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João Heitor Silva Macedo, egresso de História, conta sobre sua trajetória e sobre o seu livro “CULTURA, EDUCAÇÃO E ENSINO DE HISTÓRIA PARA O COMBATE AO RACISMO”.



A primeira entrevista do mês de agosto conta com a presença de João Heitor Silva Macedo, egresso da turma de História de 1996, fez mestrado em história pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1999) e doutorado em história pelo PPGH da UFSM (2019). É Professor no Rio Grande do Sul, trabalhou em grandes instituições de ensino e é atual diretor do Museu Comunitário Treze de Maio em Santa Maria, o qual também é cofundador. Recentemente sua tese de doutorado se tornou um livro e ele nos conta um pouco desse processo e como ocorreu a fundação do museu comunitário.

 

Volver – Para começar, como surgiu esse interesse por estudar história? E qual foi o papel da UFSM nesse caminho?

Falar um pouco da minha história na universidade é lembrar do tempo da minha adolescência, comecei a cursar licenciatura em história em 1993, eu tinha apenas 17 anos e a universidade era um campo totalmente diferente para mim, era uma realidade diferente, era uma diversidade diferente de tudo aquilo que eu havia vivido ao longo dos meus 17 anos de vida, vinha de uma escola pública de Santa Maria com um cenário totalmente diferente, eu convivia só com jovens adolescentes e a universidade era um universo cheio de diversidade, vários colegas de faixas etárias diferentes, de locais diferentes, tudo era diferente e isso para mim era uma grande surpresa, era um grande aprendizado, eu estava descobrindo tudo e mais do que isso eu acho que o ano de 93 ele me marcou muito por essa entrada no superior e por ter certeza do curso que eu fiz.

O curso de história ali em 1993 ele era bem diferente do que é hoje, até porque campus que existia em 93 nós não circulamos por ele, o curso de história naquela época ele era no centro de Santa Maria, na Floriano Peixoto, no antigo hospital universitário, então muita gente até questiona “como assim tu passou pela UFSM e nunca foi ao campus” para alguns até pode parecer algo muito marcante, mas para nós que circulamos durante aquele tempo foi um tempo muito marcante. Nosso espaço ali era o quarto andar e aquele andar era um espaço muito nosso, era um espaço pequeno e sendo pequeno ele tinha suas peculiaridades e nos aproximava, era um único corredor onde tinha todas as salas de aula, o diretório acadêmico, a sala de leitura e a coordenação, e isso tornava o curso muito aconchegante, muito próximo.

Eu que naquele momento era calouro circulava no mesmo corredor dos meus veteranos e com os formandos, isso nos dava uma proximidade muito grande, nos aproximava, me marca muito e a lembrança era muito gostosa. Nós chegávamos de manhã cedo para a aula, íamos para o diretório acadêmico e no lá jogava dama, conversávamos, tomávamos chimarrão, café, e aquele café circulava por todo o corredor, era uma coisa muito íntima muito próxima então o quarto andar do hospital universitário me marcou bastante como esse nosso lugarzinho.

Volver – Quais desafios e quais recompensas você aponta em trabalhar com pesquisa científica?

A pesquisa exerce sobre nós o encantamento da descoberta, o desafio de superar obstáculos e oferecer no final o resultado a comunidade. De outro lado a pesquisa nos livra da monotonia e nos coloca em constante movimento longe do sedentarismo científico.

Volver – Como foi o início da sua carreira como pesquisador e como a UFSM ajudou nesse caminho da investigação científica?

