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Apresentação

Partindo da compreensão de que a desigualdade se constitui no principal problema enfrentado pela sociedade brasileira, o Observatório da Desigualdade busca articular a investigação sociológica das dimensões materiais e simbólicas deste fenômeno crônico com o ensino e a extensão universitária. Conforme estudo sobre a desigualdade de renda realizado pela OXFAM¹ a partir de dados da Receita Federal de 2013, 0,36% da população brasileira (algo em torno de 726.725 indivíduos) detém um patrimônio, irrisoriamente tributado, que equivale a 45,54% do Produto Interno Bruto do país. Segundo Neri (2022), na base da pirâmide social derivada do vértice ocupado por menos de 1% da população brasileira em 2021, a renda domiciliar de 62,9 milhões de pessoas não alcança a soma de 500,00 reais². Corroborando os dados que revelam a iniqua estratificação social do país, relatório recente do World Inequality Lab³ revela que metade da população do Brasil detém menos de 1% da riqueza do país compreendida como ativos financeiros e não financeiros, tais como propriedades imobiliárias enquanto que os 10% mais ricos detém aproximadamente 80% do patrimônio privado existente. No Brasil, a desigualdade assume ainda contornos geográficos desvelando profundas desigualdades regionais entre as regiões setentrionais e meridionais do país. Não obstante, a desigualdade no Brasil, como não é difícil perceber, não se limita a sua dimensão econômica, mas é exponenciada à enésima potência quando passamos a contemplar suas dimensões simbólicas que, no entanto, não são puramente simbólicas, mas incorporam também, em graus variáveis, dimensões materiais quando tematizamos sua indexação pelas categorias de gênero e raça. Quando as categorias de gênero e raça são incluídas na análise da conformação da estrutura da desigualdade no país nos deparamos com oportunidades desiguais nos mercados de trabalho relativamente à inclusão das mulheres e da população negra. A mesma sub-representação ocorre em relação às oportunidades de participação política no que se refere a composição das instâncias de deliberação legislativa, bem como nos órgãos e instituições que conformam as estruturas do poder estatal. Todavia, mesmo gritante, a desigualdade tende a assumir uma feição naturalizada que elide da percepção da grande maioria da população a compreensão das lógicas sociais que presidem sua contínua produção e reprodução. Com efeito, a naturalização da desigualdade pode ser objeto de narrativas de cunho ideológico que acabam por justificar sua prevalência muitas vezes sob o beneplácito do discurso da meritocracia. Nesse sentido, o sítio do Observatório da Desigualdade, contempla a face extensionista do programa de pesquisa, ensino e extensão, qual seja: ao destinar-se aos públicos externos à comunidade acadêmica, divulga dados, informações e análises sobre o fenômeno em tela procurando evidenciar e desnaturalizar as lógicas sociais que concorrem para a produção e reprodução desigualdade em suas múltiplas formas.


¹ Conforme o estudo da OXFAM/INESC coordenado por Evilásio Salvador intitulado “Perfil da desigualdade e da injustiça
tributária”; disponível na seguinte url: https://www.ceapetce.org.br/uploads/documentos/587e0c439bbf33.59808206.pdf
² NERI, M. Mapa da nova pobreza. Rio de Janeiro: Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, 2022.
³ Os relatórios World Inequality Lab (Grupo de Pesquisa coordenado por Thomas Piketty vinculado à École d’Économie de Paris)
sobre a evolução da desigualdade no mundo; podem ser acessados através da seguinte url: https://wir2022.wid.world/download/