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Você já ouviu falar sobre desgaste acadêmico?

Jenifer Agarriberri Gosmão (Lenora Consales)
Revisão: Andressa Mourão Duarte e Leandra da Silva Cunha

Sabe-se que as Universidades no Brasil, cada qual com suas particularidades, são dominadas hegemonicamente por indivíduos brancos e cisgênero, heteronormativos e de classes altas. Atualmente dentro das instituições de ensino superior tem-se debatido questões em torno da saúde mental dos estudantes, sobretudo aqueles que propõem um olhar e cuidado sobre o desgaste acadêmico sofrido pelos estudantes ao longo da formação. Evidenciasse que esse desgaste é agravado quanto mais houver cobranças excessivas não apenas em relação ao curso em si, mas em relação ao lugar desse estudante, as intersecções que permeiam a vida desses indivíduos como por exemplo, as questões de gênero, raça e classe.

Quando pensamos em desgaste acadêmico logo associamos esse termo ao adoecimento mental dos estudantes, pensa-se também nos diversos fatores que levam o estudante a esse desgaste emocional, físico e mental, entre eles; o novo; a quebra das perspectivas antes alimentadas e quebradas ao ingressar na universidade, o novo dentro de sua própria identidade e construção enquanto indivíduo e coletivo; a ruptura com as formas de pensar e se ver diante do mundo; a distância da família e do lar; a não imersão em um “grupo”; o não se ver no outro; a pressão mental imposta pelos professores e em não raros casos, os abusos de poder destes em relação ao aluno; a incompreensão e banalização da saúde mental como algo urgente a ser tratado; a competitividade no meio acadêmico e certamente o Racismo, a  Lgbtfobia+, a Xenofobia que contribuem para agravar ainda mais esse desgaste acadêmico que propicia, na maioria das vezes, um adoecimento mental e físico.

A naturalização no meio acadêmico, de comportamentos nocivos e a cobrança por resultados excelentes de produção cada vez maiores foram apontados em uma pesquisa do Laboratório de conexões intermidiáticas, como fatores determinantes para os altos índices de adoecimento mental estudantil. Outro fator contribuinte para esse desgaste e adoecimento é a relação entre professores e alunos. Os primeiros acham que os alunos devem ingressar nos cursos superiores já tendo uma compreensão da lógica acadêmica, o que pode dificultar o aprendizado, pois é comum que o professor tenha como pressuposto que estes estudantes tenham uma boa noção da área escolhida, deixando assim de explicar o conteúdo de maneira mais aprofundada.

Pautando a questão racial como agravamento do adoecimento mental, precisamos lembrar “o que é ser negro no Brasil?”, desta forma percebemos mais “facilmente” que o negro na universidade faz uma multiplicação de esforços a fim de permanecer neste meio.

No Brasil é sustentado o mito da “democracia racial”, o qual diz que todas as pessoas de todas as raças, vivem harmoniosamente no País. Essa falácia se alastra por todos os meios institucionais (o que chamamos de racismo institucional) impedindo que estudantes negros alcancem maiores possibilidades  de permanência na universidade, lugar de fala, e políticas públicas objetivadas na realidade desses indivíduos.

Portanto, podemos afirmar que o negro dentro da universidade faz um acúmulo de esforços múltiplos, como defende o psicólogo social Valter da Mata, sendo eles: Financeiro (constatando que a maior parcela da população pobre é preta); Subjetivo – falta de referencial teórico de intelectuais negros (as) na universidade que contribui para a deslegitimação das falas de estudantes negros -; e ‘Acadêmicos’ avaliando toda a pressão professor-aluno, carga horária, prazos, produção, competitividade, abuso dos professores, trabalho para garantir renda para sustento próprio, renda para eventos a fim de enriquecer currículo, etc. Todos esses fatores ocasionam um maior desgaste e adoecimento mental ao estudante negro, conduzindo-o a evasão do ensino superior a partir da desistência, trancamento ou até mesmo o suicídio. Afinal quantos negros entram na universidade e quantos se formam?

Referência Bibliográfica

LARA, Maria Gabriela. O ignorado adoecimento mental dos estudantes universitários. 12.10. 2017 Acessado em: 1.07.2018
http://labcon.fafich.ufmg.br/o-ignorado-adoecimento-mental-dos-estudantes-universitarios/

Resende, Laila. A saúde mental dos negros na universidade. 15.07.2017
Acessado em: 01.07.2018<https://rededandarasblog.wordpress.com/2017/08/15/a-saude-mental-dos-negros-e-negras-na-universidade/>.

Ribeiro, Stephanie.  Dossiê: falas e falhas da universidade: O negro e a universidade: o que posso falar disso.
Acessado em:17.07.2018http://www.revistadr.com.br/posts/o-negro-e-a-universidade-o-que-posso-falar-disso

Da Mata, Valter. O racismo é, sim, promotor de sofrimento psíquico.
Acessado em: 18.07.2018<https://site.cfp.org.br/o-racismo-e-sim-promotor-de-sofrimento-psiquico/>