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Lucas Vaz Peres, egresso da Meteorologia, compartilha suas lembranças da UFSM e conta sobre as pesquisas que realiza.



Lucas Vaz Peres, egresso do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria, turma de 2010, tem mestrado (2013) e doutorado (2016), em Meteorologia pela UFSM. Fez Pós-Doutorado na Université de La Réunion, França. Desde 2017 é professor da Universidade Federal do Oeste do Pará e, além de coordenar o Laboratório de Modelagem Atmosférica e Previsão do Tempo, é também, membro do Comitê de Pesquisa e um dos criadores do Observatório Atmosférico da Amazônia da UFOPA

 

VOLVER – Para começar, nos conte quais lembranças guarda da UFSM e como a universidade contribuiu para que você chegasse onde está hoje?

LUCAS – Minha chegada na UFSM se deu no ano de 2003, no curso de Licenciatura em Física noturno, o qual fazia em conjunto com as atividades de trabalho como Oficial Temporário no 29º Batalhão de Infantaria Blindado. Em 2009, com o fim das atividades no Exército Brasileiro, me transferi para o curso de  Bacharelado em Meteorologia e passei a me dedicar exclusivamente, concluindo em janeiro de 2011.

Imediatamente, entrei no Programa de Pós-Graduação em Meteorologia PPGMET/UFSM), cursando mestrado entre 2011 e 2013 e doutorado de 2013 a 2016, com período sanduiche de nove meses em 2015 na Université de La Réunion, França. Durante todo meu período de doutorado tive a oportunidade de ser tutor a distância do Curso de Especialização em Educação Ambiental UAB/UFSM na modalidade a distância (EAD).

Assim, a UFSM me proporcionou o conhecimento e titulação necessária para realizar concursos e obter meu local de trabalho como professor do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) em Santarém – PA, atendendo principalmente os cursos de Ciências Atmosféricas e Bacharelado Interdisciplinar em Ciências da Terra.

VOLVER – Quando decidiu seguir na área da pesquisa? Como foi esse processo?

LUCAS – Em 2009, quando passei a me dedicar exclusivamente ao curso de Meteorologia da UFSM, a Prof. Dra. Damaris Kirsch Pinheiro me oportunizou com uma Bolsa PRAE de Iniciação Científica para auxiliar nas atividades de monitoramento ambiental e de pesquisas do Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria – LACESM, junto ao Observatório Espacial do Sul – OES da Coordenação Espacial do Sul (COESU/INPE-MCTI) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Desde então, venho trabalhando no auxilio as medidas do Espectrofotômetro Brewer que mede ozônio, radiação UV, aerossóis atmosféricos, SO2 e NO2.

Em 2010 fui bolsista PIBIC/INPE no tema relacionado ao monitoramento dos eventos de Influência do Buraco de Ozônio Antártico sobre o Sul do Brasil. Essa temática norteou os estudos do meu mestrado e doutorado, me proporcionou a participação em inúmeros eventos científicos nacionais e internacionais, publicar artigos científicos, além da participação na Operação Antártica entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, onde pude visitar a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Além disso, participei de dois cursos de operadores de Espectrofotômetro Brewer ministrado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), um em 2016 (Edimburgo na Escócia) e outro em 2019 (Huelva na Espanha) e já pude orientar alunos de Iniciação Científica da UFOPA nesta temática.   

VOLVER – Recentemente, você concluiu o Pós Doutorado na Université de La Réunion, na França. Como foi esse período? Quais as principais dificuldades e recompensas?

LUCAS – Em 2012, durante meu mestrado, tive a oportunidade ir a Toronto no Canadá participar do Quadrennial Ozone Symposium (QOS), evento que ocorre a cada quatro anos reunindo os especialistas em áreas relacionadas a camada de ozônio e radiação UV. Lá conheci o Prof. Dr. Hassan Bencherif da Université de La Réunion e começamos a trabalhar juntos. Em 2015 o PPGMET me ofereceu uma bolsa de Doutorado Sanduiche no exterior e a parceria com Prof. Hassan se fortaleceu após eu passar nove meses em sua universidade naquele ano, resultando em publicações de artigos científicos internacionais e na escrita e aprovação de um projeto de cooperação Brasil/França (CAPES/COFECUB).

Aproveitando uma das bolsas de Pós-Doutorado deste projeto, pude consolidar essa cooperação ao retornar a Université de La Réunion entre fevereiro e setembro de 2021. Mesmo em meio a pandemia de COVID-19, minha esposa Andressa Minetti Viana e eu conseguimos aproveitar uma trégua nas barreiras aeroportuárias de restrição de movimentação e devido a esse motivo imperioso de trabalho pudemos nos deslocar para viver essa maravilhosa experiência profissional e cultural.

A pandemia restringiu muito as atividades de trabalho presencial no Laboratoire de l’Atmosphère et des Cyclones – Lacy. Rodízios de turnos foram realizados e o encontro com outros pesquisadores e professores restringidos, sendo essas as principais dificuldades. Entretanto, mesmo com restrições fui muito bem acolhido e pude avançar muito em meu plano de trabalho, virando um resumo no Quadrennial Ozone Symposium (QOS) de 2021 e o qual ainda buscaremos sua publicação em revista internacional.

