A promulgação da Emenda Constitucional nº 132/2023, que institui a nova Reforma Tributária brasileira, marca uma das maiores transformações no sistema de tributos sobre o consumo, buscando simplificação, transparência e justiça fiscal. Diante da relevância do tema para a formação contábil, a pesquisa, teve como objetivo analisar as percepções sobre a reforma, considerando o nível de familiaridade, impacto percebido, satisfação acadêmica e expectativas quanto às mudanças trazidas pela nova legislação. Com base em um instrumento adaptado do Thomson Reuters Institute (2024), o estudo buscou compreender como os futuros profissionais da contabilidade avaliam e se preparam para atuar nesse novo cenário tributário, destacando a importância de fortalecer a formação acadêmica frente aos desafios e oportunidades que a reforma apresenta.
A pesquisa contou com a participação de 177 estudantes do curso de Ciências Contábeis da UFSM, abrangendo alunos do 1º ao 10º semestre. A maior adesão ocorreu no 1º semestre (14,69%), e a menor no 10º (3,39%), o que reflete o afastamento natural dos concluintes das atividades presenciais devido ao TCC. A maioria dos respondentes estuda no turno noturno (58,19%) e 69% possuem vínculo empregatício, sendo que 49,17% atuam diretamente na área contábil. Predomina o gênero feminino (51,98%) e a faixa etária ficou entre 18 e 29 anos (76,27%).
Quando questionados sobre o nível de familiaridade com a nova Reforma Tributária (EC nº 132/2023), a maioria dos estudantes se classificou em nível incipiente (46,89%) ou novato (30,51%), evidenciando baixo domínio sobre o tema. Apenas 2,82% declararam ter conhecimento avançado, e nenhum se considerou “líder” no assunto.
A análise fatorial exploratória confirmou a validade da escala utilizada para mensurar a percepção acadêmica sobre a reforma. Após ajustes, foram definidos sete fatores principais, com consistência interna satisfatória:
- Impacto da Reforma Tributária (IR) – os estudantes reconhecem que as mudanças propostas trarão forte impacto nas rotinas fiscais e contábeis, com médias acima de 4,1, indicando ampla concordância sobre a relevância das alterações.
- Expectativas de Investimento (INV) – médias altas (entre 4,14 e 4,48), mostraram que os discentes acreditam ser necessário investir em capacitação, tecnologia e consultoria especializada.
- Mudanças Positivas Esperadas (MP) – médias em torno de 3,0, revelando otimismo moderado quanto à simplificação tributária e maior transparência, mas ceticismo sobre a redução efetiva da carga fiscal.
- Satisfação com a Preparação Acadêmica (SAT) – médias mais baixas (2,4 a 3,4), indicando percepção de insuficiência na abordagem da Reforma Tributária no curso.
- Mudanças Negativas Esperadas (MN) – médias elevadas (3,65 a 4,24), o que aponta preocupação com custos, incertezas e aumento da complexidade durante a transição.
- Expectativas sobre os Sistemas de Informação (SI) – médias em torno de 3,4, o que evidencia confiança moderada na tecnologia como ferramenta de adaptação e controle.
- Familiaridade (FAM) – médias mais baixas (2,34 e 2,55), confirmando baixo acompanhamento e conhecimento prático sobre a reforma.
A modelagem de equações estruturais evidenciou que a familiaridade com o tema influencia positivamente a percepção de impacto e satisfação acadêmica, mostrando que maior envolvimento e informação resultam em melhor compreensão e preparo dos estudantes para lidar com as mudanças tributárias.
De forma geral, o perfil do público respondente revela um grupo jovem, majoritariamente feminino, com experiência profissional e interesse na área contábil, porém ainda em fase inicial de compreensão da Reforma Tributária. Os resultados indicam que os estudantes reconhecem a importância e o impacto da reforma, mas sentem necessidade de maior preparo acadêmico e de capacitação prática para compreender e aplicar as novas regras.
Esses achados revelam a necessidade de aprofundar a integração entre teoria e prática, bem como de incluir conteúdos atualizados sobre a Reforma Tributária na formação dos futuros contadores, de modo a preparar profissionais mais conscientes e aptos a enfrentar os desafios da nova realidade fiscal do país.
