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Programa de doação voluntária de corpos busca ampliar acervo



Programa de doação voluntária de corpos busca ampliar acervo do Departamento de Morfologia da UFSM

 

Estranho seria se, pela primeira vez empunhando o bisturi contra a pele humana, a mão de quem estuda morfologia não tremesse. Para a sorte de quem se aventura na anatomia humana pela primeira vez, seu “paciente” não está vivo. Não é por acaso: é por empenho institucional do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A pressão que a pele faz contra a lâmina e a lâmina faz contra a pele é uma sensação única, para a qual quem realizará a cirurgia deve estar preparado, e até hoje nenhum modelo anatômico artificial é capaz de reproduzir fielmente. Com um acervo que serve a doze cursos, milhares de estudantes e diversas atividades de ensino e pesquisa, o Departamento dá início ao seu Programa de Doação Voluntária de Corpos, voltado a toda a comunidade e no momento sob coordenação do professor Carlos Eduardo Seyfert. O programa se baseia no artigo 14 da lei 10.406/02 e inspira-se na experiência de outras instituições como a da Universidade de São Paulo, descrita por Thelma Marsola em sua tese de doutorado.

“Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente”, assim encerra a Oração ao Cadáver Desconhecido, de Karl Rokitansky, emoldurada nas salas de aula do Departamento. Corpos não reclamados por familiares são objeto de estudo não apenas das ciências da saúde humana, mas também de artistas, há milênios. Porém, novas instituições de ensino superior surgem pelo Brasil e com elas a demanda por material para estudo de anatomia, desse cenário começa a surgir uma escassez de material.

Em sala de aula e nos laboratórios de anatomia, estudantes e docentes seguem padrões e normas éticas. Cientes de que sob suas mesas não estão livros e sim pessoas, a principal norma é o respeito. Quem assiste as aulas “entende a importância do material”, afirma o professor Dorival Terra Martini, um dos mais antigos do departamento. O corpo é um recurso precioso no ensino e aprendizagem, portanto, a dissecção acontece ao longo de anos. De cada corpo que chega ao Departamento, cada parte é utilizada em um momento diferente por diferentes gerações de estudantes. Apesar de não faltar material para estudar, o programa é importante pois, para o professor Seyfert, “o tempo de uso dessas peças seria mais curto e nós teríamos condições de renovar este material em busca de mais qualidade”.

Atrás de seu rosto, dentro de seu crânio, a principal via de drenagem de sangue do seu cérebro abre caminho através do forame jugular. São dois orifícios e nós temos um deles maior que o outro, cada pessoa de maneira diferente. O professor Eduardo Seyfert explica que essas variações são comuns e justamente uma das principais vantagens de se utilizar o cadáver, “na peça de plástico, é tudo igual”, apesar de alguns modelos mais avançados já preverem algumas variações. Para o professor Dorival Martini, “quando tu tratas com a simulação o teu estado anímico é diferente”, e essa experiência é essencial no processo de aprendizagem.

Talvez a família seja contra, talvez quem pretende doar entenda que sua religião impede. Mas, para várias pessoas, o desejo de ser útil depois da morte e, principalmente, a satisfação altruísta de ajudar na formação de profissionais da saúde e de pesquisas em medicina humana são os fatores que pesam na decisão. Maria Luísa, 63 anos, planeja que seu corpo seja doado para o estudo de anatomia pois preocupa-se com a formação dos estudantes, para ela “eles tem que aprender e para isso precisam dos corpos”.

Em vida, quem pretende doar deve preencher junto do Departamento uma declaração de intenção. Após a morte, a família pode realizar o procedimento também com auxílio do Departamento. Participar do programa não exclui a doação de órgãos para transplante e é possível também doar apenas parte do corpo. Quem decidir doar seu corpo ao Departamento ou tiver outras dúvidas pode entrar em contato pelo e-mail doeseucorpo@ufsm.br ou telefone (55) 3220-8239. O Departamento de Morfologia funciona no Prédio 19 do campus da UFSM no bairro Camobi.

 

Por: Maurício de Souza Fanfa – 10/06/2016

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