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Quais são os mitos e verdades sobre o uso de máscaras no combate à Covid-19?



Procuramos entender as informações sobre as máscaras de proteção facial.

 

A máscara já foi utilizada de diversas formas no decorrer dos tempos. Inicialmente em festividades e rituais religiosos e espirituais, logo depois se tornou também um símbolo de manifestações sociais na busca pelos direitos, vindo a se tornar o que é hoje: um item para a proteção. Na saúde, segundo o site NDmais, os primeiros registros do seu uso foram contra a peste negra na região da Europa e Ásia entre os séculos 14 e 18. Desde então, alguns países vêm implementando seu uso no combate à proliferação de vírus e doenças transmitidas pelas vias aéreas e nasais. Um exemplo disso é o Japão, que já usa a máscara como elemento de sua vida cotidiana há décadas – ou mesmo séculos, como cita a matéria do site News-Brasil, na qual o professor de sociologia da Universidade Shumei no Japão, Mitsutoshi Horii, disse à BBC que “quando alguém está doente, por respeito, usa a máscara para evitar infectar os outros”. 

Entretanto, há um grande número de países que começou a implantar seu uso somente agora, depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a máscara como medida de proteção contra a covid-19, no início apenas para as pessoas que trabalhavam na área da saúde e para aqueles que já estavam infectados pelo vírus, e agora, à medida que a doença foi se espalhando, seu uso se tornou popular e obrigatório. Nesses países, as pessoas estão se adaptando a esse novo hábito e algumas perguntas vêm se tornando recorrentes para a população: será que agora, depois da pandemia, a máscara se tornará um novo acessório? Como cuidar e usar a máscara? Existem riscos em seu uso? Quais os aspectos econômicos?



MITOS E VERDADES 

As máscaras cirúrgicas podem ser reutilizadas?

MITO! As máscaras cirúrgicas que são vendidas em farmácias são descartáveis, então devem ser jogadas no lixo após o uso. Para descartar a máscara, é importante retirá-la pelos elásticos e tomar cuidado para não encostá-la em outras superfícies. Depois de jogar a máscara no lixo, deve-se higienizar as mãos.

O uso da máscara aumenta o risco de infecções respiratórias?

MITO! Não há comprovação de que as máscaras possam favorecer as infecções respiratórias, desde que sejam usadas de forma adequada. É importante lembrar que, além de descartar sempre as máscaras cirúrgicas, as que são reutilizáveis devem ser higienizadas após cada uso. Também há a recomendação de trocar a máscara sempre que estiver úmida.

Respiramos dióxido de carbono por usar máscara? Nós respiramos menos oxigênio?

MITO! O uso de máscara não causa excesso de gás carbônico no sangue arterial. Esse mito cria a dúvida sobre se as máscaras seguram o dióxido de carbono que exalamos ao respirar e, assim, faz com que respiremos ele novamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, “usar máscaras médicas durante muito tempo pode ser desconfortável, mas não provoca intoxicação por dióxido de carbono nem hipóxia”. Também não há nenhuma evidência científica de que a utilização de máscaras provoque quaisquer dificuldades na obtenção de oxigênio.

As máscaras caseiras podem ser usadas pela população para se proteger da COVID-19? E as máscaras de tecido podem ser lavadas com água sanitária para garantir a desinfecção?

VERDADE! O uso de máscaras caseiras pela população para a prevenção da COVID-19 foi recomendado pelo Ministério da Saúde. Elas funcionam como uma barreira de proteção contra o vírus. Angela Aparecida da Silva, monitora de Oficinas de Artes para a Secretaria de Assistência Social e artesã em seu próprio ateliê de costura, está trabalhando na produção de máscaras de pano para venda. A ideia de fazer as máscaras começou com a confecção para a família, por ter familiares idosos e doentes. Ao divulgar as máscaras nas redes sociais do ateliê, começou a receber encomendas.

“As recomendações para a produção das máscaras são que o tamanho seja correto para o rosto, que se utilize o tecido adequado e que haja a instrução para lavar a máscara”, ela diz. A máscara de tecido deve ser lavada, e recomenda-se a lavagem com água sanitária, deixando-a de molho por cerca de 30 minutos.

As máscaras de pano não protegem?

MITO! As máscaras são importantes para impedir a propagação do vírus do usuário dela para outras pessoas com quem convivem. Seu nível de proteção é menor do que o das máscaras próprias da área de saúde, portanto ainda é importante manter o distanciamento social.

A professora e artesã Luciane Vanzin da Rocha produz máscaras de pano para proteção facial, e comenta que a ideia surgiu de uma vizinha que tinha medo da Covid-19 e encomendou uma máscara. Daí em diante, Luciane já produziu milhares de máscaras desde o começo da quarentena até agora. “Eu sigo as normas da OMS, então por dentro tem que ser um tecido branco de tricoline, 100% algodão. Tem que ser branco porque qualquer espirro ou tosse que tem alguma secreção, a pessoa pode perceber e localizar. Agora também temos a ideia de fazer três camadas. Geralmente a máscara era feita em duas camadas, mas agora, pelo risco altíssimo e pelo inverno rigoroso que se apresenta em alguns dias, aumentamos uma camada”.

As máscaras de pano podem ganhar espaço no âmbito econômico?