Além disso, a troca cultural foi muito importante na consolidação de minha carreira como pesquisador e professor universitário. O domínio da língua francesa e inglesa e os inúmeros contatos de trabalho realizados servirão não somente a mim, mas também aos meus alunos, tanto que uma aluna da UFOPA já está se preparando para fazer seu doutorado sanduiche na Université de La Réunion, a partir de dezembro deste ano.

VOLVER – Além de coordenar o Laboratório de Modelagem Atmosférica e Previsão do Tempo, você é também membro do Comitê de Pesquisa e um dos criadores do Observatório Atmosférico da Amazônia da UFOPA, diante disso, como enxerga os últimos fenômenos que vem acontecendo no país?

LUCAS – Meses antes de defender minha Tese de Doutorado em dezembro de 2016, fui aprovado no concurso público para professor da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA em Santarém – PA. Em março de 2017 assumi a vaga na UFOPA, uma jovem universidade criada em 2009 no interior da Amazônia. Imensos desafios se fazem presentes em uma universidade recém criada. Cheguei já sendo o coordenador do Laboratório de Modelagem Atmosférica e Previsão do Tempo, onde as goteiras em seu interior muito me incomodavam. Mas não me abati, fiz incansáveis demandas a administração superior e fomos sendo atendidos passo a passo, até termos hoje uma sala com 15 computadores e 3 televisores a fim de podermos ensinar a pratica em análise e previsão numérica de tempo e clima na Amazônia aos nossos estudantes.

Berço do conservadorismo ambiental, a Amazônia chama a atenção de pesquisadores do mundo todo. Porém, o difícil acesso a regiões remotas, a falta de infraestrutura e pessoal especializado ocasionam a baixa densidade de observações meteorológicas em seu interior.

Buscando melhorar isso, e aproveitando a parceria com o INPE, pudemos inaugurar em novembro de 2020 o Observatório Atmosférico da Amazônia (OAA) na Fazenda Experimental da UFOPA, distante 36 km do centro da cidade de Santarém- PA. O OAA possui uma torre meteorológica de 10 metros realizando medidas de vento, precipitação, temperatura do ar e do solo, umidade, pressão atmosférica e radiação solar global. Além disso, conta também com a plataforma solarimétrica do INPE com medidas de radiação solar global, direta, difusa e infravermelha, medidas de aerossóis atmosféricos por um espectrômetro Cimel da rede Aeronet da NASA, câmera All sky tirando fotos da cobertura de nuvens a cada 15 minutos e um Espectrofotômetro Brewer que será concertado ainda esse ano com recursos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) para realizar medidas de conteúdo de ozônio, radiação UV, aerossóis atmosféricos e NO2.

"Isso tudo me ensinou a lição, de mesmo com o contexto desfavorável, nunca deixarmos de ter iniciativa e persistência para buscar o melhor para oportunizarmos nossos estudantes."

VOLVER – Atualmente você desenvolve algum outro projeto? Se sim, gostaria de nos contar um pouco mais sobre?

LUCAS – Atualmente venho buscando desenvolver pesquisas relacionadas com a interação climática e de dinâmica atmosférica dos modos de variabilidade de variáveis ambientais desde a Amazônia até a Antártica sobre a América do Sul. Isso inclui estudos sobre camada de ozônio, radiação UV, queima de biomassa, precipitação, temperatura e poluição atmosférica.

Exemplo disso é minha participação na submissão do projeto “SOUTH AMERICAN BREWER SPECTROPHOTOMETER NETWORK Calibration Campaign” junto a Convenção de Viena do Protocolo de Montreal, que pretende realizar sobre o prédio do INPE na UFSM, uma grande campanha de calibração dos 15 Espectrofotômetros Brewer existente na América do Sul. Além disso, submeti como coordenador, uma proposta no edital Universal 2021 do CNPQ intitulada “O3/UV-Amazônia: Monitoramento e variabilidades do conteúdo de ozônio e radiação UV no Observatório Atmosférico da Amazônia (2,68°S; 54,70°O)”, que visa a aquisição de materiais complementares para o Espectrofotômetro Brewer #124, bolsas de Iniciação cientifica e visitas regulares de técnico especializado para que acuradas medidas de ozônio e UV possam ser iniciadas no coração da floresta amazônica, sendo essa uma iniciativa inédita para a região.

VOLVER – Como você se vê daqui a 10 anos?

LUCAS – Daqui 10 anos pretendo estar com muita saúde para poder seguir oportunizando os estudantes da região amazônica e do Brasil em questões relacionadas a climatologia, meteorologia operacional e principalmente na questão ambiental de camada de ozônio, radiação UV e aerossóis. Pretendo seguir participando do crescimento da UFOPA e da comunidade do Oeste do Pará. Pretendo seguir consolidando e fazendo novas parcerias nacionais e internacionais e publicando artigos científicos. Além disso, pretendo seguir cuidando para que minha família fique sempre muito bem se Deus quiser.

 

Texto: Júlia Ferrari

 

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