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Por que a Expofred se tornou uma tradição frederiquense?



Os aspectos que marcam o evento que a mais de seis décadas mobiliza a cidade Princesa do Alto Uruguai

Texto: Gabriel Bueno, Giovana Zago, Julia Patolli E Leda Evangelista

A cada dois anos, a população de Frederico Westphalen aguarda o evento que agita a programação dos pouco mais de 30 mil habitantes da cidade conhecida como a Princesa do Alto Uruguai – título que foi dado por lei ao município. São 46 anos desde a primeira edição da feira multissetorial chamada de Expofred, mas a história por trás do evento começou em 1960, há mais de seis décadas, enraizando-se entre as tradições frederiquenses.

Acervo fotográfico do livro “Como tudo começou…” de Nelson Pigatto

O início da história

Foi no final de 1959 que o então prefeito de Frederico Westphalen, Arisoly Martelet, após ouvir as lideranças locais, criou uma comissão com o objetivo de realizar, em menos de dois anos, a 1ª Exposição Agropecuária e Industrial de Frederico Westphalen. O evento ocorreu em 1960, no armazém-silo da Cotrifred, a Cooperativa Tritícola Frederiquense. Os registros mostram seis meses de preparação para a feira, com o grupo organizador visitando municípios e mantendo contato com prefeitos, empresários e produtores da região. A dedicação gerou resultados: o sucesso foi suficiente para realizar a segunda edição já no ano seguinte.

Foram feitas cinco edições, nos anos de 1960, 1961, 1969, 1970 e 1973, da Exposição Agropecuária e Industrial de Frederico Westphalen antes de o evento receber o nome pelo qual é hoje conhecido. Foi o resultado positivo das organizações que incentivaram o prefeito Lindo Cerutti, na década de 70, a ampliar o tamanho do evento. Na época, o então nomeado secretário-executivo da exposição, Antônio Paetzold, foi a Porto Alegre em busca de encontrar uma marca. E a encontrou: Expofred.

Assim, dos dias 29 a 30 de maio de 1976, aconteceu a primeira feira com o nome Expofred no ginásio de esportes Ivanildo Gazzoni, do Clube Ipiranga. Estima-se que cerca de 30 mil pessoas visitaram o evento entre os três dias. Em 1978, a segunda edição também apresentou êxito, contando com mais de 20 mil visitantes e 79 expositores, entre firmas comerciais e industriais, em cinco dias de exposição.

Muitos dos trechos que contam a história do evento estão presentes no acervo do jornal O Alto Uruguai e no site oficial da Expofred. No entanto, grande parte da memória da feira está documentada no livro feito por Nelso Pigatto, em 2014, “Como tudo começou…”, que discorre a respeito da construção do Parque Municipal de Exposições Monsenhor Vitor Battistela e da Expofred de 1990 e 1992 da exposição. Pigatto foi presidente da comissão de implantação do parque e de ambas as edições da feira.

 

A memória de um evento em expansão

A partir de 1990, a Expofred toma maiores dimensões. A edição desse ano, realizada atipicamente no mês de setembro, marca a primeira Expofred a ser realizada no recém construído Parque Municipal, atualmente conhecido como Parque de Exposições Monsenhor Vitor Batistella, local que se tornou a casa da feira. Contando com 230 expositores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, documentos relatam que a visitação do evento foi de 60 a 90 mil pessoas

É também em 1990 a primeira vez em que se registra a emblemática escolha das soberanas, que passa a ser um grande evento no município que antecipa a feira. As representantes da Expofred, escolhidas por uma comissão julgadora, consistem em uma corte com uma rainha e duas princesas.

Soberanas da feira de 1990. Da esquerda para a direita: rainha Suzete Piton, 1ª princesa Magda Regina Buzini e 2ª princesa Vergínia da Silva Cantarelli. Fonte: Acervo fotográfico do livro “Como tudo começou…” de Nelson Pigatto

A primeira rainha da Expofred, Suzete Piton, mora atualmente em Lucas do Rio Verde, no estado do Mato Grosso. Ela morava no interior de Frederico Westphalen e tinha quinze anos quando se tornou a principal representante da corte da exposição, em 1990. “Para mim, representar a feira naquele ano foi maravilhoso. Foi feito todo um concurso, não somente de beleza, mas com várias avaliações, como de expressão, comunicação, conhecimento e inteligência, e muitas meninas estavam concorrendo “, relembra a ex-soberana.

