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COMITÊ AMBIENTAL ESTIMULA NOVOS SISTEMAS ECONÔMICOS

A economia circular é um sistema de produção que tem o objetivo de utilizar de maneira mais responsável os recursos naturais e não gerar resíduos. De acordo com a doutora em Desenvolvimento Rural e pesquisadora multidisciplinar da UFSM, Gisele Guimarães, os fluxos produtivos se retroalimentam nesse modelo de negócio, ou seja, todas as etapas interagem entre si e formam um ciclo. Já a economia solidária, é uma forma de organização social com base no coletivo, na qual as pessoas se sentem parte de todos os processos de autogestão. Ela também envolve questões de sustentabilidade e preocupação ambiental.

Como uma forma de aplicar esses sistemas, o Comitê Ambiental da Casa de Estudante (CEU II) é um projeto estudantil em parceria com a SATIE/PRAE (Setor de Atenção Integral ao Estudante da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis), que visa reduzir os impactos ambientais e eliminar a geração de resíduos na comunidade da UFSM. Periodicamente, os integrantes organizam o Escambo Solidário, um evento de trocas entre o Comitê e a comunidade.

O Escambo é um sistema de trocas criado pelos moradores da CEU e tem uma moeda própria: os ecopilas. Essa moeda social foi desenvolvida pelos alunos juntamente com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e o Setor de Atenção Integral ao Estudante.

Para adquirir os ecopilas, é preciso entregar alguns materiais  para serem reciclados pelo Comitê, tais como: resíduos orgânicos, óleo de cozinha saturado, embalagens de amaciante, vidros de conserva, latas de alumínio, CDs e discos de vinil. Esses recursos são ora encaminhados para a compostagem, ora reutilizados em oficinas organizadas pela SATIE/PRAE, como explicado pela integrante do Comitê Ambiental, Nadyanni Alves.

A partir disso, observa-se que as trocas do Comitê Ambiental estão ligadas com a comunidade que as desempenha, a qual se sente parte de todo um processo vital. Dessa forma, os estudantes Marcos Filho e Carlos Peixoto ressaltaram a importância de uma entrega consciente dos resíduos. Esse ato, ligado a um ciclo que não gera lixo e reutiliza totalmente os recursos, constitui a prática das economias circular e solidária.

Segundo o morador da CEU, Edivan Schein, a prática interferiu diretamente nas questões de separação de lixo no cotidiano dele: “Na separação dos resíduos em casa, a gente até separava lixo seco de lixo orgânico, mas não tinha percepção. Hoje os nossos hábitos mudaram bastante e eu realmente não consigo misturar nenhum tipo de resíduo. O que eu posso, mando tudo para a reciclagem”, comentou o estudante.

A acadêmica de Publicidade e Propaganda, Isadora Huff, se sente muito feliz por saber que está fazendo sua parte. A moradora da CEU aproveitou o evento e trocou seus Ecopilas por plantas suculentas, uma Jade, um abacaxi roxo, e uma ecobag (espécie de bolsa feita pelo artesanato de resíduos recicláveis). Os itens foram retirados em uma das bancas do evento pela estudante.

Como participante da organização do projeto, Nadyanni conseguiu observar um aumento constante no envolvimento dos moradores da CEU nas atividades. Essa interação resulta direta ou indiretamente na redução de impactos ambientais e na correta destinação dos resíduos orgânicos e recicláveis. Segundo ela, os nutrientes do lixo orgânico são essenciais para o desenvolvimento das plantas e não devem ser descartados.

Andréia Zanoello, Assistente Social da PRAE e responsável pelas atividades do Comitê relatou que o Escambo Solidário foi realizado em conjunto com o SATIE/PRAE e que muitos resíduos coletados no evento são recursos a serem utilizados nas oficinas de artesanato promovidas pelo Setor. “A PRAE sempre teve uma relação de parceria com o Comitê Ambiental”, pontuou a profissional.

Segundo a Professora Marilise Krugel, bióloga do Setor de Planejamento Ambiental da Pró-Reitoria de Infraestrutura (ProInfra), apesar de não estar ligada com a coleta de resíduos oficial da instituição, essa iniciativa do Comitê é muito importante. Isso ocorre porque ela sensibiliza os alunos para os problemas ambientais. “O que falta na nossa sociedade é essa responsabilidade individual sobre o que a gente gera.”, destacou ela.

Por mais que políticas públicas voltadas para a coleta sejam essenciais, também segue necessária a conscientização na separação responsável do lixo. No entanto, é de suma importância que a universidade trabalhe com educação ambiental, para que a compreensão por parte dos alunos, sejam eles moradores da CEU ou não, incite para o caminho da sustentabilidade. O escambo, além de estimular  as economias circular e solidária, tem papel fundamental nessa prática. Os alunos que participam das trocas sentem o impacto que a ação provoca em seu cotidiano  e a mudança na mentalidade que as atividades  ligadas ao Comitê Ambiental causaram.

Para participar das ações do Comitê, é possível se candidatar como voluntário, ainda que toda a comunidade possa auxiliar entregando resíduos para a destinação adequada. Além disso, é importante lembrar que todos os objetos de troca do Escambo Solidário podem ser consultados no Guia de Trocas do Escambo Solidário

O que são os Ecopilas?

A moeda social dos Ecopilas surgiu de um diálogo entre o Comitê Ambiental e o SATIE a partir da vontade de concretizar as trocas de materiais. Ao entregar seus resíduos, os participantes recebem essa moeda, que no Escambo Solidário, poderá ser trocada por artesanatos e plantas. 

Cada resíduo tem um valor específico, assim como os produtos feitos pelo Comitê. Além disso, é preciso seguir algumas regras para que os materiais possam ser permutados e utilizados posteriormente no projeto. Os cuidados principais são:

A coleta 

O Escambo Solidário é uma atividade esporádica organizada pelo Comitê Ambiental. Mesmo diante de toda a sua contribuição dentro da Universidade, não é de responsabilidade do Comitê a Coleta Seletiva de resíduos na instituição. Esta coleta compete, desde junho de 2016, ao Setor de Planejamento Ambiental, órgão anexo da Pró-Reitoria de Infraestrutura (ProInfra). O setor deve atender ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) e também ao Decreto Federal de número 5940/2006, que diz que as instituições federais devem encaminhar seus materiais recicláveis para associações e cooperativas de selecionadores de materiais recicláveis.

A coleta é realizada por uma equipe, disponibilizada pelo Setor  e ocorre no Campus toda semana.  a equipe  integra 3 servidores da empresa de terceirização de serviços de limpeza e higienização: Sulclean e mais um motorista. Todo material coletado é entregue às associações de selecionadores de materiais recicláveis (uma diferente a cada coleta), que estão habilitadas a receber estes materiais através de uma chamada pública.

A Professora Marlise Krugel, bióloga do Setor de Planejamento Ambiental da ProInfra,  lembrou da necessidade de cada um assumir suas responsabilidades na separação correta do descarte do lixo: “O que a gente precisa é que as pessoas assumam as suas responsabilidades como geradores. Todos nós geramos resíduos diariamente, e cabe a nós descartar da forma correta cada um deles”, conclui Marlise.

A Coleta Seletiva Solidária recolhe resíduos recicláveis:

Reportagem: Henrique Falkembach e Isadora Pellegrini
Fotos: Isadora Pellegrini
Ilustração: Noam Wurzel