Porque estamos subestimando os homens. E o caso Wizard Liz.
Por: Teresa Vitória
Teresices – 3/12
Antes de tudo, aviso: esse texto pode conter alguns gatilhos. Não é pra te ferir, é pra abrir um diálogo necessário. Se algo aqui mexer contigo, procura apoio nas mulheres em que você confia. E pros homens que tão aqui: é sobre uma parte, se é maioria ou minoria… não sei, mas que existe, existe. E você pode não fazer parte dela.
Esse Teresices, no original, ia ser sobre outro tema. Afinal, meu papel aqui quase sempre é ser o alívio cômico de vocês. Mas, semana passada, fui atravessada por uma notícia que me paralisou. Fiquei uns bons minutos olhando pro celular, sem reação, em total estado de hiperfoco. Tanto que demorei mais de duas semanas pra conseguir terminar esse texto. A traição da Wizard Liz.
“Ai, Tere… sério? Mulher é traída todo dia, o que tem de tão diferente nisso?”
“O que isso tem a ver com subestimar homem?”
“E quem é essa tal de Wizard Liz que eu nunca nem ouvi falar?”
Calma, amiga. Vamos por partes.
Se você não sabe quem é a Wizard Liz e tem mais de 20, eu fico feliz por você. Sinal de que esse conteúdo não precisou te encontrar, significa que você pode ir atrás dele por vontade própria e prevenção, e não por necessidade ou estado de sobrevivência. E sim, sobrevivência é a palavra certa, porque é isso que define o que é ser mulher desde que o mundo é mundo.
Wizard Liz é uma influenciadora que faz vídeos pro nosso finado YouTube (RIP), mas você encontra vários cortes dela no TikTok. Ela tem mais de um milhão de inscritas e ajuda mulheres que passaram por alguma situação de abuso, seja ela física, sexual ou psicológica, mas ela também ajuda mulheres a sair dessa posição de vítima.
Ela vai te dizer verdades difíceis de engolir, mas acredita em mim, amiga, nessa cavala véia de 25 anos, você vai precisar engoli-las. A Liz sofreu abuso na infância, conviveu muitos anos com transtorno alimentar e outros traumas e, obviamente, depois de anos de ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO PROFISSIONAL (muito importante ressaltar isso), hoje ela senta na frente de uma câmera, da forma mais simples possível, para promover esse diálogo e esse espaço de acolhimento para mulheres do mundo todo. E, durante anos, ela foi criando uma comunidade baseada em mulheres que PRECISARAM se escolher.
Ela sentava no chão da sua sala e cuspia verdades na nossa cara dizendo: “Olha tudo o que você passou, olha o que você é! Esse homem jamais aguentaria o que você aguentou”.
E era inevitável pensar: “O homem que tivesse essa mulher teria que ter culhão”.
E foi exatamente assim. Ela encontrou um. Um homem que calculou direitinho como ter ela. Estudou, mapeou cada passo e conseguiu. Eles ficaram noivos. E ele virou “o namorado da Wizard Liz”. Parece inofensivo? Pois é… mas, pra homem de ego frágil, estar nessa posição é um gatilho absurdo. Porque aí começa a surgir dentro dele uma necessidade de provar (nem que seja só pra ele mesmo) quem tá no controle da relação.
E aí, numa quinta qualquer, Liz solta um texto dizendo que estava grávida. Só ele sabia. E que, aos quatro meses de gestação (justo quando ela não podia mais abortar), foi traída.
E não, não é só sobre traição. É sobre padrão.
Eles não só pensam. Eles calculam.
O ex da Liz (porque aqui ele vai ser sempre só o ex da Liz) simplesmente fez o famoso baby trap. Engravidou ela e, no momento em que ela não tinha mais como voltar atrás, jogou a traição na cara dela. Uma forma cruel e baixa de tentar manter uma mulher ligada a ele para sempre, mesmo que ela termine.
E sim, esse pensamento tá dentro de uma parte dos homens. O raciocínio é mais ou menos esse: “Eu nunca vou ser suficiente pra essa mulher.” E, em vez de crescer, melhorar… o que eles fazem? Destroem. E não precisa nem ser uma humilhação pública. Muitas vezes, é só pra eles. Pro ego deles, Pros amigos deles. Pro travesseiro deles. E depois ainda fazem parecer que foi um deslize. Um erro de passe, como no futebol.
E é aí que a gente olha e pensa: “Se foi assim com Beyoncé, com Iza, com Gisele Bündchen, com Kylie Jenner… quem sou eu na fila do pão?”
Ninguém tá salva da insegurança masculina. E o mais doido? Muitas vezes, eles nem percebem que estão competindo com a própria mulher. Porque, no fundo, nem querem admitir que o que eles sentem é inveja.
Agora vou usar um exemplo real, a minha melhor amiga, Isabela, por quase 10 anos (e sim, ela autorizou me deixar expor, kk). A Isa sempre foi meu exemplo de mulher. Firme, livre, que nunca deitou pra homem nenhum. E eu pensava: “O homem que conquistar a Isa vai ter que ser MUITO homem”.
E rolou. Ela se apaixonou. E, de verdade, o relacionamento era aquele tipo que eu olhava e pensava: “Tá vendo? Amor bonito existe, sim”. Até que, também numa quinta qualquer, ela me busca em casa e, sentadas num restaurante de uma das avenidas mais movimentadas de Limeira (alô, terra da laranja!), ela me conta. Chorando. Que foi traída.
E eu chorei junto. Porque traição não é só a quebra do que você tem com o outro. É a quebra do que você tem com você mesma. E, mesmo que depois venha alguém incrível, que te ame do jeito certo, no fundo, no silêncio da noite, quando você estiver deitada no peito do homem que te protege, ao invés de te ferir, vai ter aquela voz chata sussurrando: “E se ele fizer igual ao outro?” “Por que naquela vez eu não fui suficiente?” “Não fui boa o bastante. Não fui magra o bastante. Não fui incrível o bastante”.
E, amiga, deixa eu te dizer a real: tu sempre foi suficiente. Sempre. O problema é que ele sabia que nunca seria suficiente pra você. E tem uma frase que eu repito como um mantra pra mim e pras minhas amigas quase todos os dias: “Esse homem te odeia, minha filha”.
Mas, numa situação dessa, nem é ódio. É inveja. De você, da sua luz, do jeito que você se mostra pro mundo! E aí faz sentido o motivo de tantas mulheres se apagarem em relacionamentos, porque o centro do mundo tem que ser ele. Não se anule por ninguém.
Às vezes, esses textos são lembretes pra mim também, viu?
Pra finalizar, com final feliz esse texto que não foi nada fácil de escrever: hoje, a Isabela tá feliz como nunca, plena, linda, vivendo sua melhor fase. E, logo mais, estaremos nós duas em Ibiza, curtindo a vida, sendo livres e brilhando (espero não me apaixonar até lá, porque eu gosto de sassaricar, vocês sabem, divas).
Mas o ex dela? Vai ser sempre só isso: o ex dela.
O da Liz? Também.
Homens pequenos, que nem nome merecem.
Já você tem nome, sobrenome, história, luz e potência.
E nenhum ego masculino (por maior que seja) é capaz de te esconder ou te apagar.
Com carinho,
Beijinhos da Tere.
(deixei um meme pro final pq senti que pesei o clima)