Suzete conta que representar a feira foi um divisor de águas em sua vida. “As pessoas olhavam pra mim como a ‘coloninha’, aquela pessoa que trabalhava na roça, já que a minha família era mais humilde. Mas eu ganhei o concurso, e confesso que eu não esperava ganhar. Foi uma superação em todos os sentidos, um despertar”, explica a frederiquense, hoje com 47 anos.

É também a partir da década de 90 que começam os shows que passam a ser um grande atrativo para a feira. A moradora da cidade de Caiçara, vizinha de Frederico Westphalen, Alice Teresa Werlang, conta que tinha 17 anos quando foi à Expofred pela primeira vez, em 1992, com o intuito de assistir ao show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. “Fomos para a Expofred para assistir um dos shows. Foi a primeira vez que eu tive oportunidade de visitar um evento daquele tamanho, com artistas nacionalmente famosos, que a gente só via na televisão. Tivemos que ficar bem pro fundo, tinha muita gente. Mas foi emocionante”, conta Alice. Naquele ano, estima-se que a Expofred tenha recebido mais de 100 mil visitantes.

A edição da Expofred de 2010 marcou os 50 anos de promoção das feiras, e nela a relações públicas Greta Oliveira atuou como segunda princesa entre as soberanas do evento. “O evento impactou muito na minha vida pessoal. Aos 16 anos, em 2010, tive a oportunidade de participar da corte da feira, me desenvolvendo enquanto pessoa ao participar de um concurso de beleza. Através dessa experiência, escolhi minha profissão, que é Relações Públicas, e desenvolvi diversas habilidades que contribuem para minha carreira até hoje”, explica Greta, que, antes mesmo de participar da seleção, já frequentava a feira e tem vastas memórias dos shows e dos momentos de diversão. 

Tradição, oportunidades e encontros

O encontro de pessoas e negócios é pontuado por Greta: “A feira tornou-se uma forma de reunir e mostrar para a região tudo que temos de inovação e desenvolvimento aqui”. A edição de 2022 contou com 350 expositores e teve 93,5% de índice de aprovação do público visitante, segundo uma pesquisa realizada em parceria com o Campus da Universidade Federal de Santa Maria em Frederico Westphalen (UFSM/FW).

Atualmente, Alice Teresa, que antes participava só como visitante, atua na Expofred como feirante. Em 2022, expôs no pavilhão do setor os artesanatos em madeira que confecciona com a família. Ela comenta o quanto a participação na feira foi essencial para o seu negócio, e que está ansiosa para uma próxima edição. “Acho que sempre foi assim. Quando a feira começou a ser recorrente, a região toda começou a aguardar pelo evento, se programar, esperando que o próximo seja ainda melhor. Agora que a Expofred também é uma opção de negócio para mim, a espera pelas próximas edições é ainda mais presente”, afirma a caiçarense, que também comenta que acredita que são os momentos de integração e de lazer que fazem a tradição da feira ser cada vez mais forte.

Assim como Alice, hoje Greta participa da feira de uma maneira diferente: “Nos anos seguintes, a feira me possibilitou exercer a profissão, trabalhando na inserção de empresas da região, com ações de reconhecimento de marca, ativação de marcas, campanhas de marketing e muito mais”. Atualmente, a ex-soberana atua na empresa Tchê Turbo, uma provedora de internet que foi responsável pela organização da Arena Gamer na última edição da Expofred, e aponta que percebe a ampliação da feira em cada edição, acreditando muito no potencial do povo e dos empresários frederiquenses, que, segundo ela, estão sempre se desafiando e buscando inovação para a região.

Suzete também conta que mesmo morando em outro estado há 17 anos, continua acompanhando a Expofred, principalmente por meio da família que ainda reside em Frederico Westphalen. “A feira cresceu e evoluiu bastante, dando ainda mais credibilidade ao evento. É o momento para a sociedade prestigiar as inovações, mas também para interagir, se divertir”, comenta a primeira rainha da exposição, que se diz orgulhosa de ver sua cidade de origem crescendo, prosperando e mantendo suas tradições.

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