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Projeto desenvolvido por professor Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da UFSM apresenta uma nova forma de implementar redes de internet



No princípio, a internet era usada para propósitos limitados, tais como acessar páginas web, enviar e-mails e transferir arquivos. Era um serviço basicamente restrito ao ambiente acadêmico. Assim que passou para o ambiente corporativo e para os domicílios, o número de aplicações aumentou. As pessoas passaram a ter novos interesses, como ver fotos, escutar música e fazer ligações. Em seguida, surgiram as redes sociais, o que fez com que o tráfego de dados aumentasse de forma significativa.

 

Pensando nesses avanços da internet, um professor da UFSM desenvolveu uma loja virtual para funções de rede, ou seja, diferentes aplicabilidades a serem executadas por uma rede de internet. O responsável pelo projeto é Carlos Raniery dos Santos, doutor em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor do Departamento de Computação Aplicada e do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da UFSM. Denominado GT-FENDE: Ecossistema Federado para Oferta, Distribuição e Execução de Funções Virtualizadas de Rede, o projeto é desenvolvido em parceria com a UFRGS e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), e conta com o apoio da Universidade de Gante, na Bélgica, e da Universidade de Aveiro, em Portugal.

 

O projeto GT-FENDE teve início em maio de 2017, através da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Por não conseguir manter e arcar com os custos necessários da rede, a instituição criou os Grupos de Trabalho (GT), lançados anualmente com o propósito de criar novos serviços de rede, que facilitam o envio de informações internas e externas em segundo plano. “No ano passado foram aprovados 15 projetos, sendo o FENDE um deles. Neste ano, dos 15 projetos aprovados, apenas o nosso e mais dois foram renovados para ter continuidade,” ressalta o professor.

 

 

Tradicionalmente, como funciona a internet?  Segundo Raniery, nós, como consumidores, temos equipamentos de rede que são comprados e fazem exclusivamente uma única operação. Por exemplo: os aparelhos que recebemos quando assinamos um pacote de internet. “É um equipamento físico, instalado, consumindo a tua energia, mas ele só faz aquele conjunto de operações, ele não faz mais nada além do que ele foi programado para fazer”, destaca o docente.

 

O projeto trabalha com a Tecnologia de Virtualização, a qual permite que um único equipamento desempenhe diferentes funções. “A proposta é que, em vez de ter um equipamento que só faz uma coisa, o usuário tenha um equipamento genérico em que é possível tirar as funções e serviços que funcionam ali e colocar qualquer outro”, pontua Raniery.

 

O cientista ainda explica que a solução desenvolvida se assemelha muito a um marketplace, as lojas de aplicativos para os smartphones, tais como a Apple Store e a Play Store. Com um marketplace para funções virtualizadas de rede, a ideia é que a RNP tenha um conjunto de funções e serviços de rede e alguém que queira utilizá-los. Assim,no lugar de comprar um equipamento, o consumidor pode comprar apenas o aplicativo da RNP. O professor explica que tal função pode possibilitar a criação de redes em território nacional sem depender de equipamentos físicos. Hoje em dia, os países que investem em ciência têm grupos de pesquisa que estudam esse tema, mas o FENDE é o primeiro projeto desse tipo a nível mundial.

 

Interface gráfica da plataforma desenvolvida, onde são listadas as funções de rede que podem ser adquiridas através do marketplace.

De acordo com Raniery, para acompanhar todas as mudanças da internet, comprar novos equipamentos a todo o momento e instalar mais cabos de fibra óptica não são a solução. “Não dá para assumir que a rede possa evoluir dessa forma. Se assim fosse, os custos para manter e acrescentar capacidade da internet seriam astronômicos. Precisamos adotar novas estratégias para pensar como as aplicações podem funcionar, é preciso pensar em novas soluções usando o que já se tem disponível”, comenta o professor.

 

 

Durante o primeiro ano, todos os recursos foram fornecidos pela RNP, tanto financeiros quanto equipamentos e servidores. No momento, é necessário pensar em outras formas de apoio e fomento ao projeto, para que se possa chegar no produto final. Para isso, o GT-FENDE terá novos parceiros: a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto Federal de Tecnologia (ETH – Suíça).  

 

Reportagem: Mariana Machado

Gráfico: Pollyana Santoro

Originalmente publicado em: Revista Arco

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