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Aprendendo a matemática abstrata: conheça o Método Líquen



“Todos os dias, ao nascer do sol, levava para o campo o grande rebanho e era obrigado a trazê-lo ao abrigo antes de cair à noite. Com receio de perder alguma ovelha e ser severamente castigado, contava-as várias vezes durante o dia. Fui, assim, adquirindo, pouco a pouco, tal habilidade em contar, que, por vezes, num relance, calculava sem erro o rebanho inteiro. Não contente com isso, passei a exercitar-me contando os pássaros quando, em bandos, voavam pelo céu afora. Tornei-me habilíssimo nessa arte.”

Assim começa a história de Beremiz Samir, personagem do livro “O homem que Calculava”. A obra, publicada em 1938 pelo escritor Malba Tahan (pseudônimo de Julio Cesar de Mello e Souza), é comumente apresentada por professores de matemática para explicar um pouco da utilização dos números no dia a dia. Entre viagens e aventuras pelo Oriente Médio, Samir se depara com diversas questões cotidianas envolvendo problemas numéricos e encontra, nos cálculos mentais, sua habilidade mais preciosa: soluções e formas de terminar sua jornada rumo a Bagdá.

Bem, talvez você não seja um Beremiz Samir na matemática da vida, mas também precisa saber alguns cálculos mentais no seu cotidiano, como quando, por exemplo, o caixa do supermercado pede para você conferir o troco. No entanto, diferente da Fórmula de Bhaskara que você aprende na escola, os cálculos mentais não podem ser ensinados: vai de cada um desenvolver suas próprias estratégias para lidar com os problemas. Digamos que, aqui, você precisa fazer como Samir: treinar essas habilidades para saber utilizá-las. Mas não se desespere, de acordo com a professora Sabrina Zancan, da UFSM campus Palmeira das Missões, alguns conhecimentos podem e devem ser ensinados para facilitar o uso dessas estratégias “calculares”.

Durante a conclusão do seu doutorado em Educação em Ciência, sob a orientação do professor Ricardo Sauerwein, a professora Zancan desenvolveu um novo instrumento de ensino para trabalhar com essas habilidades, batizado de Método Líquen. “A ideia inicial para criar o método surgiu da minha dificuldade ao ensinar matemática no Ensino Superior. Muitos dos alunos chegam à Universidade com grande dificuldade em realizar cálculos envolvendo aritmética básica, enquanto outros dominam o cálculo mental e têm mais facilidade em aprender novos conteúdos”, comenta a professora.

A questão começou a ser trabalhada em 2013, quando ela iniciou os primeiros estudos para criar uma metodologia que desenvolvesse, nos alunos, o cálculo mental. Apesar de ser um problema notado no Ensino Superior, esse método foi estruturado para ser aplicado bem mais cedo, ainda nas séries iniciais da educação, para que seja possibilitado, aos alunos, desenvolverem os conhecimentos matemáticos utilizando o raciocínio lógico e o cálculo mental junto à sua formação escolar.

Desde o início da pesquisa, há sete anos, o método Líquen vem sendo refinado e reformulado, atualmente encontrando-se implementado em onze escolas de Palmeira das Missões, Redentora e Sagrada Família, totalizando mais de 60 professores e 900 alunos beneficiados. Mesmo sendo um método novo para o ensino da matemática, a professora Sabrina faz uma ressalva: “como os conteúdos abordados pelo método são restritos, ele não pode substituir os conteúdos previstos na Base Nacional Comum Curricular, ou seja, o professor agrega o método às suas práticas”.

Para Marizete Kerber Piovesan, participante do projeto há cinco anos  e diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Cacique Neenguiru, localizada em Palmeira das Missões, a escola vem observando mudanças positivas nos alunos que participam do método, tais como uma melhor organização do cálculo mental, facilitando a agilidade do raciocínio, e uma busca rápida por respostas. Além disso, são realizadas, diariamente, atividades propostas pelo método Líquen em todas as turmas dos anos iniciais. Marizete lembra que a escola decidiu aderir à proposta porque acreditou que o Método Líquen seria inovador e que desafiaria os alunos no desenvolvimento do raciocínio lógico matemático.

“Após anos de aplicação do método na escola, concluímos que ele é um projeto maravilhoso, aprovado tanto pelos alunos quanto por todos os professores que trabalham com ele. Além disso, os alunos adoram o momento do método e realizam desafios saudáveis entre eles: quem conclui primeiro as atividades e obtém cem por cento dos acertos”, finaliza a diretora.

O projeto é apoiado pelo Fundo de Incentivo à Extensão (FIEX UFSM) e conta com uma bolsista do curso de Pedagogia.

 

Texto: Wellington Felipe Hack
Núcleo de Divulgação Institucional

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