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Patrícia Strauss, embaixadora do Parent In Science, compartilha sua pesquisa sobre direito e maternidade.



O Programa VOLVER entrevista Patrícia Strauss Riemenschneider, egressa da Universidade Federal de Santa Maria no curso de Direito, turma de 1999. Patrícia é Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Maternidade – IBDMater, professora do Curso CEISC e da Faculdade IMED,  e doutoranda em Direito na UFRGS. A ex-aluna da UFSM se dedica aos estudos sobre a construção de um Direito da Maternidade.

VOLVER – Como foi o seu ingresso na carreira científica, quais desafios e recompensas ao trabalhar com pesquisa científica?

Professora Patrícia Strauss em sua formatura

PATRÍCIA STRAUSS - Meu ingresso na carreira científica se deu de forma atípica. Me formei em 1999, no Direito diurno da UFSM e já com a carteira da OAB, passei a atuar em um dos grandes escritórios de advocacia de Santa Maria. Contudo, queria muito ter uma experiência de vivência em outro país e, foi quando decidi sair do escritório que trabalhava, para ir morar e estudar em Londres, Inglaterra. Após seis meses de aperfeiçoamento do idioma, comecei a fazer uma pós-graduação, em “Environmental Policy” concluída em 2005. No mesmo ano retornei ao Brasil e comecei a dar aulas em vários lugares. Na docência encontrei, de fato, o que amava fazer e desde então, sou, com muito orgulho, professora.  
A minha carreira acadêmica somente se tornou realidade em 2014, quando fui aprovada na seleção do mestrado na Universidade de Caxias do Sul, RS. Era um programa ótimo, em Direito Ambiental, com incríveis professores e colegas. As aulas começaram com a minha primeira filha, Chloe, recém completando 6 meses de idade. Sendo uma mãe que trabalha e estuda e sem rede de apoio, as cadeiras do mestrado, bem como a própria dissertação não foram fáceis de ser completadas.


"Sendo uma mãe que trabalha e estuda e sem rede de apoio, as cadeiras do mestrado, bem como a própria dissertação não foram fáceis de ser completadas. "

VOLVER – Qual a sua relação com o direito e a maternidade?

PATRÍCIA STRAUSS – A maternidade fez com que eu pensasse o Direito de uma outra maneira. Longe dos pontos tradicionais de estudo, passei a me dedicar, ainda no mestrado, a pesquisar sobre as relações existentes entre Direito e maternidade. A minha dissertação teve traços da Chloe, ecofeminismo e a minha vontade de mudar o mundo para mulheres- mães. No dia 16.02.2016, já com 9 meses de gravidez da minha segunda filha defendi a minha dissertação de mestrado intitulada: Maternidade, consumo e sustentabilidade sob a ótica ecofeminista. Mia nasceu 2 dias depois.

 

VOLVER – Quais outros projetos você integra?

PATRÍCIA STRAUSS – Em 2017 passei a integrar o grupo de pesquisa, CNPq Mercosul, Direito do Consumidor e Globalização da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, liderado pela professora Dra. Dr. h. c. Claudia Lima Marques. Neste grupo, conheci pesquisadoras incríveis e, juntas, idealizamos o IBDMater – Instituto Brasileiro de Direito da Maternidade, que trata em diversos âmbitos sobre as relações entre direito e maternidade.  No ano de 2019 fui aprovada na disputada seleção do Doutorado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O meu projeto de tese, como não poderia deixaria de ser, tem como tema “A construção de um Direito da Maternidade” e, desde então a minha pesquisa é estritamente direcionada para tal ponto.

 

VOLVER –     Nos conte um pouco sobre o Parent in Science.

PATRÍCIA STRAUSS – O Parent in Science surgiu como forma de trazer um ambiente mais acolhedor para mães (e pais) na ciência. É muito importante que se leve em consideração que mães não conseguem ter a mesma produção acadêmica de pessoas que não são mães, especialmente nos primeiros anos de seus filhos. 

"As ações do Parent in Science levaram a mudanças concretas no cenário da ciência no Brasil. Uma delas, ocorrida recentemente, foi a inclusão, na plataforma Lattes do período de licença maternidade, a fim de sinalizar que aquela pesquisadora, possivelmente, terá uma redução em sua produção científica, em decorrência da maternidade."

VOLVER – Qual pesquisa desenvolve no momento, em que fase está e quais os principais resultados?

PATRÍCIA STRAUSS - No momento, estou pesquisando sobre a minha tese de doutorado, que trata sobre Direito e Maternidade. Um dos pontos de pesquisa é a violência obstétrica, que são os maus tratos que mulheres e bebês sofrem no momento de atenção ao nascimento. A violência obstétrica é uma prática corriqueira, naturalizada no Brasil e em outros tantos lugares do mundo (conforme demonstra o 74° da Assembleia Geral da ONU, ocorrida em setembro de 2019) e precisa ser reconhecida e analisada, de forma que então possa ser mitigada.

VOLVER – Sobre a sua pesquisa: Qual o impacto social e científico, envolve quais fatores e demanda quais recursos? 

PATRÍCIA STRAUSS – A minha pesquisa trabalha as interlocuções entre direito e maternidade para, a partir daí, verificar como os direitos de mulheres mães podem ser efetivados. Como é uma pesquisa de ciências sociais, não há demanda em laboratório, etc., mas uma demanda de tempo e, para quem é mãe, este é um dos recursos mais escassos.  


"A pesquisa dá legitimidade para que se possa, através de embasamento científico, demandar pelo reconhecimento dos direitos das mulheres mães."

VOLVER – Por que o conhecimento científico e o desenvolvimento da ciência são importantes para a área de conhecimento em que atua?

PATRÍCIA STRAUSS – Penso que a pesquisa dá legitimidade para que se possa, através de embasamento científico, demandar pelo reconhecimento dos direitos das mulheres mães. Além disso, com pesquisa contínua, se poderá sugerir legislações que aumentem a tutela da maternidade no direito brasileiro. 

VOLVER –  Como você se vê daqui 10 anos?

PATRÍCIA STRAUSS – Daqui a 10 anos, espero que o IBDMater tenha crescido, difundindo informações científicas e servindo de base para políticas públicas sobre direito e maternidade. Espero já ter defendido a minha tese de doutoramento e, mais importante, que como mãe, eu consiga ter passado para as minhas filhas ideias de solidariedade, empatia e respeito.  

Texto: Júlia Ferrari 

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