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Revista Arco
Jornalismo Científico e Cultural

Fungos medicinais

Já imaginou ter o poder de criar metais valiosos? Se a ciência ainda não descobriu como fazer isso, a natureza já tem seu pretendente a alquimista. Um grupo de pesquisadores da Unicamp descobriu um fungo, denominado Phoma glomerata, capaz de produzir nanopartículas de prata que podem ser eficazes no combate de doenças causadas por bactérias e fungos.   O professor Nelson Durán, coordenador do estudo, explica que as partículas de prata criadas por esse fungo têm um formato achatado- sua superfície é maior que seu volume- o que garante à Phoma glomerata uma maior área de interação para combater os corpos estranhos causadores de doenças. O estudo, publicado na revista inglesa IET Nanobiotechnology, demonstra os resultados de um dos primeiros testes desenvolvidos com o fungo, um protótipo em forma de gel para o tratamento da onicomicose, uma infecção nas unhas.     Durán conta que o estudo com fungos teve seu início em 2013. Os pesquisadores escolheram esses organismos por serem mais robustos e relativamente sofisticados, além de seu cultivo ser facilmente controlável e amplamente disponível. A pesquisa começou através de uma parceria com o pesquisador indiano Mahendra Rai, da Universidade  Sant Gadge Baba Amravati, que esteve no Brasil para pesquisas em intercâmbio, com apoio da FAPESP.  
Segundo o professor Durán, atualmente os maiores empecilhos para esse tipo de pesquisa são o financiamento e a dificuldade em se adequar às normas da ANVISA.
  O projeto inicial tinha como objetivo desenvolver aplicações terapêuticas com fungos, buscando aquele que fosse mais eficiente e econômico. Ainda no processo de produção, outro fungo foi observado - o Fusarium oxysporum obteve desempenho similar ao Phoma glomerata, e os estudos com esse fungo estão bem avançados.   Até o momento, os pesquisadores puderam desenvolver apenas medicamentos de uso tópico, ou seja, de aplicação direta na pele. Isso porque a ingestão das nanopartículas de prata ainda não foi investigada, de modo que os cientistas não sabem se a sua ingestão não poderia se tornar tóxica para seres humanos. Durán aponta que uma das vantagens da utilização de nanopartículas de prata para o combate a infecções é que não há o efeito colateral de desenvolvimento de resistência ao medicamento, problema comum entre os antibióticos utilizados atualmente. Reportagem: Gustavo Martinez e Nícolas Limberger