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O fenômeno das startups: como elas sobreviveram à pandemia

A pandemia do novo COVID-19 alterou a rotina de milhões de pessoas ao redor do mundo, o que impactou não somente os negócios tradicionais, como também as chamadas startups. No entanto, mesmo com as dificuldades que surgiram ao longo da pandemia, o modelo enxuto e de fácil pivotagem beneficiou essas empresas, devido à flexibilidade e fácil adaptação a mudanças.

O que é uma startup?

Startup é uma empresa jovem, com modelo repetível e escalável em um cenário de incertezas e soluções a serem desenvolvidas. Em geral, as startups têm base tecnológica, ou seja, usam intensivamente conhecimento científico e/ou tecnológico.

A Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia, a Agittec, tem o papel de dar suporte às startups incubadas dentro da UFSM. Dentro das incubadoras, as empresas conseguem apoio científico e tecnológico, além do suporte operacional e da disponibilização de um espaço físico com valor mais acessível. 

Entretanto, com o início das medidas sanitárias de proteção ao Covid-19, essas entidades também precisaram rapidamente se reorganizar e se adaptar ao ambiente remoto. A administradora na coordenadoria de empreendedorismo da Agittec, Jeanne Mainardi, conta que a adaptação foi facilitada pelo formato de trabalho das startups. “Por estarmos no meio de empresas tecnológicas, a adaptação foi bem rápida”, afirma Mainardi. Também administrador na coordenadoria de empreendedorismo da Agittec, Anderson Paim conta que o desempenho das startups incubadas dependeu muito da forma como cada uma gerenciou a situação. “Umas tiveram desempenho melhores que as outras. Algumas quebraram de vez”, conta.

Auster Tecnologia
Mobart
Softaliza
Auster Tecnologia

Setor de atuação: Agricultura

Colaboradores: 11 pessoas

Regime de trabalho: Híbrido

Serviço oferecido: A partir de um sistema, a startup identifica a dose ideal de nitrogênio a ser aplicada em cada região da lavoura. A Auster atende culturas como milho, feijão e algodão. 

Situação: De acordo com o diretor executivo, Saulo Penna, a Auster cresceu durante a pandemia, mas não graças à ela. Ao mesmo tempo, houve valorização das commodities, e o adubo ficou mais caro. Então, é um recurso que o agricultor precisou usar de uma forma mais inteligente. O serviço foi valorizado porque ele tem uma grande necessidade.

Mobart

Setor de atuação: Arte

Colaboradores: 11 pessoas

Regime de trabalho: Remoto

Serviço oferecido: A startup possui um aplicativo onde é possível visualizar obras de arte em realidade aumentada. Dessa forma, é possível simular, em tempo real, a obra no ambiente desejado. 

Situação: De acordo com a CEO, Andrea Capssa, a Mobart previa a necessidade de tal tecnologia essencialmente no ano de 2025. No entanto, a pandemia antecipou esse processo. Para a Mobart, o novo normal foi um impulso e uma oportunidade de acelerar o seu desenvolvimento. Em 2020, a Mobart foi acelerada pela Samsung Ocean, e em 2021 recebeu aporte financeiro da Stars Aceleradora e da WOW Aceleradora.

Softaliza

Setor de atuação: Eventos

Colaboradores: 25 pessoas

Regime de trabalho: Remoto

Serviço oferecido: Antes da pandemia, a Softaliza oferecia um produto para gestão de associações científicas e um software de gestão de eventos presenciais. Com o surgimento da pandemia e a necessidade de adaptação às medidas sanitárias, a startup desenvolveu um programa para transmissão de eventos online, simulando eventos presenciais.

Situação: De acordo com a CEO, Isabella Sakis, o crescimento da Softaliza foi impulsionado pela pandemia. A transição da equipe do presencial para o online foi um desafio, mesmo que tenha sido no ambiente remoto que a equipe tenha crescido, ganhando cerca de 20 novos membros. A Softaliza já realizou mais de 50 eventos, impactando mais de 50 mil pessoas.

A pandemia beneficiou empresas voltadas para a tecnologia, em especial as startups, já que foi nelas que o mercado encontrou um terreno fértil para seu desenvolvimento em tempos de necessidade de afastamento social e isolamento. Empresas tradicionais podem ser mais inflexíveis frente a momentos que exigem rápida adaptação.

O economista e CEO da Stars Aceleradora, Aislan Menk, explica que as empresas tradicionais têm um custo fixo muito alto, especialmente com relação ao espaço físico. “Esses espaços têm custo. Tem custos de água, de luz, de internet, de segurança, de limpeza. São custos imobilizados muito altos”, explica.

Em contrapartida, as startups tendem a ter custos mais enxutos. No caso das incubadas, a taxa paga pela utilização do espaço físico é cerca de dez vezes inferior à de uma sala comercial na cidade de Santa Maria. Dessa forma, tem vantagens significativas com relação a empresas tradicionais. 

Como aprendizado levado dos tempos pandêmicos, Penna diz que “o momento de agora não é para sempre” e que hoje está muito mais atento às instabilidades que todo negócio pode sofrer. Já Capssa afirma que “diante das dificuldades, devemos buscar soluções” e explica que estar atento às oportunidades deve ser rotina em todos os momentos, não somente nos difíceis. Sakis aponta a resiliência como principal aprendizado. Menk conta que vê um grande potencial de desenvolvimento e inovação em áreas mais tradicionais na cidade de Santa Maria, como o comércio e a indústria. “Tem vários segmentos ainda pouco atendidos pelo mundo das startups, e acho que essa é uma tendência”, explica.

Reportagem: Débora Hundertmarck