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Neurociência e Arte

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A Ação Neurociência e Arte está integrada ao Festival de Arte, Ciência e Tecnologia em sua terceira edição, neste ano os artistas convidados que participaram da mostra são: Carlos Donaduzzi, Fernando Codevilla – Fernando Krum – Rafael Berlezi, Fernando Velasquez, Mariela Yegueri, Raquel Zuanon, Raul Dotto, Rosangella Leote e Tânia Fraga.

O Festival acontece de 31 de Agosto a 02 de Setembro de 2016, na Sala Cláudio Carriconde, Cento de Artes e Letras, CAL – Prédio 40, UFSM.

FACTORS 3.0 – Neurociência e Arte: percepção como experiência sensível

A concepção de neurociência direciona o argumento curatorial desta exposição aoarticular projetos participativos, interativos, vídeos e performances no entrecruzamento da arte, ciência e tecnologia. De um modo geral, a arte contemporânea concentra suas forças em desconstruir as experiências perceptivas e sensoriais pré-estabelecidas, e de um modo particular, a apropriação de novos dispositivos tecnológicos torna os modos de sentir a arte, extremamente fluídos. A neurociência se abre para um universo de complexidade, onde o corpo humano é capaz de administrar nossa percepção da realidade, construindo uma relação inédita com o espaço e o tempo maquínicos. A contemporaneidade abre-se, portanto, como um campo para pesquisa da expansão das percepções, dos limites das atividades cerebrais, das concepções do espaço e tempo que são rompidas frente às novas atividades sinestésicas propiciadas pelas tecnologias. O que é a realidade percebida? Qual o limite da espacialidade vivenciada? Como é sentida a temporalidade? Os muitos nós que alimentam as redes e conexões que habitamos, criam uma inconstância e uma intangibilidade que propiciam uma experiência contínua entre as interfaces digitais e o corpo humano.  Para o Factors 3.0 foram selecionados artistas, cujos trabalhos dialogam de modo abrangente com o tema do 11º Simpósio Arte Contemporânea: “Neurociência e Arte”, e de modo específico com a percepção como uma experiência sensível. Fernando Velázquez, com a performance audiovisual desenvolvida a partir de algoritmos generativos e redes neurais, Mindscapes (2011), explora a memória e os modos de percepção por meio de paisagens relacionadas à atividade cerebral, seus processos e fluxos. Maria Manuela, em The Assessment (2016) aborda a memória e a falta dela em pacientes com a doença de Alzheimer, através de experiências contínuas entre o fora e o dentro do corpo, entre diferentes subjetividades e seu contexto. Percepções diferenciadas são exploradas nos jardins propostos por duas artistas: em Jardim De Epicuro_2 (2014), Tania Fraga permite ao público experimentar e alterar, de acordo com sua atividade neural e seus estados emocionais, o ambiente em que está imerso, trazendo reflexões sobre uma natureza que se extingue; em No fundo de tudo há um jardim (2012-2016), Mariela Yeregui chama atenção para jardins que surgem em lugares não propícios, jardins intimistas que podem ampliar limites ao demarcar novos espaços e territórios, conquistando também, o espaço de outros indivíduos. Em Compressão (2016), Fernando Codevilla, em conjunto com Fernando Krum e Rafael Berlezi, intensifica a ideia de um espaço transformado em uma ação temporal, através de uma paisagem urbana que é modificada de acordo com sinais sonoros produzidos durante a execução de uma performance audiovisual. Ao refletir sobre diferentes percepções e experiências propiciadas por dispositivos tecnológicos, dois artistas tratam da passividade e/ou interferência do público em relação a sua ação. Na obra Não pare de assistir (2016), uma série de fotografias em loop de Carlos Donaduzzi, o artista busca ampliar a sensação do estado de inércia em que se situa o espectador comum, diante de um aparelho televisivo, e como esse se subordina a um aparelho eletrônico. No trabalho EmMeio (2016), Raul Dotto investiga o movimento de situar-se justamente entre dois distintos modos de ação: entre ser um participante envolvido com outros espectadores, ou apenas um observador passivo. Na aproximação com a robótica, Rosangella Leote e Daniel Seda contrariam as expectativas de funcionamento de uma tecnologia em Inutilidade Mecânica (2016), ao colocare um semiautômato como subordinado à aproximação de outros objetos ou pessoas, que interferem em seus movimentos. De modo distinto, em NeuroBodyGame (2010), a artista Rachel Zuanon propicia através de uma instalação interativa, que games e um computador vestível possam reagir à atividade cerebral do usuário no momento em que ele interage. Nesta terceira edição do FACTORS, espera-se proporcionar ao público uma interação com trabalhos artísticos que deslocam a percepção e a sensibilidade do homem em seu entorno mais imediato.

Curadoria: Nara Cristina Santos, Andrea Capssa, Giovanna Cassimiro, Manoela Vares.

 Imagens | Carlos Donaduzzi