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Disciplina do curso de Eletrônica Industrial do CTISM promove encontro entre estudantes do curso e indígenas graduandos em Direito da UFSM



Conhecer, debater e refletir sobre as diversas etnias que compõem o mosaico identitário brasileiro, especialmente as indígenas, afro-brasileiras e africanas, são mais do que uma necessidade para compreender a diversidade cultural constitutiva de nosso país. Desde 2003 , e depois, em 2008, leis foram criadas e ampliadas (Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, respectivamente) para que a história e cultura desses povos sejam alvo de estudos na educação básica.

Mais recentemente, o Parecer nº 14/2015, da Conselheira e Relatora indígena da etnia Potiguara, Rita do Nascimento, estabelece que o ensino da história e cultura dos povos indígenas, africanos e afro-brasileiros deva ser realizado em todas as modalidades de educação, o que inclui o ensino superior. Nessa modalidade de ensino, a disciplina Aspectos Gerais da Cultura Africana, Afro- brasileira e Indígena tem sido ofertada como uma Disciplina Complementar de Graduação no Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial do CTISM.

Desde 2018, a disciplina tem buscado oportunizar a seus estudantes a possibilidade não apenas de conhecer e refletir sobre a história, a cultura e as valorosas contribuições desses povos para a construção do país, mas também de problematizar representações hegemônicas que são difundidas sobre os diferentes grupos étnicos estudados.

São representações que negam ou omitem as diferenças socioculturais entre as diversas etnias indígenas, por exemplo, e que geralmente constroem uma imagem de “índio” a partir de um viés romantizado ou de cunho folclórico somente. Essas representações acabam também disfarçando o processo de violência a que os povos indígenas brasileiros têm sido submetidos e contra o qual têm lutado e resistido por 522 anos. Uma das atividades propostas pela disciplina foi a realização de um encontro com estudantes indígenas do Curso de Direito da UFSM. Bruno Pitaguary, da etnia Pitaguary (estado do Ceará), Francinete Xakriabá e Fabrícia Xakriabá, da etnia Xakriabá (estado de Minas Gerais), estiveram na tarde de 04 de outubro conversando com estudantes e professoras ministrantes da disciplina sobre a história, as línguas e cultura de suas etnias.

Além disso, compartilharam com a turma os desafios que seus povos têm enfrentado para seguir existindo a partir de suas formas particulares de se colocarem no mundo, de se relacionarem entre si e com os demais seres e elementos da natureza – formas estas, aliás, asseguradas pela Constituição Federal de 1988.

Os diversos desafios enfrentados por esses povos têm sido uma das motivações para sua escolha pelo curso de Direito na UFSM. Bruno Pitaguary, cuja etnia, conforme explicado por ele, é proveniente da composição étnica entre duas outras, os Potiguaras e os Tupinambás, é líder indígena jovem de seu território. Sua língua, o Tupi, do tronco linguístico Tupi, é falado em seu território, que tem cerca de seis mil indígenas. O território Xakriabá, de onde Francinete e Fabrícia Xakriabá são provenientes, conta com cerca de 18 mil indígenas.

Sua língua, infelizmente, está quase extinta, segundo Fabrícia. Quando os primeiros colonizadores portugueses chegaram a Pindorama (nome com o qual os Tupinambás se referiam ao território que viria a se chamar Brasil), havia cerca de seis milhões de indígenas, de diferentes nações, que falavam aproximadamente 1770 línguas. De acordo com o último censo demográfico do IBGE (2010), estes hoje não chegam a 900 mil. São mais de 500 anos de luta e resistência.

São mais de 500 anos que, nas palavras do ativista indígena Ailton Krenak, esses povos não fazem mais do que “cair, cair, cair”, mas a diferença é que a queda tem se dado, ainda em suas palavras, com “paraquedas coloridos”, isto é, expandindo suas subjetividades, não aceitando a ideia de que são todos iguais, homogêneos, uniformizados.

Esses três indígenas afirmam vir para a universidade para aprender conosco conhecimentos que, mais tarde, serão fundamentais para seguirem a sua luta pela demarcação das terras indígenas. Mas além de buscarem conhecimentos, é importante que reconheçamos a necessidade que nós, não indígenas, temos de aprender com eles também: o respeito à terra, a ideia de coletividade e de solidariedade são exemplos de alguns dos conhecimentos e formas de (re)existência que precisamos e podemos aprender com eles.

Por fim, gostaríamos de registrar nosso agradecimento público à (re)sistência dos estudantes indígenas da UFSM frente aos constantes desafios enfrentados e, especialmente, nossa gratidão em compartilharem, durante duas horas, suas percepções de mundos conosco.

 

Foto 1: Professora Roselene Pommer (ao fundo). À esquerda: Bruno Pitaguary, Francinete
Xakriabá, Fabrícia Xacriabá. Estudantes do curso de Eletrônica Industrial (Vitor Toebe e Conrado Marques). Foto: Raquel Bevilaqua

Foto 2: À direita: Bruno Pitaguary, Francinete Xakriabá, Fabrícia Xacriabá. Ao fundo, estudantes
do curso de Eletrônica Industrial (Vitor Toebe e Conrado Marques) e estudante de Engenharia de
Automação e Controle (Alison Medina). À esquerda, professora Raquel Bevilaqua . Foto: Roselene Pommer

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