VERDADE! As artesãs comentam que as encomendas de máscaras crescem cada vez mais. A confecção de máscaras cresceu tanto desde o começo da pandemia, que os materiais começaram a faltar nas lojas de artesanato. Angela comenta que a maior dificuldade para a produção dos equipamentos de proteção facial foi a falta de tecidos e elásticos. Luciane também acrescenta que o preço dos materiais aumentou conforme a demanda foi crescendo, o que dificultou a obtenção do necessário para a confecção.

As máscaras caseiras podem ser usadas por profissionais da saúde?

MITO! Os profissionais da saúde devem usar máscaras específicas, como as cirúrgicas. Gustavo Dotto, do Disque COVID-19 UFSM, comenta: “Para os profissionais de saúde, é indicada a máscara N95, também chamada de PFF2, e a máscara cirúrgica de camada tripla”. As máscaras caseiras são recomendadas à população justamente para que as proteções faciais ideais para os profissionais da saúde não sofram desabastecimento.

As máscaras dificultam a leitura labial que serve como auxílio para pessoas com dificuldades auditivas ou de fala?

VERDADE! Existe a problemática das máscaras de proteção facial esconderem as expressões faciais de quem as usa. Para facilitar a inclusão de pessoas com dificuldades auditivas, é necessário que se exerça o distanciamento social para que, assim, possa acontecer a comunicação sem máscara. Ao conversar com o Disque COVID-19 UFSM, Gustavo Dotto acrescentou: “A pessoa tem que estar a dois metros de distância de quem ela está se comunicando, porque quando ela gesticula, abre e fecha a boca, emite partículas mesmo que ela não pronuncie o som. Só ao abrir e fechar a boca e do movimentar a língua, vai ter emissão de pequenas partículas de saliva. Então tem que ter distância. Acho que isso resolveria para as pessoas com problemas auditivos ou de fala”.

Existem riscos no uso da máscara?

VERDADE! Sim, os especialistas consideram que o uso das máscaras para prevenir da Covid-19 implica em assumir vários riscos. Segundo a OMS, o principal deles é que seu uso cria a falsa sensação de segurança de estar protegido, pois a pessoa com máscara pode tender a tocar o rosto com as mãos sujas, o que pode aumentar as possibilidades de infecção por SARS-CoV-2. A OMS também afirma que, se não utilizamos a máscara adequada, seu uso pode dificultar a respiração e até mesmo ferir a pele do rosto. 

Para evitar as possíveis complicações ao usar a máscara de proteção facial, o professor José Abílio Lima de Freitas, do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, compartilha algumas dicas de como utilizá-las corretamente: “É importante que a máscara tenha as dimensões corretas de acordo com a anatomia do rosto, de tal forma a cobrir totalmente a boca e o nariz, além de não forçar as orelhas durante a fixação da mesma. Também é importante que a máscara de pano tenha no mínimo duas camadas”. Ele também comenta sobre como cuidar corretamente das máscaras: “É importante ter máscaras suficientes para a troca da mesma a cada duas horas, ou em tempo menor, quando ficar úmida”. 

Gustavo Dotto, do Disque COVID-19 UFSM, acrescenta: “Você não pode tocar no seu rosto a menos que você vá lavar o seu rosto, você não pode tocar na sua máscara a menos que você vá remover a sua máscara. Se essa máscara estiver desajustada no rosto, então não serve mais, ou você vai ter que fazer algum ajuste nela para continuar usando. Não adianta uma máscara desajustada que cai quando você fala, quando você respira. Você deve usar a máscara para o convívio com outras pessoas, seja convívio social com amigos com familiares, seja convívio profissional no trabalho. Não se sinta envergonhado de estar de máscara, se outra pessoa estiver sem, estimule-a a usar”.

Há dificuldade na aceitação do uso de máscaras no Brasil? E como podemos lidar com essa problemática?

VERDADE! No Brasil, ainda podemos encontrar pessoas em seus cotidianos que não usam máscara. José Abílio lembra que devemos investir cada vez mais em campanhas de conscientização, incentivando a própria população a auxiliar na fiscalização e orientação do uso de máscaras no Brasil por, em nossa cultura, não termos o hábito de usá-las.

Gustavo Dotto também fala sobre a novidade na cultura brasileira: “É algo que temos que aprender com o povo asiático, e eu acho que a cultura asiática cada vez mais vai fazer parte da do nosso dia a dia, porque a China está se mostrando uma nova referência mundial, econômica e política. Acho que vamos acabar, assim, incorporando cada vez mais hábitos e costumes asiáticos, principalmente o chinês. A população asiática usa máscara há muito tempo já, e eles evitam muito contato físico, eles se cumprimentam sem esse contato. Se você não mantiver o distanciamento social, a propagação de doenças é muito rápida, mesmo restringindo o contato físico. Acho que vamos ter que aprender isso, integrar isso à nossa cultura para nos trazer saúde, porque o coronavírus é um exemplo de como a nossa estrutura é frágil. Uma doença pode quebrar todos os planos, toda a estrutura. No mundo todo, a pandemia quebrou os trilhos por onde o nosso organizado trem diário passava. Eu acredito que a máscara vá se incorporar às nossas rotinas”.

 

Texto: Isabela Vanzin da Rocha e Taiane Centenaro Borges

Apuração: Isabela Vanzin da Rocha, Luísa Haas e Taiane Centenaro Borges

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