Ir para o conteúdo Egressos Ir para o menu Egressos Ir para a busca no site Egressos Ir para o rodapé Egressos
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Em homenagem ao Dia do Psicólogo, conversamos sobre Saúde Mental na Pandemia com Maria Eduarda, egressa do curso.



Hoje, dia 27 de agosto, é o Dia Nacional do Psicólogo. Uma data muito importante, pois, foi nesse dia em 1962 que o presidente da época, João Goulart, sancionou a Lei 4.119 que finalmente tornava a psicologia, de fato, uma profissão. Um episódio marcante que aconteceu após muita luta e mobilização de profissionais da área na época. A lei só foi regulamentada em janeiro de 1964 (Decreto 53.464) e o Dia Nacional instituído só em 2016 (Lei 13.407/2016).

E nesse dia tão especial conversamos com a egressa Maria Eduarda Freitas Moraes sobre Saúde Mental na Pandemia, ela que é Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (2015). Mestra em Psicologia, com ênfase em Psicologia da Saúde, pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSM no qual foi bolsista CAPES e realizou mobilidade acadêmica na Universidad Nacional de Cuyo (2017). Trabalha como psicóloga na Fundação Hospitalar Getúlio Vargas – FHGV, em Sapucaia do Sul/RS, no C CAP – Centro Clínico de Atendimento Psicológico e em consultório particular, em Porto Alegre/RS. Confira:  

Volver – Como a pandemia está afetando a sua rotina e seu trabalho?

Maria – A pandemia afeta de forma diferente dois espaços nos quais eu trabalho, embora eu exerça a mesma função deles. Na clínica e no consultório privado, tenho realizado atendimentos à distância. Esses, apesar das limitações e discussões teóricas sobre a viabilidade, me surpreenderam quando comecei a realizá-los – tanto no lugar de psicóloga quanto no lugar de paciente – pela produtividade, que eu ingenuamente não esperava que fosse tão possível, e pela importância de sustentar um laço e falar sobre o período angustiante que temos vivenciado.

No outro espaço em que trabalho, na unidade de internação em saúde mental de um hospital público, segui trabalhando presencialmente durante a pandemia. Lá percebi que a pandemia intensificou alguns sentimentos e sintomas que as pessoas apresentavam mesmo previamente a ela, principalmente sentimentos de tristeza, insegurança, desamparo. O trabalho no hospital segue “normalmente” em alguns períodos, no sentido de que algumas demandas ainda são semelhantes ao que se encontrava antes, mas a sensação de insegurança e a intensificação de outras questões que antes já se faziam presentes estiveram muito marcadas em alguns períodos. Minha rotina desde a metade de março tem sido sair de casa apenas para ir ao hospital ou ao mercado. Certamente tem sido desgastante não poder ter contato físico com amigos e familiares próximos; chamadas de vídeo se tornaram mais frequentes. Para mim, que trabalho uma carga horária que às vezes questiono se é a que eu gostaria, passei a valorizar muito mais meus momentos de lazer e de estar com as pessoas que gosto de conversar. A percepção da responsabilidade do cuidado em relação a si e em relação ao outro também se tornaram mais presentes e mais visíveis, tanto no âmbito profissional quanto pessoal.

Volver – Hoje, existe um grande fluxo de informações circulando. O tempo todo somos bombardeados de notícias sobre a pandemia, como essa quantidade de informações influencia o comportamento das pessoas?

Maria – Quando me falam sobre “bombardeamento” de notícias e de aceleração da rotina e do tempo, costumo citar o livro da Maria Rita Kehl chamado “o tempo e o cão” – existe também um vídeo de um seminário onde a autora também expõe questões parecidas (disponível no youtube). Eu cito a fonte porque acho que vale a pena consultar para quem se interessa por essa questão. A autora fala da perda da experiência como assimilação e apropriação do que se vivencia que pode ocorrer quando vivemos em um tempo acelerado, sem tempo para elaborar aquilo que nos incomoda, para questionar nossa rotina e se ela é compatível com o que queremos. A autora também fala da importância do ócio nesse sentido. Uso essa referência para dizer que é essencial nos informarmos sobre o que acontece, mas também pensar nas fontes e na freqüência e como consumimos as informações, o que vale a pena para cada um dedicar o seu tempo ou não. Retomando a questão, acredito que uma grande quantidade de informações faz com que a gente perca o momento de refletir sobre o que acontece e, com isso, sejamos tomados por um sentimento de desamparo, que nos impede de pensar como cada sujeito pode agir localmente para lidar com o que está acontecendo e com o que está o incomodando.

Volver – Quais dicas você pode dar para que as pessoas consigam manter a saúde mental durante este período?

Maria – Não existe dica que possa valer para todas as pessoas. O que posso afirmar é que não é sinal de saúde passar por esse ano supondo que nada demais está acontecendo ou que uma pandemia é bobagem. Retomando a questão das dicas, posso falar um pouco do que tem me auxiliado a suportar esse período de quase seis meses de quarentena (saindo apenas para trabalho e ir ao mercado basicamente), mas certamente essa será a minha experiência.

A melhor dica que posso dar é buscar ajuda profissional caso você perceba que está mais sensível, angustiado, com pensamentos que te causam preocupação, para que, junto a um profissional qualificado para te escutar, você possa entender mais como está vivenciando esse período de pandemia e o que esse período sensibiliza da sua história. Existem serviços que oferecem atendimento psicológico ao público de qualidade em Santa Maria, alguns na própria universidade. Não hesite e não desista de buscar ajuda se você entender que é importante para você, se você entender que precisa de um espaço para falar do que vem te acontecendo e te incomodando.

Quanto à minha experiência, posso dizer que, durante esse período, tenho estado atenta a buscar ajuda quando é necessário, desenvolver recursos e fortalecer algumas relações para me sentir menos sozinha, reforçar a importância dos momentos de lazer para mim, reconhecer minhas limitações e me concentrar no que posso efetivamente fazer, buscar conversar com pessoas que possam me auxiliar, me questionar e também me motivar para o que eu quero efetivamente realizar, exigir menos que eu dê conta de muitas tarefas, algumas intermináveis, e estar mais ciente que eu quero estar presente em cada situação da minha rotina – menos preocupada em relação ao futuro ou angustiada em relação ao passado.

 

Psicólogos são profissionais plurais, que trabalham em diversos segmentos e são extremamente importantes. Nós da equipe VOlVER desejamos a todos um ótimo dia! 

 

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-639-277

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes