Felipe Tubino – felipe.francotubino@gmail.com Guilherme Borges – guilhermesb07@hotmail.com Joelison Freitas – joelisonfreitas@yahoo.com.br Kelem Duarte – kelemdf@gmail.com
Ao caminharmos entre os prédios 18 e 19 da UFSM é comum passarmos por alunos e professores que atuam em laboratórios. Essa é uma prática que faz parte do cotidiano dos cursos do Departamento de Química da UFSM. Porém, todo procedimento realizado em laboratório também gera resíduo, que precisa de cautela para o seu descarte por apresentar muitos riscos ao meio ambiente e à saúde. Segundo a professora especializada em Química Industrial e Ambiental, Marta Toccheto: “Resíduo é tudo aquilo que não tem mais utilidade para algum fim, conhecido popularmente como lixo. É resultado de uma ineficiência produtiva, ou seja, quando se produz mais do que irá aproveitar, é o que resta”. Justamente por ser o restante de uma experiência, o resíduo merece atenção por parte de quem o gerou, pois é preciso uma destinação adequada para cada tipo de material. Separação e coleta do resíduo Os químicos da Universidade trabalham com um conceito de resíduo que abrange a responsabilidade de seu produtor desde a sua geração até seu destino final. Embasados neste conceito, o Departamento de Química da UFSM procura sempre separar os resíduos de acordo com sua natureza e reação que causará no ambiente a ser depositado. A fim de neutralizar as ações do produto restante ao meio ambiente, o resíduo passa também por um pré-tratamento, realizado por professores responsáveis pelos laboratórios junto com seus alunos. Após esses processos, os resíduos são reunidos em um posto de coleta, localizado no Almoxarifado da Química, entre os prédios 17 e 18. Como a Universidade não dispõe de uma estação de tratamento para resíduos especiais, aqueles que são prejudiciais ao meio ambiente, todos são recolhidos por uma empresa especializada. Em 2008, a UFSM contratou a RTM, posteriormente incorporada à multinacional Stericycle, responsável pela coleta, gerenciamento e transporte dos materiais até seu destino final. Os riscos que a destinação incorreta desses resíduos causam à natureza podem ser de grandes proporções, por isso há uma regulamentação geral que direciona para onde serão depositados os materiais.Pensando nisso, a Comissão Ambiental da UFSM, formada por alunos e professores, elaborou um documento intitulado Sistema Integrado de Gestão de Resíduos. Nele, estão presentes itens que devem ser seguidos pelos laboratórios da Universidade. Políticas Ambientais Recentemente, a política de não geração de resíduos foi adotada por quem trabalha diretamente em laboratórios. Como explica o Professor José Neri Paniz, Chefe do Departamento de Química: “Procuramos com que cada vez mais o pesquisador gere menos resíduo, ou seja, reações químicas em pequena quantidade, pois antigamente se faziam experimentos com volumes absurdos. Trabalhava-se com litros, agora não, se trabalha com microlitros ou microgramas”. A partir dessa mudança de posicionamento, o professor destaca que a ciência busca obter resultado satisfatório com o mínimo possível de reagentes. A preocupação ambiental tem sido discutida há pouco tempo. O grande desafio desses profissionais é buscar a melhor forma de agregar o avanço científico sem prejudicar a natureza. Desde agosto de 2012, a UFSM conta com um engenheiro químico responsável por acompanhar e fiscalizar a destinação de resíduos, até mesmo após a coleta pela empresa responsável. Além dessa função, o engenheiro Upiragibe Nascimento afirma que uma vez por ano são realizadas visitas nessas empresas. São elaborados relatórios de atividades que posteriormente são apresentados à comissão ambiental. Dentro de suas funções também se enquadra a orientação dos professores, funcionários e alunos quanto à destinação adequada dos materiais. Durante muitos anos, práticas inadequadas foram adotadas por laboratórios na UFSM, como por exemplo, o descarte de resíduos diretamente nas pias, que iam sem tratamento prévio para as valas sépticas (compartimento enterrado no solo, onde são depositados os resíduos). O serviço de coleta feito atualmente pela empresa substituiu o antigo procedimento. No entanto, o material coletado, mesmo que seja destinado para fora do Campus, continua sob responsabilidade de quem o gerou. Para solucionar as questões que envolvem o destino correto do resíduo, é necessária a conscientização de que não é só em laboratório que há produção. Em casa também são produzidas substâncias que podem ser prejudiciais ao meio ambiente. A reutilização e redução se tornam fundamentais na alternativa de destinação de resíduos. Tipos de resíduos e seus destinos - Solventes: Parcialmente reciclados por destilação, podem ser utilizados como combustível para caldeiras e restante para destinação final pela empresa responsável. - Líquidos ácidos e bases: Misturados e neutralizados pela empresa. - Orgânicos Persistentes (sólidos): São levados para aterro sanitário e, dependendo da classificação, poderão ser incinerados. - Halogenados: Em alguns locais ocorre degradação química; em outros, o resíduo é encaminhado para a empresa.Bastidores da .txt
Depois que decidimos nossa pauta na sala de redação, saímos para a apuração da matéria. Alguns dias após a decisão do tema, começamos a juntar as informações (dados, entrevistas e fatos) e aí esbarramos em um problema: teríamos que mudar o foco da matéria. O foco de alguma ‘problemática’ em relação ao destino dos resíduos químicos da UFSM foi por água abaixo e tivemos que mudar para a questão ambiental da situação, assunto que envolvia o caminho dos resíduos, por quem era produzido e para onde era levado. O bom é que vimos que na Universidade tudo aparenta ser organizado. O Grupo Incorpore foi um belo achado na hora da apuração, pois além de ter sido lançado na semana anterior, ele fala sobre projetos de descarte desses resíduos, encaixando perfeitamente com a temática inicial da matéria. Outro fato curioso da apuração foi a entrevista que realizamos com a professora Marta Tochetto, que se emocionou ao falar sobre a reciclagem dos materiais, quando dizia que é gratificante quando uma criança recebe um brinquedo que antes era uma caixa de ovos, por exemplo, pois a criança acaba dando valor aquele simples objeto e aprende que tudo é aproveitado. Além desses dois casos anteriores, podemos citar como fatos curiosos dos bastidores a dificuldade de tirar boas fotos em ambientes escuros que os laboratórios e almoxarifados nos proporcionavam, o cheiro muito forte do almoxarifado do prédio 18, local onde ficavam depositados os resíduos, e a falta de pontualidade do caminhão de coleta, que nos proporcionou muita dor de cabeça atrás da “foto perfeita” para a matéria, a do caminhão recolhendo os resíduos, mas foi essa falta de pontualidade que não nos deixou conseguir a foto.