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Revista Arco
Jornalismo Científico e Cultural

Protagonismo na pesquisa com fungos

Desenvolver pesquisas visando ao controle de doenças causadas por fungos em animais e humanos é o objetivo do Laboratório de Pesquisas Micológicas (Lapemi), que une professores, alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de Medicina, Farmácia, Veterinária e Biologia da UFSM. O Lapemi é coordenado pelos professores Sydney Hartz Alves e Jânio Morais Santurio.

Segundo Sydney, o laboratório se destaca internacionalmente pelo considerável número de publicações científicas sobre o tratamento de doenças fúngicas em ­animais Em média, são de 15 a 20 artigos por ano desde a criação do laboratório em 2001. As produções são distribuídas em publicações de grande renome na área, como o Journal of Antimicrobial Chemotherapy e o Antimicrobial Agents and Chemotherapy.

Um dos focos das pesquisas do professor Sydney Alves é detectar combinações de substâncias químicas com propriedades farmacológicas, por exemplo, de antifúngicos com antibacterianos. O resultado dessas combinações é a maior eficácia do efeito em relação ao uso isolado das substâncias, processo conhecido como efeito sinérgico. “Quando ocorre um efeito sinérgico, você pode diminuir a dose do medicamento, o que reduz a toxicidade e poupa o fígado ou o rim do paciente”, explica o professor Alves.

“Quando ocorre um efeito sinérgico, você pode diminuir a dose do medicamento, o que reduz a toxicidade e poupa o fígado ou o rim do paciente”

A partir dos estudos realizados no Lapemi, é possível concluir quais tipos de combinação podem gerar efeitos mais benéficos e rápidos na cura de uma doença e quais combinações devem ser evitadas. “A gente trabalha com fungos de importância médica, de difícil tratamento e que apresentam resistência aos antifúngicos convencionais. Se detectamos sinergia nos testes in vitro, a segunda etapa é fazer os testes in vivo, em animais, como camundongos e coelhos”, explica a aluna de doutorado em Micologia, Laura Denardi.

 *Efeito sinérgico: o efeito da combinação de dois medicamentos é maior que a soma do efeito de cada medicamento administrado isoladamente.

Visão microscópica de lesão na pele de um equino com pitiose. As setas laranjas destacam Pythium insidiosum, agente causador da infecção
 

 

Pitium-Vac

Outro destaque do Lapemi é a invenção da Pitium-Vac, vacina desenvolvida pelo professor Jânio Morais Santurio. A vacina é utilizada para o controle da pitiose em equinos, doença causada pelo fungo Pythium insidiosum e que se desenvolve em regiões pantanosas. “Como essa doença não tem tratamento com drogas, como antifúngicos, nós acabamos desenvolvendo essa vacina, uma imunoterapia, com o caráter curativo, ou seja, ela é aplicada quando o animal já está doente”, explica Santurio.

Desde 1998, os estudos para a criação da vacina são realizados. Em 2003, a eficiência da Pitium-Vac foi comprovada e um artigo sobre o tema foi publicado na revista inglesa Vaccine. Em 2012, a Pitium-Vac foi licenciada pelo Ministério da Agricultura, permitindo sua produção e comercialização. “Nós fizemos um pedido de patente desse produto e, com os recursos arrecadados, o Lapemi paga bolsas de alunos e despesas correntes do laboratório, como compra de materiais, e também conserto e compra de equipamentos”, conta Santurio.

Atualmente, são vendidas cerca de mil    doses da vacina por mês para todas as regiões do Brasil. E as pesquisas com a Pitium-Vac não param; o objetivo do laboratório é ampliar o efeito benéfico da vacina, tornando-a preventiva e não apenas curativa, como é sua fórmula atual.

 

Laboratório sofreu alterações estruturais para atender às especificações do Ministério da Agricultura

A vacina Pitium-Vac pode ser adquirida  pelo telefone (55) 3220 8906 ou pela loja virtual do site www.pitiose.com.br

  

Repórteres: Cibele Zardo e Joelison Freitas