgs.br/enigma/ada-lovelace/

Hedy Lamarr

Hedy Lamarr, por sua vez, desenvolveu uma grande contribuição tecnológica durante a Segunda Guerra Mundial, junto a George Antheil. Ela desenvolveu um sistema de comunicação para as Forças Armadas dos Estados Unidos, que permitiu o desenvolvimento de diversos tipos de comunicação sem fio que conhecemos.

Fonte da imagem: https://www3.unicentro.br/petfisica/2021/04/09/hedy-lamarr-a-mae-do-wi-fi-1914-2000/


Grace Hopper

Grace Hopper foi uma analista de sistemas e criou a linguagem de programação Flow-Matic, de alto-nível. Essa linguagem serviu como base para a criação da famosa linguagem de programação COBOL.

      Outra curiosidade bacana, você sabe de onde surgiu o termo “bug” que usamos quando encontramos algum erro no nosso sistema? Pois, Grace Hopper deu origem ao nome ao encontrar um problema na sua máquina, que possuía uma mariposa em seu interior: daí veio o termo “bug”, que, no português, significa inseto. Ela também batizou o processo de encontrar erros, o “debugging”, ou remoção do inseto/falha.

Fonte da imagem: https://canaltech.com.br/internet/as-dez-mulheres-mais-importantes-da-historia-da-tecnologia-59485/

Stephanie Steve

Stephanie é pioneira britânica em Tecnologia da Informação e fundou a empresa Freelance Programmers, sua própria empresa de software para mulheres, construída por mulheres. Ela tinha como objetivo criar oportunidades de trabalho para mulheres. Ao longo de sua vida, enfrentou diversos desafios e teve que adotar o nome “Steve” para ajudá-la no mundo dos negócios, uma vez que com seu nome original, não obtinha respostas ou quando as recebia, eram negativas às suas intenções.

Fonte da imagem: https://www.unssc.org/about-unssc/speakers-and-collaborators/dame-stephanie-steve-shirley/

Dorothy Vaughan

Dorothy Vaughan tornou-se a primeira supervisora negra, mulher, do NACA – em 1949 – e conseguiu abolir as instalações segregadas da época quando a NACA fez a transição para a NASA – em 1958. Ela recebeu o título de Chefe de Seção, o que lhe deu uma grande e rara visibilidade em todo o laboratório de pesquisa, atuando em projetos como a compilação de um manual de métodos algébricos para máquinas de calcular, ficando famosa pelo seu vasto conhecimento em Fortran. Você pode conferir mais informações em: https://www.nasa.gov/content/dorothy-vaughan-biography

Fonte da imagem: https://www.nasa.gov/content/dorothy-vaughan-biography

 

Margaret Hamilton

Margaret Hamilton, cientista da computação, engenheira de software e empresária, desenvolveu o programa de voo usado no projeto Apollo 11, a primeira missão tripulada à Lua.  O seu software conseguiu impedir que o pouso na Lua fosse abortado.

      Mais uma curiosidade interessante: ela é creditada por ter criado o termo “engenharia de software”, que tanto ouvimos na atualidade.

Fonte da imagem: https://www.ufrgs.br/enigma/margaret-hamilton/

Katie Bouman

Katie Bouman, aos 29 anos, foi responsável por desenvolver o algoritmo que auxiliou a equipe de cientistas a construir a primeira imagem dos arredores de um buraco negro. Você deve se lembrar da imagem que circulou nas mídias, jornais, reportagens e redes sociais, semelhante a um anel de luz. Isso mesmo, Katie Bouman, cientista da computação, desenvolveu o algoritmo que ajudou na construção desta imagem! Ela serve de inspiração para muitas mulheres que desejam seguir na área.

Fonte da imagem: https://www.ufrgs.br/enigma/katie-bouman/

Outras Mulheres que Contribuíram Para a História da Tecnologia

Há tantas mulheres que contribuíram para a história da tecnologia, que se fôssemos falar de todas essa redação seria muito extensa. Para conhecer mais mulheres que tiveram grandes contribuições e são grandes inspirações, recomendo dar uma lida nessa contribuição do Canal Tech: https://canaltech.com.br/internet/as-dez-mulheres-mais-importantes-da-historia-da-tecnologia-59485/

Considerações finais

Com nossa leitura, podemos verificar, de modo geral, algumas das dificuldades enfrentadas por mulheres que se interessam por tecnologia e ciência e conseguimos notar a grande queda que a participação das mulheres na área sofreu ao longo dos anos. Apesar disso, atualmente há diversos movimentos para voltarmos a ter nosso espaço e continuarmos nos desenvolvendo. 

Particularmente, não tive muitas experiências negativas no breve período em que me encontro na área, mas me baseei no relato de colegas da área para contextualizar um pouco dos problemas encontrados na atualidade. Venho com esta redação tentar mostrar a todos que somos todos humanos e independentemente se somos homens, mulheres, etc, temos capacidades e nossos sonhos para seguir e anseio que um dia essa temática não tenha mais necessidade de ser abordada, pois todos conseguiram notar o potencial de todos para a tecnologia, ciência, informática e qualquer outra área.

Para mulheres que se interessam por informática, saiba que a informática é para todos e há diversos grupos, como alguns dos já apresentados nesta redação, para ajudá-la nessa jornada. Não desista!

Raíssa Arantes

Dicas de leitura e referências:

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