O curso inteiro ele me deu muita certeza da escolha que eu fiz, eu fui muito inspirado por amigos da família mais velhas que já tinham se formado em história, mas eu acho que a minha escolha veio mesmo por aquele gosto que eu tinha desde a infância, aquele gosto pela história, pela inquietação, a curiosidade e de outro lado eu vim de uma família de uma mãe pedagoga, e essa minha mãe pedagoga me deu muita orientação nesse sentido da caminhada da educação, mas o curso de história ele colocou, enalteceu, todas essas indicações que eu tinha para ir para área da educação, para área da história, pois ali dentro eu circulei num ambiente que eu gostava, na leitura que eu gostava, estava me preparando para começar uma trajetória como educador e aquele espaço ali, aquele espaço aconchegante que eles passam que era pequeno mas era muito nosso, ele foi me dando todos os elementos necessários para eu ter certeza hoje do que eu faço, ser um educador da educação básica, do ensino superior, foi muito marcante para mim e foi o curso da história da UFSM que fez isso.

Nilsa Silva Macedo, pedagoga e mãe de João Heitor.
Palestra no Projeto Universidade Solidária na cidade de São José do Campestre - RN - 1996.

Durante esse tempo na UFSM vários momentos que marcaram a minha trajetória e me moldaram, por assim dizer, durante a graduação eu descobri a pesquisa científica, eu fui estagiário, fui bolsista do antigo LEPA – Laboratório de Estudos e Pesquisas Arqueológicas onde eu aprendi arqueologia eu descobri o meu outro gosto pela ciência além da história que é a arqueologia, minha segunda profissão e mais do que isso essa arqueologia me levou a conhecer outros espaços, a gente viajou muito, fez muita pesquisa de campo, a própria faculdade de história naquele momento nos oportunizada esse diálogo com outras universidades. Nesse momento, também na década de 90, fiz parte do projeto universidade solidária, que foi um protótipo, na verdade, da retomada do Projeto Rondon que fez com que eu conhecesse o nordeste do Brasil, conhecesse a diversidade brasileira através das viagens que a gente fez com alunos de vários cursos da UFSM, então essa minha trajetória dentro da universidade federal de Santa Maria e principalmente dentro do curso de história me moldou, fez eu ser o que eu sou hoje e eu sou muito grato por todas essas experiências, por todo esse espaço. Eu tenho muito orgulho da universidade federal de Santa Maria, dizendo isso viva a universidade pública gratuita e de qualidade.

Volver – Você é cofundador, e atual diretor do Museu Treze de Maio, como foi a construção desse espaço importante para a cidade de Santa Maria, e qual o impacto que ele exerce na comunidade?

Nossa história começa no ano de 2001 quando junto com um grupo de colegas do curso de especialização em Memória e Patrimônio Cultural resolvemos transformar o projeto acadêmico em um projeto social ressignificando o antigo Clube Treze de Maio, agora sob a luz do conceito da Museologia social. Desde então começamos um longo processo de pesquisa histórica e articulação do Movimento Negro local para dar sentido ao espaço. Criamos ao longo do tempo vários projetos para viabilizar as ações comunitárias no local, realizamos reformas e trabalhamos desde então na perspectiva cultural para o combate ao racismo.

Volver – Nos conte sobre o livro que lançou recentemente, ele é a sua tese de doutorado em História, como foi o processo para escrever, quais dificuldades e desafios encontrou?

O livro é resultado de minha Tese de doutorado defendida em 2018 no PPGH/UFSM, ela parte de toda minha trajetória histórica, usando como base o campo autobiográfico como fonte para refletir sobre a aplicação da Lei 20.649/03 em uma perspectiva de uma Educação antirracista. Aprofundando o debate sobre as questões epistemológicas que envolvem o Ensino de História da África e da Cultura afro brasileira e trazendo como referências o Pensamento e da Filosofia Africana.

O livro pode ser encontrado aqui.

Volver – Como você se vê daqui a 10 anos?

Formatura em agosto de 1996 no Teatro Santa Maria.

Certamente pesquisando, pretendo ter escrito mais um ou dois livros, com o pós-doutorado completo e criando novos projetos científicos na área da História, da Arqueologia e do Patrimônio. 

Texto: Lucas Zambon

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