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Revista Arco
Jornalismo Científico e Cultural

As vacinas contra Covid-19 previnem a infecção de diferentes variantes de coronavírus?

Desde dezembro de 2020, quando cientistas identificaram a cepa B.1.1.7 na Inglaterra, ouve-se falar sobre as variantes, cepas, mutações e linhagens do novo coronavírus. Com as descobertas científicas, surgem questionamentos sobre a eficácia das vacinas existentes contra as novas cepas do vírus Sars-CoV-2. 

Ao ser exposto a algum antígeno - vírus ou bactérias, por exemplo - o sistema imunológico humano tem a capacidade de produzir anticorpos para combatê-lo. Contudo, mesmo com os estímulos e o desenvolvimento de respostas mais ou menos específicas aos antígenos, há a possibilidade de se desenvolver doença, com diferentes níveis de manifestação clínica. No caso do vírus SARS-CoV-2, a doença é a Covid-19. Cientistas ainda investigam por que algumas pessoas são naturalmente mais resistentes e outras não. O objetivo de toda vacina é instigar no nosso organismo uma resposta eficiente a esses antígenos. É como uma “memória imunológica” que vai estimular a produção de anticorpos quando nosso sistema imunológico for atacado por agentes infectantes. 

Existem diferentes tipos de tecnologia de vacinas que são capazes de defender nosso organismo quando há exposição a esses microorganismos. Vacinas que utilizam vírus mortos ou enfraquecidos, vacinas que não usam vírus inteiros, mas sim pequenas proteínas virais e, mais recentemente, imunizantes com novas tecnologias baseadas em entregar ao nosso sistema imune apenas um pedaço da informação genética viral para que o corpo aprenda a se defender de uma potencial exposição, que são as vacinas de RNA.

Huander Andreolla, professor do curso de Biomedicina da Universidade Franciscana (UFN), salienta que, ao contrário de algumas mentiras que circulam na internet, o material genético do vírus não é capaz de interagir ou alterar o código genético humano. Em janeiro, a Revista Arco publicou um mitômetro sobre as vacinas de RNA

Contudo, com as descobertas de novas variantes, será que a eficácia das vacinas ainda é a mesma? Andreolla afirma que são muitas as possibilidades dependendo da tecnologia usada em cada vacina e da variante em questão. A eficácia das vacinas para novas mutações é estudada apenas em locais onde essas variantes circulam de maneira predominante. Assim, se analisa qual é a taxa de pessoas expostas ao vírus e devidamente imunizadas que desenvolveram a doença em comparação às pessoas que não tiveram a doença. “São estudos observacionais cujas conclusões dependem da imunização e, obviamente, da exposição durante um determinado período de tempo. Esses estudos são denominados estudos de caso-controle", afirma.

O professor Andreolla salienta que remédios e vacinas passam por atualizações constantes, especialmente quando há o surgimento de novas cepas. “As pesquisas não são finalizadas quando o remédio ou a vacina estão com a bula devidamente redigida e disponível à sociedade”, afirma. Porém, ele alerta que a demora na imunização e a falta de controle da circulação do vírus são fatores que dificultam a obtenção de efetividade dos imunizantes.

O que é uma variante?

Primeiramente é preciso entender que as mutações de um vírus são um processo natural de sua biologia. Ao entrar em uma célula, o vírus se replica e dá origem a milhares de cópias. Durante esse processo, pode ocorrer uma diversidade de alterações no código genético desses novos vírus, o que representa novas mutações. Na maioria das vezes, elas não deixam o vírus mais forte ou mais transmissível, mas, em alguns casos, essas modificações apresentam vantagens evolutivas para o vírus. Desse modo, uma nova variante se distingue do vírus selvagem (original) por apresentar uma sequência genética viral diferente. O professor Huander Andreolla explica que o local onde ocorreram essas mutações no código genético do vírus são determinantes para entender se a nova variante carrega novas características de virulência, como resistência aos anticorpos ou outra estratégia de escape do sistema imunológico.

Mutação, variante, cepa e linhagem

Os quatro termos científicos estão relacionados com a evolução de um vírus:

Classificação das variantes

Existem milhares de variantes do coronavírus, mas a maioria delas não apresenta mudanças significativas no seu comportamento a ponto de ser considerada mais mortal ou transmissível. As variantes que mostram alterações em seu comportamento são classificadas em três níveis:

Conheça algumas variantes já identificadas

Quais as vacinas disponíveis até o momento?

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o momento existem 17 vacinas aprovadas, além de outras centenas que estão com estudos em andamento no mundo inteiro. Conheça algumas:

O que dizem os estudos das vacinas sobre as novas variantes?

Veredito final: É possível!

Como foi apontado no decorrer da checagem, os cientistas trabalham para atualizar as vacinas de acordo com as necessidades impostas por novas variantes virais.

Expediente

Repórter: Luís Gustavo Santos, acadêmico de Jornalismo e voluntário

Ilustradora: Renata Costa, acadêmica de Produção Editorial e bolsista

Mídia Social: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Eloíze Moraes e Martina Pozzebon, estagiárias de Jornalismo

Edição de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas