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O que as notícias nos contam sobre a cultura gaúcha?

O GT CHEGA – Grupo de Trabalho do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), que tem como intuito desenvolver atividades, pesquisas e discussões em prol da ruptura das mais diversas formas de preconceito – sugeriu ao Núcleo de Divulgação Institucional (NDI/CCNE) um levantamento sobre o preconceito na cultura gaúcha a partir da mídia.



O GT CHEGA – Grupo de Trabalho do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), que tem como intuito desenvolver atividades, pesquisas e discussões em prol da ruptura das mais diversas formas de preconceito – sugeriu ao Núcleo de Divulgação Institucional (NDI/CCNE) um levantamento sobre o preconceito na cultura gaúcha a partir da mídia.

Em uma busca na internet pelo Núcleo de Divulgação Institucional, foram encontradas notícias em portais e sites jornalísticos e uma nota de repúdio em um blog que colocam em questionamento o comportamento gaúcho frente às questões sociais como o preconceito em suas mais diferentes faces:  racismomachismo e homofobia. Estes textos reforçam a existência de preconceitos que, dentro da cultura gaúcha, vem desde muito cedo.

Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, trouxe senzala (Foto: Juliana Berwanger/Sul21)

A Semana Farroupilha, comemorada com entusiasmo durante setembro, reforça uma tradição única, carregada de artifícios fabulosos. Há um tom heróico e viril sobre a figura do gaúcho, e ao passo que fortalece a imagem única do ser gaúcho acaba por excluir outras tantas versões e identidades dos que residem neste estado do pampa brasileiro.

Embora o movimento tradicionalista do Rio Grande do Sul esteja carregado de significados e elementos que o tornam próprio e fazem este ser localizado e reconhecido entre tantos outros movimentos e tradições. Portanto, corroboram na construção de sentidos do que é cultura. O próprio conceito de cultura, postulado por alguns estudiosos que argumentam que a cultura tem a “capacidade de reunir em si ideias distintas, por vezes opostas, como se fosse uma forma consagrada pelo uso comum de apreender relações sociais complexas e contraditórias”. Ou seja, se a cultura pressupõe diversidade, por que as notícias coletadas demonstram justamente a falta de abertura da tradição gaúcha para outros atores e perspectivas plurais?

Enquanto o preconceito ainda for mascarado por costumes e maneiras de uma tradição, mulheres ainda continuarão a ser subjugadas e vítimas da violência sexista, como relatado em nota de repúdio ao piquete de Esteio, assinada por diversas entidade e publicada no blog Marcha Mundial das Mulheres do RS. Uma conselheira do movimento foi acusada de sofrer de “falta de mango”. Mango, no vocabulário tradicionalista gaúcho, representa um “relho ou tala de couro cru”, ou seja, uma espécie de artefato para agredir, oprimir ou domesticar.

Enquanto a Semana Farroupilha ainda for utilizada para celebrar a icônica imagem do gaúcho em sua indumentária, os negros continuarão na senzala que não existiu apenas no passado, mas que nos dias atuais ainda é representada e remontada, como noticiou o Sul21 em 2018.

Enquanto homossexuais que integram o movimento tradicionalista forem apenas tolerados e não aceitos dentro da cultura gaúcha, provavelmente CTGs voltarão a ser incendiados pelos intolerantes, como apresentou notícia do G1, de 2014.

Apesar das inúmeras problemáticas na cultura sul-rio-grandense, existem esforços para evoluir a tradição. Sendo assim, quando buscamos formas de colocar em evidência grupos sociais deslocados no seu próprio território, como fez a cantora tradicionalista e jornalista Shanna Müller ao questionar o machismo na música nativista, ou como fez o Festival Porongos ao celebrar a música negra independente e de resistência.

Também questionamos a partir de estudos científicos, a exemplo da dissertação “Homossexualidade na territorialidade tradicionalista gaúcha”, do pesquisador Édipo Djavan, do Programação de Pós-Graduação em Geografia, sob orientação do professor Benhur Costa. Ou por meio de  produções universitárias, como o documentário “Representatividade nos espaços tradicionalistas”, feito por acadêmicos Produção Editorial, sob a orientação da professora Aline Dalmolin.

Estamos, assim, dando um passo em direção ao futuro e transformando a cultura gaúcha no que ela deve ser de fato: harmônica em todas as suas ideias, distinções, cores, formas e gêneros.

Texto: J. Antônio de S. Buere Filho, acadêmico de Produção Editorial e bolsista do Núcleo de Divulgação do CCNE

Edição: Wellington Gonçalves, relações públicas do Núcleo de Divulgação do CCNE

Revisão final: Maurício Dias

Assista a seguir ao documentário Representatividade nos Espaços Tradicionalistas, feito na disciplina de Produção Editorial em Mídia Audiovisual

 

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